Coordenação Nacional da Insurgência
Vivemos a conjuntura mais adversa para a esquerda brasileira em
quatro décadas. Uma forte ofensiva neoliberal, em sua versão mais
radical, e conservadora, aprofundada pelo golpe que levou Michel Temer
ao governo, perpassa todos os poros da sociedade, com retrocessos quase
diários e uma grave crise econômica que dificulta a organização e a
reação dos setores explorados e oprimidos. Essa ofensiva torna-se ainda
mais intensa pela situação internacional: a crise da globalização
neoliberal e a fragilidade das alternativas pela esquerda abrem espaço
para nacionalismos xenófobos, intolerantes e racistas por todos os
quadrantes do planeta.
A crise atual, no entanto, abre oportunidades para a esquerda
socialista brasileira. O deslocamento pós-governos petistas amplia o
espaço para os projetos socialistas se reposicionarem. A crise do
sistema da Nova República é também a crise do petismo e de seu projeto
de conciliação de classes, que já tinha dissolvido a independência de
classe das massas trabalhadoras. O PSOL tem uma oportunidade histórica
para acelerar a recomposição da esquerda brasileira sob bases classistas
– e ecossocialistas, como exige o desastre ambiental criado pelo
capitalismo. É possível dar passos importantes para a recomposição de um
bloco histórico autônomo frente à burguesia.
As eleições de 2016 mostraram que o partido sabe articular sua boa
atuação institucional com as reivindicações dos movimentos feminista,
antirracista e da comunidade LGBT, bem como com a resistência encabeçada
pelo MTST. A derrubada do decreto que extinguia a Renca na Amazônia
indica que é possível impedir retrocessos dos direitos dos indígenas, e
fortalecer o protagonismo de setores que lutam em todas as frentes.
O programa, a estratégia e as grandes táticas do PSOL para essa nova
etapa deveriam ser o debate central do VI Congresso Nacional do
partido, que ocorrerá de 1º a 3 de dezembro. Não aceitar esse desafio,
em uma conjuntura como a de hoje – em que Bolsonaro atinge o patamar de
15% nas intenções de votos para 2018 – seria uma irresponsabilidade
histórica não só com o partido, mas com os movimentos sociais e com
aqueles que pretendemos representar. Afinal, o PSOL foi fundado para ser
a alternativa de esquerda ao PT, quando este abandonou seu objetivo
original. Infelizmente, uma grande despolitização vem se desenhando nas
plenárias de eleição de delegados/as do partido em todo o país.
Balanço da atuação do PSOL
As bases para um Congresso “voltado para fora”, para a grande
política, foram assentadas pelos acertos do partido na difícil
conjuntura anterior. A atuação da ampla maioria do PSOL – da maioria de
sua direção, da sua bancada federal e de sua militância – foi a mais
adequada para enfrentar o golpe institucional. O partido reconheceu que a
destituição do governo Dilma foi expressão da ofensiva da maioria do
capital e da direita organizada, sem ceder ao discurso petista. O
partido soube integrar-se às mobilizações de resistência às
contrarreformas trabalhista e da Previdência e também ao chamado dos que
estão enfrentando o avanço do conservadorismo. Quase todo o partido
adotou corretamente táticas de frente única, com diversos setores que
denunciaram o golpe e os retrocessos.
O PSOL soube apoiar as iniciativas da Frente Povo Sem Medo, que
representa a ruptura mais importante com a hegemonia petista nos
movimentos sociais desde sua origem (hegemonia manifesta na Frente
Brasil Popular), dando uma nova qualidade na relação da militância do
partido com sua intervenção social.
Não há, é verdade, unanimidade nessa avaliação sobre o papel cumprido
e a cumprir pelo PSOL. Somos um partido pequeno para os desafios e
grande em sua diversidade. Abrigamos um conjunto de agrupamentos que
fazem leituras muito diferentes da realidade. Há aqueles que viram nas
massas convocadas às ruas pela direita a expressão de um sentimento
progressivo, chegando a adotar políticas de disputa dos
verde-amarelos. Ou que avaliam equivocadamente que instrumentos de
frente única como a Frente Povo Sem Medo são expressão do
petismo. Outros ainda engrossaram o coro que, em pleno processo de
golpe, gritou Fora Dilma.
O VI Congresso do PSOL, suas plenárias de base e congressos
estaduais, deveriam ser o espaço para o debate bem construído dessas
diferenças políticas, na busca por sínteses ou, no mínimo, de
explicitação politizada do que se pensa sobre passado imediato e o
futuro que podemos visualizar.
