Último relatório do Grupo Gay da Bahia constatou que uma pessoa LGBT morre a cada 25 horas no Brasil.
Por Juliana Gonçalves
Do Brasil de Fato
Do Brasil de Fato
Negra, pobre e lésbica, Luana Barbosa dos Reis morreu depois de ser
agredida por polícias em SP, em 2016. No mesmo ano, o adolescente
Itaberlly Lozano
foi assassinado pela própria mãe, Tatiana Lozano Pereira por ser gay.
Em dezembro, o vendedor Luis Carlos Ruas, foi espancado até a morte ao
tentar defender uma travesti de uma agressão. Em março de 2017, o caso
da travesti Dandara dos Santos, torturada e morta em Fortaleza (CE),
causou revolta após a publicação de um vídeo nas redes sociais com cenas
do crime.
Esse são apenas alguns dos casos mais recentes que revelam o poder
letal da homofobia no país. De acordo com o relatório da Associação
Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros e Intersexuais
(ILGA), o país ocupa o primeiro lugar na quantidade de homicídios de
pessoas LGBTs nas Américas.
Mesmo com esse cenário, levantamento feito pela agência de checagem
de notícias Aos Fatos, em parceria com o portal UOL, mostra que o
governo comandado pelo presidente golpista, Michel Temer (PMDB), zerou
os repasses do governo para ações específicas de combate à homofobia em
2017.
Camila Furchi, militante da Marcha Mundial de Mulheres e do setorial
LGBT do Partido dos Trabalhadores acredita que os cortes de recursos
para políticas LGBTs e outras das chamadas minorias identitárias,
ocorrem num momento de ascensão de uma elite conservadora.
"Não é só o corte recurso, é o corte de recurso que interrompe um
ciclo positivo de construção de políticas públicas que não existia no
país antes. Com o fim dos recursos, temos uma onda conservadora super
forte dentro do Estado, seja no legislativo ou judiciário, tratando de
impedir qualquer avanço. Ou, pior ainda, impor retrocesso em campos em
que achávamos que já estava superado", afirma Furchi.
Dados da ONG Grupo Gay da Bahia mostram que das 343 pessoas LGBTs
assassinadas em 2016, metade era gay e 42% eram travestis ou
transexuais.
Os recursos para combater a homofobia foram de R$ 3.061.540,13 em
2008 para R$ 518.565,23 em 2016. Grande parte dele foi para as cidades
de São Paulo e Sapucaia do Sul (RS) e para o Estado da Bahia. Furchi
acredita que as consequências dos cortes serão sentidas em breve,
principalmente em São Paulo, cidade que foi reconhecida
internacionalmente por conta do projeto TransCidadania encabeçado pela
gestão anterior de Fernando Haddad (PT).
"É claro que tem consequência. A gente vai sentir cada vez mais no
fechamento e precarização dos serviços que foram montados nesse período.
Na cidade de São Paulo, há quatro centros de cidadania LGBTs. Esses
serviços vão acabar, vão deixar de receber recursos do governo federal. A
gente sabe que o [prefeito João] Doria não vai bancar por muito tempo
esses serviços e vai acabar, vai privatizar, vai acabar ", lamenta.
Questionada, a assessoria de imprensa do Ministério dos Direitos
Humanos não respondeu aos questionamentos da reportagem. Em resposta
a Aos Fatos, a assessoria respondeu estar investindo em uma campanha
publicitária chamada "Deixe seu preconceito de lado, respeite as
diferenças" e em diárias e passagens para integrantes do Conselho
Nacional de Combate à Discriminação contra o Público LGBT.
Furchi pontua que campanhas são importantes, mas não resolvem um
problema estrutural que exige articulação com pastas saúde, educação e
trabalho."É uma afronta que hoje a política LGBT do Brasil se resuma a
campanhas e passagens pagas ao conselho…que seja só isso", pontua.
Faltando dois meses para o fim do ano, os dados revelam que 2017 terá
outro marco negativo. Até 20 de setembro foram contabilizadas 227
mortes de pessoas LGBTs no país, desses 125 eram travestis e
transexuais, o que já faz do Brasil a nação que mais mata travestis e
pessoas transexuais no mundo.
Disponível em: https://www.carosamigos.com.br/index.php/cotidiano/10937-orcamento-para-combate-a-homofobia-e-zero-em-2017-brasil-lidera-assassinato-de-lgbts
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