Pelo menos 13 indígenas foram feridos por homens armados no Maranhão há um mês.
“Nós não estamos tendo espaço. Nós não temos como viver todo tempo assim", relata Gracimar Gamela / Cimi
Há um mês, cerca de 200 homens armados atacaram indígenas Gamela, no
Maranhão, e ainda hoje o clima é de medo e ameaças na região do
município de Viana.
Quem relata é Gracimar Gamela, que está em Brasília com outros
indígenas, defensores públicos e representantes da Ordem dos Advogados
do Brasil (OAB), para tentar uma solução para os conflitos na área.
No dia 30 de abril, segundo informações do Conselho Indigenista
Missionário (Cimi), pelo menos 13 indígenas feridos foram internados em
hospitais de São Luís e no interior do estado.
Um deles levou dois tiros, outro sofreu sérios ferimentos numa das
mãos, por golpes de facão, e outro teve os joelhos cortados. Segundo
Gracimar Gamela, a tensão na área é permanente:
“Nós não estamos tendo espaço. Nós não temos como viver todo tempo
assim. A gente precisa da demarcação da terra da gente e logo. Porque já
aconteceu isso, e se a gente não tiver espaço vai acontecer mais.
Porque todo tempo são eles ameaçando a gente, eles nunca pararam de nos
ameaçar. Na escola, a gente sofre muita agressão. Tem muito preconceito
lá dentro. A gente está correndo atrás dos nossos direitos”, disse
Gracimar.
O defensor público da União Yuri Costa reforça a necessidade de demarcação da área para a redução da violência:
“A demarcação das terras indígenas é um elemento central para
resolver, de fato, o problema. Por isso a vinda a Brasília. Ela se dá no
sentido de procurar diferentes instituições que têm, entre outras
atribuições, a de acelerar o processo de regularização das terras dos
índios Gamela.”
Segundo o presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, no
Maranhão, Rafael Silva, o Ministério Público Federal está colaborando na
finalização do termo de cooperação técnica entre a Fundação Nacional do
Índio (Funai) e o governo do Maranhão, que se dispôs a ajudar:
“O governo do Maranhão ofereceu custear as despesas do trabalho da
Funai. A Funai alega não ter orçamento e, realmente, há uma restrição
orçamentária da Funai e esse problema estaria sanado com a atuação do
governo do estado do Maranhão financiando o trabalho.”
Em Brasília, desde segunda-feira (29), o grupo já se reuniu com
representantes da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da
República, com membros do MPF e, nesta quarta-feira (31), cobram da
Funai uma atitude concreta para a demarcação da terra indígena Gamela.
Edição: Radioagência Nacional
Disponivel em: https://www.brasildefato.com.br/2017/06/01/indigenas-gamela-vao-ao-distrito-federal-cobrar-demarcacao-de-terras-indigenas/
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