Contrária à intervenção federal, a política havia criticado dias antes ação da PM em Acari. Vereadora e seu motorista foram mortos no Estácio, na região central da capital fluminense.
Marielle Franco se formou pela PUC-Rio e fez mestrado em Administração Pública pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com foco nas UPPs. Ela coordenou a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), ao lado do deputado Marcelo Freixo. A ativista decidiu pela militância em direitos humanos após ingressar no pré-vestibular comunitário - justo o momento que lembrou nesta quarta no evento com outras mulheres negras - e com a morte de uma amiga a tiros. Ela deixa ao menos uma filha de 19 anos.
O assassinato de Marielle e de seu motorista coloca em xeque mais uma vez as políticas para conter a criminalidade no Rio.
"Estou devastado (...) Temos estado juntos na longa militância. Estive
com ela dois dias antes de viajar, semana passada. Faltam palavras para
expressar o horror e mal posso imaginar o que se passa na cabeça de sua
filha e de sua família. E o motorista, sua família, um trabalhador
inocente, honrado? A polícia confirma que foi execução", desabafou nas redes sociais o cientista político Luiz Eduardo Soares, especialista em segurança pública. Soares lembrou o caso da juíza Patricia Acioly,
assassinada em 2011 por policiais militares, afirmando que "é possível
que o mesmo tenha acontecido" com Marielle. "(...) quando a população
vai despertar e entender que a insegurança pública começa nos segmentos
corruptos e brutais das polícias, e que não podemos conviver mais com
esse legado macabro da ditadura. Vamos continuar falando em "desvios de
conduta individuais"? O que fazer, agora, além de chorar?", escreveu
Soares.
A Anistia Internacional
divulgou uma nota pedido que o Estado, através dos diversos órgãos
competentes, faça uma investigação imediata e rigorosa do assassinato da
vereadora. "Marielle Franco é reconhecida por sua histórica luta por
direitos humanos, especialmente em defesa dos direitos das mulheres
negras e moradores de favelas e periferias e na denúncia da violência
policial. Não podem restar dúvidas a respeito do contexto, motivação e
autoria do assassinato de Marielle Franco".
O presidente Michel Temer convocou uma reunião de emergência para discutir o caso e a intervenção federal no Rio de Janeiro.
Manifestações contra o genocídio de jovens negros no Brasil serão realizadas nesta quinta-feira, 15 de março, às 17h em várias cidades:
Belo Horizonte - Praça da Estação - Avenida dos Andradas, 201
Rio de Janeiro - Alerj - Palácio Tiradentes
São Paulo - MASP - Avenida Paulista
Recife - Câmara dos Vereadores - Praça 13 de Maio
Brasília - Anexo II da Câmara dos Deputados
Florianópolis - Esquina Feminista - cruzamento entre as ruas Deodoro e Conselheiro Mafra
Natal - Psol Natal - Rua Apodi
Salvador - UFBA - Rua Ademar de Barros
Curitiba - Prédio Histórico da UFPR - Praça Santos Andrade, 50
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