Em artigo publicado nesta quarta-feira (13), no site do jornal Folha de São Paulo, o presidente nacional do PSOL eleito no 6º Congresso Nacional, Juliano Medeiros,
aponta os desafios que o partido deve enfrentar no próximo período, no
processo de reorganização da esquerda brasileira. Intitulado “Com os pés
no chão e sem medo de lutar”, o texto dá um recado preciso para a
sociedade brasileira e também para a militância do partido: “Estamos
prontos para assumir a responsabilidade de colaborar com o processo de
reorganização da esquerda brasileira”.
Medeiros, que atualmente preside a Fundação Lauro Campos e é
coordenador político da bancada do PSOL na Câmara, faz um histórico do
que marcou o cenário político no último ano, com destaque para as
políticas de ajuste fiscal do governo de Michel Temer, que tem ameaçado,
diuturnamente, os direitos da população brasileira.
“O ano de 2017 está chegando ao fim. Foi um ano marcado por
retrocessos, como a implementação da Emenda Constitucional 95, que
congela os investimentos públicos por 20 anos, a reforma trabalhista,
que retira conquistas históricas dos trabalhadores e trabalhadoras, a
mudança no regime de exploração do pré-sal —da partilha para a
concessão— e a retomada das privatizações em massa”.
Em relação à participação do partido nas eleições de 2018, o novo
presidente ressalta que o PSOL seguirá apostando na construção de uma
ampla frente social contra os ataques de Temer e seu governo. “Essa
frente, porém, não deve ser confundida com uma frente eleitoral: nas
eleições do próximo ano o PSOL apresentará candidatura própria à
Presidência da República. Acreditamos que nosso partido pode oferecer um
nome que represente não só a resistência aos ataques promovidos por
Temer, mas uma ampliação para além das fileiras partidárias, expressando
o acúmulo das lutas dos movimentos sociais combativos, da Frente Povo
Sem Medo e dos embates no parlamento”.
Com os pés no chão e sem medo de lutar
Juliano Medeiros
O ano de 2017 está chegando ao fim. Foi um ano marcado por
retrocessos, como a implementação da Emenda Constitucional 95, que
congela os investimentos públicos por 20 anos, a reforma trabalhista,
que retira conquistas históricas dos trabalhadores e trabalhadoras, a
mudança no regime de exploração do pré-sal —da partilha para a
concessão— e a retomada das privatizações em massa.
Foi, também, o ano da grande infâmia: por duas vezes seguidas, a
maioria fisiológica da Câmara dos Deputados salvou um presidente
ilegítimo das acusações de corrupção apresentadas pela
Procuradoria-Geral da República.
Mas este também foi um ano de resistências. Em 2017, os movimentos
sociais, sindicatos e partidos de esquerda promoveram a maior greve
geral da história do Brasil. Também derrotamos o decreto presidencial
9159, que extinguia a Reserva Nacional do Cobre, no Amapá.
A pressão popular ainda obrigou o governo a inúmeros recuos na
tentativa de aprovar sua reforma da Previdência, impedindo até agora a
retirada de direitos dos aposentados.
O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) esteve em todas as lutas dos
trabalhadores e trabalhadoras, da juventude, das mulheres, dos negros e
negras, indígenas, quilombolas e da comunidade LGBT.
Apostamos no entendimento entre as forças do campo popular para
enfrentar os ataques promovidos por Temer, especialmente através da
articulação entre as frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular.
Evidentemente, a unidade viveu altos e baixos, como ilustra a tentativa
de cancelamento, por parte das maiores centrais sindicais do país, da
greve nacional convocada para o último dia 5 de dezembro.
Diante desse cenário, o ano de 2018 aponta inúmeros desafios para as
forças de esquerda. Enquanto o desemprego atinge quase 13 milhões de
trabalhadores e trabalhadoras, o crescimento econômico no último
trimestre não supera míseros 0,1%.
A proporção dívida/PIB alcança alarmantes 76%, enquanto a proposta
orçamentária do governo Temer prevê uma redução de 82% nos investimentos
públicos, pressionando especialmente as despesas obrigatórias em saúde e
educação.
Por tudo isso, em 2018 o PSOL seguirá apostando na construção de uma
ampla frente social contra os ataques de Temer e seu governo aos
direitos do povo brasileiro, em especial, a reforma da Previdência.
Essa frente, porém, não deve ser confundida com uma frente eleitoral:
nas eleições do próximo ano o PSOL apresentará candidatura própria à
Presidência da República.
Acreditamos que nosso partido pode oferecer um nome que represente
não só a resistência aos ataques promovidos por Temer, mas uma ampliação
para além das fileiras partidárias, expressando o acúmulo das lutas dos
movimentos sociais combativos, da Frente Povo Sem Medo e dos embates no
parlamento.
Essa candidatura deve expressar, ainda, a negação da conciliação com
as velhas oligarquias que promoveram o golpe institucional de 2016,
afirmando claramente sua independência política em relação a esses
setores. Uma candidatura, enfim, que represente um novo ciclo na
esquerda brasileira.
Conforme decisão soberana de nosso 6º Congresso Nacional, o nome que
representará o PSOL na disputa presidencial será definido em conferência
eleitoral, no primeiro trimestre de 2018.
Tomaremos como ponto de partida para o debate programático o trabalho
de centenas de ativistas sociais, lideranças populares e intelectuais
progressistas que participaram da construção da plataforma Vamos,
elaborada ao longo dos últimos meses.
Estamos prontos para assumir a responsabilidade de colaborar com o
processo de reorganização da esquerda brasileira. Com generosidade,
entusiasmo e sentido de urgência, mas sem abrir mão de princípios,
convicções e de nosso compromisso com um Brasil socialista.
Artigo publicado originalmente no site da Folha de São Paulo
Disponível em: http://www.psol50.org.br/juliano-medeiros-destaca-em-artigo-o-papel-do-psol-na-reorganizacao-da-esquerda/ + http://www.psol50.org.br/juliano-medeiros-com-os-pes-no-chao-e-sem-medo-de-lutar/
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