“Padres perderam sua capacidade ‘profética’. A igreja está enfraquecida,
adaptada à situação”, critica o teólogo no programa "Entre Vistas", da
TVT.
Além de Boff e Juca, participam Alexandre Conceição (MST), Adriana Magalhães (CUT-SP) e Edin Abumanssur (PUC-SP)
São Paulo – O teólogo e escritor Leonardo Boff é o convidado desta terça-feira (6) do programa Entre Vistas, apresentado pelo jornalista Juca Kfouri, na TVT,
às 21h – canal digital 44.1, e também pelo Youtube e Facebook. Em quase
uma hora de programa, o frei que foi um dos mentores da Teologia da
Libertação no Brasil discorre sobre o papel da Igreja Católica no
contexto político e social do país, e sobre a posição do Papa Francisco
diante do impeachment de Dilma Rousseff, em 2016.
“Os padres perderam sua capacidade ‘profética’. Hoje temos uma
Igreja enfraquecida, dividida, com alguma posição diante da Amazônia e
da Previdência, mas que se calou diante da reforma trabalhista e do
Estado de exceção que persegue. É uma Igreja adaptada à situação”,
criticou.
Boff elogia, porém, a conduta do Papa Francisco e sua atitude de
não apenas “dar discurso” para os pobres, mas sim ir ao encontro deles,
estar onde eles estão. E fez uma revelação: “A Dilma pode não falar,
mas o Papa enviou uma carta de apoio durante o impeachment. Enquanto
houver esse governo, ele não virá ao Brasil. Veio uma vez porque é um grande devoto de Nossa Senhora Aparecida, mas não recebeu o Temer. Ele é um homem de princípios”.
Durante a entrevista, o teólogo foi contundente ao analisar o
impeachment de Dilma Rousseff e o golpe em curso no Brasil. “Os
bilionários do país foram os que deram o golpe, porque se deram conta
que as políticas sociais do Lula iriam se consolidar”, afirmou. Para
ele, a verdade e a justiça em algum momento prevalecerão. “O que nos
faltou foi uma Bastilha”, ponderou, se referindo à revolta que pôs fim a
monarquia da França em 1789. “A casa-grande continua com a mesma
lógica, paga um salário como se fosse esmola."
No programa, gravado nesta segunda-feira (5), no Café do
Sindicato dos Bancários, no Edifício Martinelli, centro de São
Paulo, Leonardo Boff defende um melhor diálogo com os grupos evangélicos dispostos a enfrentar as injustiças do Brasil,
e não descartou o surgimento de um movimento de “desobediência civil”
no país. “Objetivamente seria uma sublevação, mas não basta o desejo,
tem de haver condições de fazer isso. Acho que eles (o governo de Michel
Temer) estão esticando o barbante demais.”
Além do jornalista Juca Kfouri, o Entre Vistas que vai
ao ar nesta terça conta com a participação de Adriana Magalhães,
secretária de comunicação da CUT-SP, Alexandre Conceição, membro da
coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
(MST), e Edin Abumanssur, orientador do programa de pós-graduação em
Ciências da Religião da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
(PUC-SP).
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