Para o psiquiatra assistente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP) da USP, Cristiano Cardoso Moreira, o aumento do suicídio na população jovem hoje é um fenômeno mundial e uma questão de saúde pública.
O psiquiatra afirma que atualmente um dos principais fatores de risco
para o suicídio é o consumo de drogas. "Existe uma ligação muito grande
entre o aumento de suicídio e o aumento do consumo de drogas e também do bullying."
A reportagem é de Gabriel Soares, publicada por Jornal da USP7.
Dados divulgados recentemente pela Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que o Brasil é o país com maior número de pessoas com transtorno de ansiedade e o quinto em número de pessoas com depressão.
E um dos resultados desses recordes é outro número assustador. A BBC Brasil divulgou, recentemente, que, entre 1980 e 2014, a taxa de suicídio entre jovens no País aumentou 27,2%.
Segundo o médico Cristiano Cardoso Moreira, o estilo
de vida atual, como o maior acesso a meios letais, como medicamentos e
armas, facilita de alguma forma comportamentos como o suicídio. "As pessoas estão cada vez mais individualizadas e se juntam em grupos e redes que autoalimentam esse pensamento de morte e deixam os jovens mais vulneráveis à questão do suicídio."
Para o médico, a rede social pode ser usada tanto para o bem, como
encontrar profissionais para ajudá-los, como para o mal, quando da
inserção em grupos que induzem o jovem a ter atitudes autodestrutivas. Moreira lembra que os jogos virtuais
que ganharam os noticiários nos últimos dias atingem pessoas que já se
encontram em vulnerabilidade e aquelas que estão em situação de risco,
como pessoas com depressão.
Para o psiquiatra, é importante que os pais saibam o que os filhos
estão fazendo na internet e fiquem atentos a comportamentos de
isolamento e a mudanças abruptas de atitudes, por exemplo. "Os pais hoje
estão correndo muito e não vendo o que os filhos estão fazendo,
especialmente na internet." Lembrou que é possível prevenir o suicídio,
observando o comportamento dos jovens e incentivando-os a buscar ajuda:
"90% dos suicídios têm ligação com algum transtorno mental passível de
tratamento".
Para o profissional, a rede pública de saúde, principalmente no
Brasil, tem poucos serviços e o profissional de forma geral é pouco
capacitado no assunto. "O suicídio não deveria ser um assunto exclusivo
da psiquiatria. A formação dos profissionais da saúde deveria focar a
prevenção e como lidar com alguém que tentou ou que tem a ideia de
querer suicidar-se ou machucar-se. Ainda temos um tabu muito grande
sobre esse assunto, mesmo entre os profissionais de saúde."
Disponível em: http://www.ihu.unisinos.br/567346-suicidio-entre-jovens-hoje-e-um-fenomeno-mundial-e-uma-questao-de-saude-publica
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