Despolitização e internismo
As plenárias para eleição de representantes ao VI Congresso do PSOL,
que deveriam ser o lugar do debate das nossas propostas para a sociedade
brasileira, têm sido marcadas pela despolitização, por filiações sem
critérios programáticos e pela “disputa-pela-disputa” do aparelho. O
quanto o PSOL sairá mais coeso e mais forte para enfrentar a conjuntura,
depois de ter mobilizado cerca de 27 mil pessoas em todo o país? Por
que não fomos capazes de resgatar uma plataforma “Se o Brasil fosse
nosso” para fazer de nosso Congresso um espaço para organização de
parcelas bem mais amplas de ativistas? Esse esforço tem sido feito, em
âmbito nacional, pela Plataforma Vamos, impulsionada pela Frente Povo
Sem Medo!
A Insurgência tem ressaltado a necessidade de que o partido formule
um novo horizonte estratégico e programático. E organize sua militância e
simpatizantes para construir saídas à esquerda para a crise que
vivemos. Temos dado essa batalha lado a lado com militantes que
compartilham posições semelhantes às nossas, sem participar de nenhum
dos dois blocos partidários que polarizam o debate.
Tanto o Bloco de Esquerda quanto a Unidade Socialista foram mantidos
como “blocos”, mesmo sendo compostos por correntes com posições muito
divergentes entre si, quando não antagônicas. De fato, as concepções de
partido também deveriam, tanto quanto as visões programáticas e
estratégicas, ser objeto de debates politizadores para capacitar o PSOL a
compreender melhor seu lugar na recomposição política da classe
trabalhadora brasileira. Uma relocalização unitária do partido deve
incorporar um novo regime de funcionamento, mais democrático,
transparente e participativo.
O PSOL deve, cada vez mais, atrair amplos setores populares, mas com
filiações politizadas, baseadas na consciência do que representa se
filiar a um partido socialista, para a luta e para eleições. Ao mesmo
tempo, criticamos veemente a utilização de políticas públicas de
governos como instrumentos de mobilização interna no partido. É
possível ser um partido amplo com ativistas socialistas nucleados com
funcionamento democrático. Para isso é preciso elevar o nível do debate
no partido, politizar as divergências, tirá-la do mero terreno da
denúncia, o que supõe concessões de ambos os lados, se quisermos que o
PSOL esteja à altura da etapa que vivemos.
Macapá
A temperatura das plenárias saltou, nas últimas semanas, com a
denúncia de fraude que teriam sido cometidas na capital do Amapá. É
preciso, para o bem do partido, separar o que são problemas reais da
agitação de plenário (ou de redes sociais). A Insurgência reconhece que
parte da força do PSOL Amapá tem a ver com trabalho de base da US. Não
seria possível ao partido reunir tanta gente trabalhadora, em seguidos
congressos, sem uma construção real. Porém, por maior que seja o
trabalho popular do PSOL local, acreditamos que a presença do partido em
uma prefeitura em composição com partidos golpista como DEM, associado
ao histórico de alianças no estado, que incluiu coligações com partidos
da direita, provoca até hoje distorções que propiciam questionamentos
sobre o que são as possibilidades estruturais reais do PSOL-AP. Sempre
denunciamos duramente esse tipo de prática.
O problema de fundo de Macapá (que acaba se refletindo nos votos
duplicados depositados por filiados na urna) é a construção do PSOL com
esta política de alianças, que gera enormes desconfianças sobre todo o
processo congressual de Macapá e que precisam ser superadas pelo caminho
da política.
É possível, necessário e urgente que o PSOL se retire da prefeitura
de Macapá, que seus filiados entreguem seus cargos e que as direções
municipal e estadual anunciem um caminho independente, sem DEM e sem
Rede, na construção cotidiana das lutas e do partido para as próximas
eleições. Aliás, um caminho necessário em todas as cidades e estados do
Brasil. Como gesto de coerência e respeito ao Congresso, bem como de
busca de unidade política no PSOL para fortalecer sua intervenção neste
momento, é preciso anular a segunda plenária de Macapá.
Os desafios da próxima etapa do Congresso
Ainda é tempo de escaparmos da polarização simplista. É possível
resgatar, no próximo capítulo do esforço congressual, o debate político
sobre como avançarmos na construção de um PSOL cada vez mais enraizado,
unitário e armado para a luta social e política. Além de sínteses
programáticas e respostas às demandas da conjuntura, entendemos também
ser necessário pensar em regras de funcionamento mais efetivas e
democráticas de participação e decisão do partido, superando os erros do
burocratismo.
Estes são os desafios de todas as correntes, dirigentes, nossas
representantes e militantes, que seguramente desejam que o partido
cumpra um papel importante nas lutas que estão por vir.
Disponível em: http://www.insurgencia.org/vi-congresso-do-psol-politizar-o-debate-e-organizar-a-militancia-para-luta/
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