Verônica Bolina foi considerada inimputável e acabou absolvida de tentar matar idosa e bater em outra transexual, em mulher e em PMs. Em 2015, fotos dela seminua e ferida vazaram na web após arrancar orelha de carcereiro.
O G1
apurou que Verônica passou por um exame de sanidade mental que a
considerou "absolutamente inimputável" quando cometeu os crimes, ou
seja, ela não tinha consciência do que estava fazendo e, por esse
motivo, não pode responder criminalmente por seus atos.
No alvará de soltura expedido na terça-feira (2), o juiz Roberto
Zanichelli Cintra determina, porém, que Verônica siga tratamento
ambulatorial pelo prazo mínimo de três anos. "A absolvo sumariamente",
escreveu o magistrado, que determinou "ainda que seja imediatamente
submetida a novo exame psiquiátrico".
Verônica teria deixado o Centro de Detenção Provisória (CDP) Pinheiros
3, na Zona Oeste da capital, na quarta-feira (3). A reportagem apurou
que psiquiatras consideraram que Verônica teve transtorno de
personalidade associado. Esse quadro teria gerado uma agressividade
inconsciente nela.
'Incapaz'
"Segundo ficou apurado pela perícia ao tempo da ação era inteiramente
incapaz de entender o caráter criminoso dos fatos ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento", informa trecho da sentença judicial.
Entre os dias 10 e 12 de abril de 2015, Verônica foi detida em
flagrante sob a acusação de tentar assassinar uma idosa de 73 anos,
agredir uma transexual e uma mulher, além de brigar com policiais
militares no prédio onde morava. Depois, foi acusada de arrancar a
orelha de um carcereiro na cadeia do 2º Distrito Policial (DP), no Bom
Retiro, na região central da capital.
Pelos crimes ocorridos no prédio, ela foi absolvida, mas pelo crime na
delegacia, Verônica responderá solta por lesão corporal. O G1 apurou que ela foi denunciada pelo Ministério Público (MP) pela agressão ao agente.
Em depoimento à Promotoria, a cabeleireira confirmou que agrediu a
idosa e arrancou a orelha do carcereiro porque a primeira fez magia
negra contra ela e o segundo, a agrediu.
Fotos: agredida e seminua
O caso envolvendo Verônica teve repercussão porque foi neste DP, onde
ela ficou presa, que a transexual apanhou, acabou ofendida e teve fotos
seminuas dela, com rosto inchado e algemada, divulgadas na internet.
Ela teria sofrido as agressões dos policiais e de alguns presos por
represália por ter mordido o carcereiro. Já as fotografias e o vazamento
delas teriam sido feitos por policiais, que também teriam divulgado o
perfil do carcereiro sem parte da orelha na web.
Em abril do ano passado, o G1
revelou que a Justiça havia reaberto a investigação policial que
arquivou as denúncias de tortura, xingamentos e constrangimento
supostamente cometidas por policiais contra Verônica.
A Corregedoria da Polícia Civil voltou a investigar policiais civis por
supostos crimes de tortura, injúria e constrangimento ilegal contra a
transexual.
Tortura
Anteriormente, esse mesmo órgão tinha concluído que os agentes apenas
usaram a força física necessária para conter e se defender de Verônica.
Como ela também brigou com outros presos, a identificação de quem a
machucou teria ficado prejudicada.
A Corregedoria ainda havia informado que não foi possível identificar o
responsável por tirar fotos dela e espalhá-las na web. Diante disso,
decidiu arquivar o caso sem apontar culpados.
A Corregedoria da Polícia Militar (PM) também chegou a investigar se
seus policiais agrediram e fotografaram a transexual, mas, assim como o
órgão correspondente na Polícia Civil, arquivou o caso. O arquivamento
da PM, no entanto, teria sido aceito pela Justiça.
Procurada na tarde desta sexta-feira para comentar o caso, a Secretaria
da Segurança Pública de São Paulo disse, por meio de nota, que "a
Corregedoria da Polícia Civil informa que está em andamento o inquérito
que apura tortura, injúria e constrangimento ilegal, em que policiais
são averiguados."
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