domingo, 21 de janeiro de 2018

JESUS NÃO PERTENCE AOS CRISTÃOS

“Com efeito, muitos são chamados, mas poucos escolhidos.”
(Mt 22.14)

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Certo dia, Jesus resolveu dar uma grande festa. Decidiu que convidaria todas as pessoas para sua festa. Porém, precisava de pessoas que pudessem ajudá-lo como anfitrião. Essas pessoas teriam um destaque na festa. Então, começou a selecionar as pessoas, um a um. Disse ele aos convidados especiais: “Darei a vocês dois sinais que irão lhes destacar na festa: a fé e o amor. Vocês serão reconhecidos por causa desses dois sinais.” Explicou a cada um que a função deles na festa era a de servir os convidados. Explicou ainda que viriam pessoas com as personalidades mais diversas, de culturas diferentes, pessoas “boas” e pessoas “más”. Pediu que eles priorizassem aqueles que fossem mais necessitados, fosse de pão, fosse de afeto, fosse de paz, fosse de boa conduta. Deixou bem claro que todos, em absoluto, deveriam ser servidos. No serviço é que os convidados iriam perceber que eles eram especiais, convidados de honra Dele (Jesus). Servindo, eles estariam mostrando sua fé e obediência e ao mesmo tempo seu amor – os sinais dado pelo anfitrião.
Aconteceu que o anfitrião precisou se ausentar da festa, mas deixou responsável por ela seus convidados especiais, que ele havia selecionado. Tudo correu normalmente por um tempo. Porém, alguns servos começaram a se cansar. Consideravam injusto ter que servir a todo tipo de gente, principalmente as pessoas que eram de uma classe inferior, pessoas que pensavam diferente deles, criminosos, drogados, gays e outras pessoas que eles julgaram inferiores. Juntaram-se, fazendo pequenos grupos e decidiram filtrar quem entraria.
Criaram regras e quem não estivessem enquadrado dentro de suas regras seriam expulsos. Concluíram também que cobrariam a entrada dos convidados, que nada mais seria de graça. Selecionaram porteiros, para monitorar quem entraria e quem não deveria entrar, além de cobrar as entradas; selecionaram tesoureiros, que seriam responsáveis por tomar conta do dinheiro e também selecionaram os oradores que iriam entreter os convidados.

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Em pouco tempo, muita gente não pôde mais entrar: uns não tinham dinheiro, outros não se enquadravam nas regras criadas porque deveria servir. Protestavam: “Nós também fomos convidados!” Mas eles argumentavam que o dono da festa havia conversado pessoalmente com eles e que as regras que eles seguiam foi dada diretamente por ele. Inclusive, haviam transcrito um livro com essas regras que diziam ser inspirado nos mandatos do anfitrião.
Por causa da interpretação arbitrária do primeiro grupo, um segundo grupo se revoltou e houve uma dissensão: agora eram dois grupos aparentemente diferentes, mas que em essência eram o mesmo. Os que não faziam parte de um desses dois grupos, mas que continuavam a cumprir com o que o anfitrião tinha mandado, eram rejeitados por eles. Não só rejeitados, eram difamados, caluniados, alguns até apanhavam por tentar contatá-los.
O anfitrião resolveu voltar de surpresa. Encontrou muita gente à beira do caminho, morrendo, desfalecida e outras pessoas fora do espaço onde ele dava sua festa. Tentou entrar, mas um dos porteiros o rejeitou por causa de suas vestes e porque ele não se enquadrava em nenhuma das regras. O anfitrião insistiu, mas o porteiro o rejeitou com mais veemência. A discussão se acalorou e um dos líderes do primeiro grupo foi ver o que estava acontecendo. Quando chegou, se deparou com o anfitrião, mas não o reconheceu. Só quando o anfitrião mostrou as marcas que faziam dele o anfitrião foi que permitiram que ele entrasse.
Dentro, ele observou que havia bem pouca gente, todos muito parecido uns com os outros. Pareciam, na verdade, todos a mesma pessoa. Aquilo assustou o anfitrião, que quis saber o que se passara. Um dos servos, que ainda mantinha a fidelidade ao propósito inicial da festa, explicou tudo o que havia acontecido. O anfitrião ficou irado e disse: “Pedi a vocês que cuidassem da festa, pedi apenas que servissem os convidados, não que selecionassem que é digno ou não de participar dela. Isso cabe a mim, não a vocês. Vocês são os servos e eu o dono da festa. Por causa das ações de vocês, vou retirar os dois sinais que os faziam especiais, porque não confiaram em mim e porque não amaram o suficiente. Serão como outro convidado qualquer, até menos!”
Retirou os sinais de cada um deles que havia deturpado sua mensagem, porque eles não compreenderam que foram selecionados para servir; porque se consideravam especiais; porque haviam sido chamados diretamente pelo anfitrião, porém, sem entender que ser especial para o anfitrião é ser obediente a sua voz. Porque haviam tentado roubar o lugar do anfitrião, se passando eles mesmos por anfitriões.

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Portanto, Jesus expulsou eles para fora, para longe da sua festa e chamou todos que estavam fora. Constituiu guardas para não permitir que aqueles que fossem expulsos não chegassem sequer a cem metros próximo do lugar da festa. E aqueles que haviam se mantido fiéis, apesar da rejeição pelos dois grupos, pela perseguição que sofreram, foram condecorados e passaram a ser amigos íntimos do anfitrião, desfrutando com destaque a festa.


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Sobre o autor desse artigo


Felipe Catão Pond, bacharel em filosofia, poeta, contista e cronista. Escreve para o blog “Amor, girassol, liberdade e arte”. Ativista político junto aos grupos de mídia independente, de arte alternativa e contracultura indígena, LGBT; apoia e coordena grupos de Igrejas Inclusivas. Em Manaus, ajudou na fundação da Humanidade Livre, onde serve como missionário.

Disponível em:  https://ativismoprotestante.wordpress.com/2018/01/21/teologia-jesus-nao-pertence-aos-cristaos/

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