Uma vergonha histórica paira sobre a Universidade Estadual Vale do
Acaraú (UVA/UEVA): ela jamais abrigou uma eleição direta e universal
para os cargos que compõem a sua administração superior.
Mesmo
após sua confirmação como instituição pública estadual, ainda no
longínquo governo Ciro Gomes, as substituições de reitores e seus vices
vêm ocorrendo sempre em "eleições" fechadas, com apenas uma chapa, e
através de um colégio eleitoral.
Tal situação é tremendamente
desrespeitosa com a comunidade de docentes, discentes e servidores da
instituição, sem a qual a universidade não poderia efetivamente existir.
O silêncio obsequioso em torno de um tema tão significativo é
revelador do pacto social existente, que busca manter, pelo máximo tempo
possível, esta política retrógrada e antidemocrática.
Procura-se de todo modo legitimar tal situação constrangedora
alegando-se o princípio da democracia representativa, como se todos os
membros do colégio eleitoral fossem de fato eleitos pela comunidade
universitária.
O mais interessante é que praticamente todas as
instituições públicas de ensino superior brasileiras garantem a
participação paritária de professores, alunos e trabalhadores nas
eleições de seus dirigentes. Esta é uma conquista histórica da educação
superior brasileira. De tal sorte que até mesmo algumas universidades
confessionais e privadas também o fazem. Um exemplo claro disso é a
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), instituição onde
honrosamente realizei meus estudos doutorais, e que tem uma trajetória
notável de democracia interna nos processos de eleições de seus
reitores.
Por qual motivo a UVA/UEVA permanece nesta situação
anacrônica há mais de meio século? Por que são tão poucas as vozes que
se levantam contra esta postura contraditória, em se tratando de uma
instituição que deveria ser marcada pela liberdade?
Como diria
Winston Churchill a razão para toda atitude insensata produzida por mãos
humanas repousa sempre no tilintar de uma moeda, isto é, em interesses
da esfera do econômico. Os jogos de poder corroem toda ética e a
qualquer sensatez dos discursos!
Como ficariam os interesses dos
institutos privados se a UVA/UEVA se tornasse verdadeiramente uma
instituição pública e democrática? Será que o grupo que vem se mantendo
no poder há tempos permaneceria nesta condição?
Até aos olhos
inocentes de uma criança está claro que esta situação absurda precisa
ser modificada e somente o será pelas mãos firmes de estudantes,
trabalhadores e professores, com o apoio dos grupos organizados e das
pessoas conscientes que ainda existem nesta sociedade repleta de pessoas
mumificadas e interesseiras.
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