“Ainda hoje, as pessoas estão correndo
em busca do milagre e veem nas igrejas – que usam o nome de Jesus –
apenas um estabelecimento onde esse milagre é mais acessível.”
São Lucas 4,42-43 – “Ao amanhecer, ele
saiu e retirou-se para um lugar afastado. As multidões o procuravam e
foram até onde ele estava e queriam detê-lo, para que não as deixasse.
Mas ele disse-lhes: É necessário que eu anuncie a boa nova do Reino de
Deus também às outras cidades, pois essa é a minha missão.”
Depois de libertar os enfermos de seus
males, de fazer o bem, Jesus vai para um lugar afastado. As multidões,
porém, o seguem, porque estão encantadas com seu modo de falar (“ele
fala com autoridade”), estão encantadas com os milagres que ele realiza.
Muitos vão, na verdade, em busca do milagre, não de Jesus, não de seus
ensinamentos, não do seu jeito de amar. Outros veem nele alguém que
acolhe, que chama para si quem a vida inteira foi excluído, alguém que
devolve ao seio da sociedade quem passou a vida inteira a margem. Esses,
pouco a pouco vão compreendendo o seu projeto e vão respondendo ao seu
chamado. Em todos, contudo, a vontade é a mesma: querer Jesus para si,
viver no repouso que o bem causa.
Ainda hoje, as pessoas estão correndo em
busca do milagre e veem nas igrejas – que usam o nome de Jesus – apenas
um estabelecimento onde esse milagre é mais acessível. Ninguém realmente
está buscando viver como Jesus viveu, ou amar como Jesus amou. Quem
promete essa paz perpétua, estabilidade financeira, a cura dos males,
consegue alienar multidões inteiras. Pessoas que na sua imaturidade na
fé, se vendem facilmente por pouco menos que dois pardais – que não
compreendem o seu valor aos olhos de Deus. E os lobos as compram e as
escravizam.
Jesus, porém, ensina que o seu projeto
não envolve alienação e repouso. Ao contrário, seu projeto tem como
característica fundamental a missão, o ir ao encontro daqueles que
necessitam. E esses estão na sociedade, não nas igrejas. As igrejas são
lugares de encontro e vivência, mas não os únicos lugares, tampouco
devem ser a finalidade da missão e de vivência do amor de Deus.
Há também quem confunda levar a boa nova
aos que necessitam com bater de porta em porta para ler a Bíblia e fazer
uma exposição baseada numa teologia qualquer. Esses “evangelizadores”
sequer param para ouvir a realidade daqueles que visitam. Levar a boa
nova é bem mais que criar belos discurso: é praticar a caridade, o amor
que vem de Deus! Você evangeliza quando ouve quem precisa desabafar,
quando abraça quem necessita de um abraço, quando da sua fila no
hospital para aquele que está mais necessitado que você, sem
ressentimento; quem alimenta quem tem fome…
É esse o convite de Jesus: sair do
comodismo que o cotidiano causa e ir em busca dos necessitados. Mais que
um convite, é um desafio!
Henrique Vieira | Quando o cristianismo esconde
Jesus Cristo
https://www.youtube.com/watch?v=hE1mUJHhOCI
Sobre o autor desse artigo
Felipe Catão Pond, bacharel em
filosofia, poeta, contista e cronista. Escreve para o blog “Amor,
girassol, liberdade e arte”. Ativista político junto aos grupos de mídia
independente, de arte alternativa e contracultura indígena, LGBT; apoia
e coordena grupos de Igrejas Inclusivas. Em Manaus, ajudou na fundação
da Humanidade Livre, onde serve como missionário.
Disponível em: https://ativismoprotestante.wordpress.com/2017/12/07/felipe-catao-a-obra-de-cristo-e-social/
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