quinta-feira, 20 de outubro de 2016

JUSTIÇA TENTA BLOQUEAR R$ 221 MI DE CUNHA, MAS ENCONTRA CONTAS ZERADAS

MARIO CESAR CARVALHO
DE SÃO PAULO


 
 Preso, o ex-deputado Eduardo Cunha é levado até o avião da Polícia Federal

Um pedido de bloqueio de R$ 221 milhões feito em uma ação que corre em paralelo às investigações da Operação Lava Jato encontrou quatro contas do ex-deputado Eduardo Cunha com saldo zero.
O pedido judicial feito ao Banco Central só encontrou recursos nas contas da mulher do deputado cassado, a jornalista Claudia Cordeiro Cunha. Ela tem R$ 623,5 mil em duas contas, os quais foram bloqueados em junho, dias depois de o pedido ter sido apresentado à Justiça.
Como parlamentar, Cunha recebia um salário bruto de R$ 33,8 mil. Ele foi cassado em 12 de setembro, três meses depois de a Justiça ter decidido bloquear os R$ 221 milhões numa ação de improbidade. No caso de Claudia, a Justiça decidiu bloquear R$ 17,85 milhões.
A ação visa reparar os supostos prejuízos que o deputado teria causado à Petrobras no caso da venda de um campo de petróleo em Benin, na África, para um empresário português em 2011. Nessa ação, Cunha é acusado de ter recebido o equivalente a US$ 1,5 milhão em propina, o correspondente hoje a R$ 4,75 milhões.
O valor foi depositado numa conta na Suíça por ordem do empresário português Idalécio Oliveira, que comprou os campos da Petrobras por US$ 34,5 milhões, segundo a acusação dos procuradores. A propina total da venda do campo de petróleo foi de US$ 10 milhões, ainda de acordo com os procuradores da Lava Jato.
A venda foi negociada pela diretoria internacional da Petrobras, que em 2011 era ocupada por Jorge Zelada, indicado ao cargo pelo PMDB.
A ação corre na 6ª Vara Federal de Curitiba, que tem como titular o juiz Augusto Gonçalves.
A defesa de Cunha tentou evitar o bloqueio, mas o Tribunal Regional Federal do Porto Alegre, que julga os recursos de Curitiba, recusou o pedido.
Procurada pela Folha na noite desta quarta (19), a defesa de Cunha na ação de improbidade não quis se pronunciar.
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MOTIVOS PARA A PRISÃO PREVENTIVA

Segundo o juiz Sergio Moro
 
Boa prova de autoria e materialidade dos crimes
"As provas orais e documentais, portanto, indicam [...] que Eduardo Cosentino da Cunha foi beneficiário de acertos de propinas"
Risco à aplicação da lei penal
"Enquanto não houver rastreamento completo do dinheiro [...], há um risco de dissipação do produto do crime, [...] presente igualmente um risco de fuga ao exterior"
Risco à investigação
"[...] agiu, reiteradamente, para obstruir as investigações e a apuração de suas responsabilidades, intimidando testemunhas, advogados e autoridades responsáveis pela condução dos processos"
Risco à ordem pública
"A dimensão e o caráter serial dos crimes estendendo-se por vários anos, é característico do risco à ordem pública"

Disponível em:  http://m.folha.uol.com.br/poder/2016/10/1824451-lava-jato-tenta-bloquear-r-221-mi-de-cunha-mas-encontra-contas-zeradas.shtml
 

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