Kyara.
À Kyara Barbosa, uma amiga, que a transfobia e a depressão carregaram.
Kyara tinha 23 anos, era travesti, como ela bem gostava de dizer.
Conheci no Cursinho Transpassando, onde ela era aluna, este ano,
ingressou em um curso de Letras. Kyara amava escrever, queria ser
escritora e escrevia tão bem! Ninguém traduzia como ela a dor, o
conflito e a beleza da transexualidade, das transições.
Como militante Kyara era incansável, sobretudo na tarefa de se formar,
se construir, aprender, convocar as pessoas para a praça. Ela tinha
consciência de que tínhamos um mundo inteiro pra construir. Filiada ao
PSOL Ceará, uma grande companheira.
Mas o mundo é muito cruel com a gente. Ser travesti neste mundo é um desafio, uma negação, uma violência atrás da outra. Kyara já estava medicalizada havia bastante tempo, os remédios pra tratar a depressão.
Kyara, meu amor, você não sabe o quanto eu estou chorando sua partida. É de uma tristeza sem tamanho.
Deixo aqui, um dos trechos dos escritos de Kyara Barbosa:
" Continua sendo uma mulher trans que por questões politicas se reivindica travesti, mais que no fundo, essas questões de gênero é uma mera ilusão social. Posso ser livre sem ter um gênero, na verdade, se quer preciso de um.
Sou um ser humano que pensa, que respira e sente e isso me basta.
Minha voz é grossa de mais para ser feminina, e caralho, amo minha voz. Assim como minha voz, minhas medidas não cabem dentro de um padrão e é isso que eu acho lindo: é não caber em padrões. Me sinto um ser humano ilimitado, que posso ter quantas identidades quiser, quantas sexualidades bem entender e nada disso interfere diretamente no que sou.
Tem coisas que não entendo e nem quero entender, mas só sabe o sabor da liberdade aquele já foi preso."
Hoje estou em luto.
Genocídio tem a ver com isso, com perceber que não há espaço para as nossas vidas neste mundo. A gente continua lutando, até quando dá.
Estou tentando contato com os familiares. Pra saber mais informações.
Mas o mundo é muito cruel com a gente. Ser travesti neste mundo é um desafio, uma negação, uma violência atrás da outra. Kyara já estava medicalizada havia bastante tempo, os remédios pra tratar a depressão.
Kyara, meu amor, você não sabe o quanto eu estou chorando sua partida. É de uma tristeza sem tamanho.
KYARA BARBOSA / 23 ANOS / SUICÍDIO / CE, MORADA NOVA
" Continua sendo uma mulher trans que por questões politicas se reivindica travesti, mais que no fundo, essas questões de gênero é uma mera ilusão social. Posso ser livre sem ter um gênero, na verdade, se quer preciso de um.
Sou um ser humano que pensa, que respira e sente e isso me basta.
Minha voz é grossa de mais para ser feminina, e caralho, amo minha voz. Assim como minha voz, minhas medidas não cabem dentro de um padrão e é isso que eu acho lindo: é não caber em padrões. Me sinto um ser humano ilimitado, que posso ter quantas identidades quiser, quantas sexualidades bem entender e nada disso interfere diretamente no que sou.
Tem coisas que não entendo e nem quero entender, mas só sabe o sabor da liberdade aquele já foi preso."
Hoje estou em luto.
Genocídio tem a ver com isso, com perceber que não há espaço para as nossas vidas neste mundo. A gente continua lutando, até quando dá.
Estou tentando contato com os familiares. Pra saber mais informações.
Disponível em: https://www.facebook.com/dantasdantasvieira + https://homofobiamata.wordpress.com/
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