Olhemos, no Evangelho, e vejamos como e com quem Jesus fazia suas
refeições: (Mt 3,7; 9,11; 9,14; 12,1; 12,14; 15,12; 15,20; 16,1; 23,13;
Mc 2,16; 2,18; Lc 5,17; 5,30-33; 7,36; 11,37; 14,1). Suas refeições
eram ocasião para palavras e ações que provocam escândalo aos seus
adversários.
Um "comilão e um bêbado, amigo de publicanos e de pecadores" (Mt 11,19; Mc 2,16; Lc 5,30; 7,34; 15,1-2). É desta forma que Jesus é criticado por vários dos seus opositores: a refeição é um dos aspectos mais significativos do ministério de Jesus Cristo, até agora muitas vezes ignorado pelos pregadores e especialistas, será porque elas continuam provocando escândalo e constrangimento? Jesus mesmo reclama de que “Assim tendes agido, pois veio João Batista, que não come pão e não bebe vinho, e julgais: ‘Este está com demônio!’. Então chegou o Filho do homem, comendo pão e bebendo vinho, e condenais: ‘Eis aí um glutão e beberrão, amigo de publicanos e pecadores!’ (Lc 7,33-34; Mt 11,18). Se vermos atentamente o Evangelho de Lucas poderíamos dizer que Jesus foi crucificado pela forma como comia, pois nele encontraremos vários episódios em que Jesus é hóspede em casas de fariseus, um dos grupos proeminentes do judaísmo do seu tempo, nos quais, apesar do seu estatuto de convidado, Jesus torna-se um hóspede inconveniente.
Num destes episódios (Lc 11), o anfitrião espanta-se por Jesus não se lavar antes da refeição. Isso vale um longo discurso contra a hipocrisia ritualista: "Vós limpais o exterior do copo e do prato, mas o vosso interior está cheio de rapina e de maldade." Tais afirmações são, segundo o relato, pretexto para que os doutores da lei e os fariseus procurem armar ciladas contra Jesus, para o acusarem.
A ação de Jesus ultrapassa o que era aceitável. Quando fala do banquete como símbolo escatológico (ou seja, referente ao fim dos tempos, do Juízo Final), Jesus diz que se devem convidar aqueles que são o refugo (Lc 14,12): pobres, impuros e pagãos, aqueles personagens-tipo que um fiel tinha a obrigação de afastar do seu convívio são mais do que convidados, são impelidos, obrigados a entrar no banquete, exprimindo assim o triunfo da graça de Deus sobre a sua falta de preparação. O comportamento de Jesus nessas refeições é tanto mais escandaloso quanto entra em confronto não só com a lógica de grupos fundamentalistas e tradicionalistas como os fariseus, como também com o que se dispõe em outros livros bíblicos. Num texto do Levítico, escreve-se: "Nenhum dos teus descendentes, em qualquer geração, se aproximará para oferecer o pão de seu Deus, se tiver algum defeito. Pois nenhum homem se deve aproximar, caso tenha algum defeito, quer seja cego, coxo, desfigurado ou deformado.
Era uma atuação anárquica e revolucionária do ponto de vista social e religioso.
É radical sua afirmação de que “o mal não é o que entra pela boca do homem, mas sim o que sai dela” (Mt 15,10-12; Mc 7,15).
Jesus Cristo recomenda que Seus discípulos “não se preocupem com o que haveis de comer e beber” (Mt 6,25-26; 6,31-34; Lc 12,22), na verdade, deveriam “comer e beber tudo o que lhes fosse oferecido” (Lc 10,5-7). Seu Reino é definido, pelo Apóstolo Paulo, um dos que mais e melhor compreendeu o Evangelho, “não como comida e bebida, mas sim como paz, justiça e alegria no Espírito Santo” (Rm 14,17), e são Pedro, que liderava os Apóstolos com Tiago e João (Gal 2,9) recebe a visão de que na questão de comida “não devemos chamar de impuro o que Deus purificou” (At 10,15; 11,9). O verdadeiro cristão e a verdadeira cristã não anda em discussões sobre o que comer ou beber (Fil 4,6), mas por tudo dá graças a Deus (1Ts 5,18).
Por três vezes, no Evangelho de São Lucas, Jesus é convidado para comer em casa de fariseus. Por três vezes, ele revela-se como um hóspede inconveniente. No capítulo 7, Lucas conta a história da mulher pecadora que entra na casa onde Jesus comia e, chorando, lhe banha os pés com lágrimas, os enxuga com os cabelos e os unge com perfume. Simão, o dono da casa, lamenta que Jesus não reaja. Este afirma: “quando cheguei, tu não me beijaste o rosto, no entanto ela não para de me beijar os pés; tu não me oferecestes água para lavar-me, mas ela não para de lavar-me os pés com suas lagrimas e enxugá-los com seus cabelos” e conta-lhe uma parábola sobre dívidas e arremata: "Vês esta mulher? Digo-te que lhe são perdoados os seus muitos pecados, porque muito amou; mas àquele a quem pouco se perdoa pouco ama".
Essas experiências de confronto nas refeições com os fariseus traduzem a recusa, da parte de Jesus Cristo, de uma religiosidade assentada na exclusão, na qual pouco privilegiados, os que se consideram mais santos e puros são os que tem mais direitos, mas Jesus Cristo subverte esta lógica, segundo Ele, e isto é o que nos surpreende (e nos constrange?), os seus preferidos não são os “bonitinhos e cheirosos” os Seus preferidos, mas os estropiados e rejeitados das igrejas e da sociedade, os que estão no sub mundo e nas caladas da vida os e as com os quais Ele prefere sentar-se à mesa e comer e beber...
