No dia 1º de janeiro entrou em vigor na Islândia uma lei que torna
ilegal pagar salários menores para as mulheres. A Islândia é o primeiro
lugar do mundo a ter uma lei assim. A medida atende a reivindicações
históricas das mulheres deste país.
Islandesas fazem paralisação reivindicando igualdade salarial, em 2016
Em um mundo onde as mulheres ganham cerca de 30% a menos do que os
homens, e no caso das mulheres negras essa diferença chega a 60% em
relação a um homem branco, a Islândia foi o primeiro país a tornar
ilegal o pagamento de salários menores às mulheres.
A lei foi anunciada em março de 2017 pelo ministro da Igualdade e
Assuntos Sociais, Thorsteinn Viglundsson e entrou em vigor em 1º de
janeiro deste ano. Segundo o ministro, é necessário tomar medidas para
que homens e mulheres desfrutem de igualdade de oportunidades.
A perspectiva do governo é até 2022 erradicar as disparidades
salariais entre homens e mulheres. Essa medida será aplicada tanto em
órgãos públicos quando em empresas privadas com mais de 25 funcionários.
Será fiscalizada por meio de uma certificação especial do governo que
atesta que ali existem políticas de igualdade salarial. O
estabelecimento que não tiver a certificação vai levar multa, o que
demonstra como a mudança nas leis não garante que a realidade, de fato,
será mudada. Se para uma empresa for mais vantajoso financeiramente
pagar as multas do que pagar salários iguais, é grande a possibilidade
da desigualdade se manter.
A Islândia historicamente foi palco de grandes lutas das mulheres. Em
1975 uma forte greve geral de mulheres mudou a maneira como a parcela
feminina da população era vista. Cerca de 90% das mulheres aderiram ao
movimento naquele dia 24 de outubro, abrindo caminho para a conquista de
uma série de direitos. Essa greve é um marco na história da Islândia,
considerado hoje em dia "o melhor país do mundo para ser mulher" devido
às políticas de igualdade de gênero.
Em 2016 mais uma vez as mulheres abandonaram seus postos de trabalho
para lutar. Dessa vez a reivindicação foi especificamente a igualdade
salarial, e milhares de islandesas saíram do trabalho às 14h pois as
mulheres recebiam cerca de 14% a menos do que os homens no país. A
aprovação desta lei, no ano passado, está seguramente ligada a este
movimento e à força das lutas das mulheres neste país.
Porém, enquanto lá se aprova uma lei destas, no mundo inteiro
mulheres são superexploradas, são 70% da população pobre e miserável do
mundo, ocupam os piores e mais mal pagos postos de trabalho e morrem
todos os dias por feminícios e abortos clandestinos. Quer dizer, essa
medida é, sem dúvida, uma conquista da luta das mulheres, mas não muda
um panorama mundial de absurdo machismo, em que a situação continua
sendo urgente. O sistema capitalista segue demonstrando que, salvo em
casos isolados, reserva somente miséria, exploração e opressão às
mulheres. Por isso cada avanço das mulheres em cada lugar do mundo deve
servir como ponto de apoio para lutar contra o machismo no mundo
inteiro, e pela transformação de toda a sociedade, derrubando este
sistema capitalista baseado em desigualdade, opressão e exploração.
Disponível em: http://www.esquerdadiario.com.br/Islandia-torna-ilegal-pagar-salarios-menores-para-mulheres
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