A declaração ocorreu durante entrevista exclusiva ao Congresso em Foco
O pré-candidato do Psol à Presidência, Guilherme Boulos, disparou contra o pré-candidato do PSL, o deputado Jair Bolsonaro (RJ). Em entrevista exclusiva ao Congresso em Foco,
transmitida ao vivo pelo Twitter, Boulos chamou Bolsonaro de “bandido”,
“criminoso” e “farsante”. Disse, ainda, que se a justiça fosse feita no
Brasil, o parlamentar não seria candidato ao Planalto, mas estaria
preso.
“Primeiro temos de caracterizar quem é Jair Bolsonaro. Jair Bolsonaro
é um bandido, um criminoso. Não trato Jair Bolsonaro como um
concorrente, que vamos ali fazer a disputa eleitoral. É um bandido,
representa a barbárie. Comete crimes de fato”, declarou.
O líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) citou a
condenação de Bolsonaro por apologia ao estupro, no Superior Tribunal de
Justiça (STJ), por ofensas à deputada Maria do Rosário (PT-RS) e por
danos morais por causa de declarações contra quilombolas. O Congresso em Foco procurou
o deputado para comentar as declarações de Boulos, mas ele não retornou
o contato até o momento. Segundo sua assessoria, ele leu a entrevista,
mas avalia se responderá ou não.
"Bolsonaro é uma farsa e um bandido", diz Boulos em entrevista ao Congresso em Foco
https://www.youtube.com/watch?v=vHDZfJC0D2A
Boulos também contestou o discurso do pré-candidato do PSL de que não
faz parte da política tradicional. “Ainda vende o peixe de que é uma
coisa nova, de que está contra toda essa política que está aí. O cara é
deputado há 30 anos, boa parte deles no partido de Paulo Maluf (PP), já
passou por nove partidos”, criticou.
Para ele, Bolsonaro tem de ser tratado como é. “Bolsonaro é uma farsa
e é um bandido. É assim que ele tem de ser tratado. É assim que ele
merece ser enfrentado no processo político. Ele representa um projeto de
barbárie contra a civilização, barbárie contra a democracia. É preciso
demarcar isso muito claramente quando se tratar do Bolsonaro.”
Boulos atribui os elevados índices de intenção de voto obtidos pelo
deputado nas pesquisas ao momento de desesperança e descrédito nas
instituições que o país vive.
“É muito compreensível que as pessoas estejam descrentes,
desiludidas, de fato há um problema de representatividade. Essa forma de
fazer política não representa as maiorias. Representa o 1% [da
população]. O problema é que isso está levando a uma falta de
perspectiva de futuro. Aí que o Bolsonaro entra com discurso de que vai
botar ordem na casa, vai acabar com a bandalheira. Num momento de
fragilidade da sociedade esse discurso tem apelo”, avaliou. “Bolsonaro é
um farsante, vende um peixe podre. Além de ser um cara criminoso que,
se justiça fosse feita no Brasil, não era candidato a presidente. Ele
estava preso”, acrescentou.
Boulos também classificou como uma “injustiça” a condenação do
ex-presidente Lula pela Justiça Federal e disse que está disposto a ir
às ruas, caso o petista seja preso, para protestar. Segundo ele, o
julgamento do ex-presidente, em tempo recorde, teve o claro objetivo de
tirá-lo da disputa eleitoral.
Venezuela
Em outro trecho da entrevista, Boulos esboçou sua posição em relação à
política externa. Afirmou que, se eleito, vai defender o pleno
reconhecimento da Palestina, mas se esquivou sobre um eventual
rompimento com Israel. Assunto, segundo ele, para ser discutido
posteriormente. O líder do MTST também rebateu o argumento de que a
Venezuela vive um regime exceção. Boulos afirmou que não cabe ao Brasil
interferir nos assuntos internos do país vizinho e sugeriu que os
venezuelanos vivem hoje em um regime mais democrático do que o
brasileiro por terem um presidente eleito em seu comando.
