DIA INTERNACIONAL DA MULHER: MANIFESTANTES OCUPAM CASA DA MULHER BRASILEIRA EM FORTALEZA
"Esse dia nunca foi de comemoração", diz Isabel Carneiro, uma das organizadoras da manifestação.
Mulheres de diversos movimentos sociais e partidos políticos ocuparam,
na manhã desta quinta-feira, 8, a Casa da Mulher Brasileira, no bairro
Couto Fernandes. A construção do prédio foi iniciada em 2016 com o
objetivo de o local ser uma base para o atendimento de mulheres em
situação de violência, com delegacia, serviços sociais, casa de
passagem, entre outros. Porém, não há prazo para a inauguração. O grupo
reivindica a entrega desse equipamento. Cerca de 500 pessoas estavam na
manifestação que começou na praça do terminal de ônibus Lagoa, e que
culminou na ocupação do prédio.
“O sentimento é de indignação de
todas essas mulheres. Temos esse equipamento de boa qualidade, mas que
está fechado”, afirma Raylka Franklin, do Fórum Cearense de Mulheres.
Ela conta que as manifestantes estão se preparando para realizar uma
assembleia que decidirá o andamento da ocupação do prédio. Intervenções
artísticas também serão realizadas no local. Para Isabel Carneiro,
também do Fórum, o desmonte de políticas públicas prejudica o controle
da violência contra mulheres. Ela denuncia que a única delegacia
especializada em combater este tipo de crime de Fortaleza está sem sede
própria, que deveria ser na Casa da Mulher Brasileira.
“O que
sabemos é que o prédio não é entregue por burocracias entre o Governo
Federal e Estadual. Nesse vai e vem, quem perde somos nós”, afirma
Isabel. No meio da manifestação, um grupo de adolescentes vestidas de
preto carregavam cruzes com os nomes das 52 mulheres mortas em janeiro
de 2018. O protesto contra o feminicídio foi articulado pelo Centro
Social Betesda, em conjunto com outros movimentos. De acordo com a
diretora do centro, Geracina Viana, o feminismo é um assunto sempre
discutido com as crianças e adolescentes que passam pelo local. Já na
Casa da Mulher Brasileira, as cruzes foram fincadas no jardim da
entrada.
Professoras, estudantes, mulheres do Movimento dos
Trabalhadores Sem Teto (MTST), entre outras articulações de ativistas
também marcaram presença na manifestação do Dia Internacional da Mulher.
Em conjunto com a pauta principal do feminicídio, mulheres negras e
lésbicas também incitaram a discussão sobre suas questões. Louise
Santana, ex-candidata a vereadora e estudante de direito, ressalta que o
movimento é plural. Apesar da pauta da violência afetar a todas, o
movimento tem diversas outras demandas, como o combate à lesbofobia, ao
racismo e à opressão de classes. “Temos que perceber que a violência é
institucional e percorre todos os âmbitos e pessoas”.
Manifestantes ocupam Casa da Mulher Brasileira
Disponível em: https://www.opovo.com.br/noticias/fortaleza/2018/03/manifestantes-ocupam-casa-da-mulher-brasileira-em-fortaleza.html
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