Um "comilão e um bêbado, amigo de publicanos e de pecadores" (Mt 11,19; Mc 2,16; Lc 5,30; 7,34; 15,1-2). É desta forma que Jesus é criticado por vários dos seus opositores: a refeição é um dos aspectos mais significativos do ministério de Jesus Cristo, até agora muitas vezes ignorado pelos pregadores e especialistas, será porque elas continuam provocando escândalo e constrangimento? Jesus mesmo reclama de que “Assim tendes agido, pois veio João Batista, que não come pão e não bebe vinho, e julgais: ‘Este está com demônio!’. Então chegou o Filho do homem, comendo pão e bebendo vinho, e condenais: ‘Eis aí um glutão e beberrão, amigo de publicanos e pecadores!’ (Lc 7,33-34; Mt 11,18). Se vermos atentamente o Evangelho de Lucas poderíamos dizer que Jesus foi crucificado pela forma como comia, pois nele encontraremos vários episódios em que Jesus é hóspede em casas de fariseus, um dos grupos proeminentes do judaísmo do seu tempo, nos quais, apesar do seu estatuto de convidado, Jesus torna-se um hóspede inconveniente.
Num destes episódios (Lc 11), o anfitrião espanta-se por Jesus não se lavar antes da refeição. Isso vale um longo discurso contra a hipocrisia ritualista: "Vós limpais o exterior do copo e do prato, mas o vosso interior está cheio de rapina e de maldade." Tais afirmações são, segundo o relato, pretexto para que os doutores da lei e os fariseus procurem armar ciladas contra Jesus, para o acusarem.
A ação de Jesus ultrapassa o que era aceitável. Quando fala do banquete como símbolo escatológico (ou seja, referente ao fim dos tempos, do Juízo Final), Jesus diz que se devem convidar aqueles que são o refugo (Lc 14,12): pobres, impuros e pagãos, aqueles personagens-tipo que um fiel tinha a obrigação de afastar do seu convívio são mais do que convidados, são impelidos, obrigados a entrar no banquete, exprimindo assim o triunfo da graça de Deus sobre a sua falta de preparação. O comportamento de Jesus nessas refeições é tanto mais escandaloso quanto entra em confronto não só com a lógica de grupos fundamentalistas e tradicionalistas como os fariseus, como também com o que se dispõe em outros livros bíblicos. Num texto do Levítico, escreve-se: "Nenhum dos teus descendentes, em qualquer geração, se aproximará para oferecer o pão de seu Deus, se tiver algum defeito. Pois nenhum homem se deve aproximar, caso tenha algum defeito, quer seja cego, coxo, desfigurado ou deformado.
Era uma atuação anárquica e revolucionária do ponto de vista social e religioso.
É radical sua afirmação de que “o mal não é o que entra pela boca do homem, mas sim o que sai dela” (Mt 15,10-12; Mc 7,15).
Jesus Cristo recomenda que Seus discípulos “não se preocupem com o que haveis de comer e beber” (Mt 6,25-26; 6,31-34; Lc 12,22), na verdade, deveriam “comer e beber tudo o que lhes fosse oferecido” (Lc 10,5-7). Seu Reino é definido, pelo Apóstolo Paulo, um dos que mais e melhor compreendeu o Evangelho, “não como comida e bebida, mas sim como paz, justiça e alegria no Espírito Santo” (Rm 14,17), e são Pedro, que liderava os Apóstolos com Tiago e João (Gal 2,9) recebe a visão de que na questão de comida “não devemos chamar de impuro o que Deus purificou” (At 10,15; 11,9). O verdadeiro cristão e a verdadeira cristã não anda em discussões sobre o que comer ou beber (Fil 4,6), mas por tudo dá graças a Deus (1Ts 5,18).
Por três vezes, no Evangelho de São Lucas, Jesus é convidado para comer em casa de fariseus. Por três vezes, ele revela-se como um hóspede inconveniente. No capítulo 7, Lucas conta a história da mulher pecadora que entra na casa onde Jesus comia e, chorando, lhe banha os pés com lágrimas, os enxuga com os cabelos e os unge com perfume. Simão, o dono da casa, lamenta que Jesus não reaja. Este afirma: “quando cheguei, tu não me beijaste o rosto, no entanto ela não para de me beijar os pés; tu não me oferecestes água para lavar-me, mas ela não para de lavar-me os pés com suas lagrimas e enxugá-los com seus cabelos” e conta-lhe uma parábola sobre dívidas e arremata: "Vês esta mulher? Digo-te que lhe são perdoados os seus muitos pecados, porque muito amou; mas àquele a quem pouco se perdoa pouco ama".
Essas experiências de confronto nas refeições com os fariseus traduzem a recusa, da parte de Jesus Cristo, de uma religiosidade assentada na exclusão, na qual pouco privilegiados, os que se consideram mais santos e puros são os que tem mais direitos, mas Jesus Cristo subverte esta lógica, segundo Ele, e isto é o que nos surpreende (e nos constrange?), os seus preferidos não são os “bonitinhos e cheirosos” os Seus preferidos, mas os estropiados e rejeitados das igrejas e da sociedade, os que estão no sub mundo e nas caladas da vida os e as com os quais Ele prefere sentar-se à mesa e comer e beber...
Dom Abade Antônio
Mosteiro Domus Mariae
Disponível em: https://www.facebook.com/peantonio.piber/posts/1076091855839070
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