“Não estou legitimando nada. Mas, ao menos, Maduro foi eleito. O
presidente do Brasil não foi eleito pelo voto popular. Não podemos
discutir quintal alheio sem olhar o nosso quintal. A Venezuela tem
problemas graves, que têm a ver com o tema do petróleo”, declarou.
Impeachment ou golpe?
Nesta parte da entrevista, o líder do MTST explica qual é o seu
posicionamento ideológico e defende a tese de que o impeachment foi um
golpe parlamentar. “Hoje defender a Constituição virou coisa de quem é
de esquerda. A Constituição está sendo dilapidada por um governo
ilegítimo e um Congresso em sua grande maioria sob suspeita e
desmoralizado.”
Boulos se equivocou ao dizer que o ex-presidente Fernando Collor não
sofreu impeachment e deixou a Presidência porque renunciou ao mandato.
Segundo ele, apenas a Câmara aprovou o impedimento de Collor. O
ex-presidente, de fato, renunciou. Mas o seu processo foi concluído pelo
Senado. Para o pré-candidato, Dilma não cometeu crime de
responsabilidade, ao contrário de Collor.
Veja o trecho em vídeo:
Pré-candidato aponta prioridades de um eventual governo Boulos
https://www.youtube.com/watch?v=9jepFWJDiBc
Derrubada da reforma trabalhista
Nesta parte da entrevista, o pré-candidato do Psol conta que as
prioridades de seu eventual mandato está a realização de um referendo
para consultar a população sobre as principais medidas tomadas pelo
governo Temer, como as reformas trabalhista e do ensino médio e a
fixação de um teto constitucional para as despesas públicas.
Ele falou sobre suas propostas para a educação e por que, mesmo
nascido em uma família de classe média, filho de médicos professores da
Universidade de São Paulo (USP), aderiu ao Movimento dos Trabalhadores
Sem Teto (MTST).
Veja o trecho em vídeo:
Militância política, educação e prioridades do mandato, segundo Boulos
https://www.youtube.com/watch?v=jOYhKHNGtq0
Diferenças com o PT
Embora tenha defendido Dilma e Lula, Boulos ressaltou que o seu
partido, o Psol, tem grandes diferenças com o PT. Ele criticou as
gestões petistas por terem feito alianças com o MDB e outras siglas
conservadoras e não ter enfrentado injustiças tributárias e a reforma
política.
“Queremos colocar pela primeira vez, na Nova República, o PMDB na
oposição. Vamos romper com esse sistema político falido. O PT não fez
isso. São diferenças importantes”, citou.
Ele também criticou movimentos de reaproximação entre lideranças
petistas, como já sugeriu o próprio ex-presidente Lula, e emedebistas.
“São imites que foram colocados pelo governo do PT que nós entendemos
que precisam ser superados. Aprender com lições do golpe que sofremos.
Depois do golpe, voltar e fazer aliança com gente como Eunício, Renan,
Jader Barbalho, é não ter aprendido com essa lição.” Boulos ainda
reconheceu dificuldade de unir a esquerda no país. Mas defendeu que as
diferenças partidárias desse campo sejam respeitadas: “Unidade não quer
dizer atropelar as diferenças”.
Defesa de Lula
Neste trecho da entrevista, Boulos chama de “escárnio” a condenação
de Lula e se diz disposto a sair às ruas em defesa da liberdade e do
direito de o ex-presidente se candidatar. Segundo ele, não há casuísmo
em uma eventual revisão da possibilidade de prisão após condenação em
segunda instância. “Casuísmo é condenar alguém para retirá-lo do
processo eleitoral sem nenhuma prova. Quem fez isso foi o tribunal de
Curitiba e o TRF-4. O TRF-4 acelerou todos os ritos. O julgamento do
Lula foi o mais rápido de todos da Lava Jato.”
Boulos ainda criticou o que chamou de seletividade da Justiça. Para
ele, não é a Lava Jato que vai reduzir a corrupção no país. “Não é
operação policial que vai resolver problemas de corrupção no Brasil. (…)
A maior forma de enfrentar a corrupção é uma reforma política profunda,
que acabe com a promiscuidade do interesse econômico e do interesse
político.
Veja o trecho em vídeo:
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