Para classe artística, o projeto é um forma de "censura"
Silvero Pereira está no ar em "A força do querer", novela da Globo. Ator chamou proposta de lei de "show de horrores"
(Foto: Camila de Almeida/O POVO)
Artistas cearenses reagiram nas redes sociais contra o projeto de lei do deputado estadual Ferreira Aragão (PDT) que proíbe manifestações artísticas que “incentivem práticas criminosas”, com destaque à pedofilia e ao terrorismo, ou que atentem contra a fé e a religião.
No Instagram, o ator Silvero
Pereira chamou de “show de horrores” o projeto de lei n.º 265/17, que
tramita na Assembleia Legislativa do Ceará (AL-CE). Diego Salvator, que
compõe o coletivo de teatro “As Travestidas”, iniciado por Silvero,
também usou a rede de compartilhamento de fotos para criticar o proposta
de Ferreira Aragão, que, além de parlamentar, apresenta programa
policial na televisão.
“A partir do momento que
este projeto de lei for aprovado pelos deputados do Ceará, a arte terá
limites para acontecer. Ou seja, a arte será censurada”, escreveu
Diego.
Para o ator Ari Areia, o projeto, além de “midiático e
eleitoreiro”, é inconstitucional e não deve ser aprovado por atentar
contra o direito à liberdade de expressão. O ator ainda lembra que os
crimes citados no projeto (pedofilia, terrorismo, etc) já são previstos
no código penal.
“A função dele é para inflamar
uma massa que está indo nesse surto moralista, desse terrorismo moral,
que tem sido uma estratégia de mobilizar e manipular a opinião pública
contra manifestações artísticas”, critica Ari.
No ano passado, Ari
Areia protagonizou polêmica após fotos do monólogo “Histórias
compartilhadas”, que trata de transexualidade, serem publicadas na
internet e levantar críticas. À época, a deputada estadual Dra. Silvana (PMDB-CE) chegou a propor projeto
de lei que previa multa de R$ 370 mil a quem realizasse manifestações
artísticas que promovam a "satirização, ridicularização ou toda e
qualquer forma de menosprezar dogmas e crenças de toda e qualquer
religião". De acordo com o site da AL-CE, o projeto ainda não chegou a ser analisado pela Comissão de Constituição e Justiça.
Ao O POVO Online,
o deputado Ferreira Aragão afirmou que não quer “deixar acontecer no
Ceará o que houve no Rio Grande do Sul”, em referência a exposição
Queermuseu. Aragão afirmou ainda que o projeto prevê “apenas” a
proibição dos espetáculos que “incentivam à prática de crime” em
teatros, museus, cinemas e em prédios públicos e privados do Ceará.
Questionado onde os referidos trabalhos artísticos poderiam ser apresentados, o deputado respondeu "na rua".
Disponível em: https://www.opovo.com.br/noticias/fortaleza/2017/10/artistas-criticam-projeto-que-proibe-u201cataque-u201d-a-religioes-em.html
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