A sua modéstia e humildade fizeram dele uma figura popular por todo o mundo. Mas, dentro da Igreja, as suas reformas têm enfurecido os conservadores e provocado uma revolta. O homem que há precisamente uma semana fez 81 anos, e vive com apenas um pulmão, é o primeiro Papa não europeu dos tempos modernos e tem neste momento em mãos uma Igreja dividida. Um dos seus mais ferozes críticos, o cardeal Burke, é o mesmo que serviu de inspiração a uma série de proeminentes figuras laicas de direita nos Estados Unidos, de Pat Buchanan a Steve Bannon ou Newt Gingrich.
A reportagem é de Andrew Brown, publicada por The Guardian e reproduzida por Público.
O Papa Francisco
é atualmente um dos homens mais odiados do mundo. E quem mais o odeia
não são ateus, protestantes ou muçulmanos, mas alguns dos seus próprios
seguidores. Fora da Igreja goza de grande popularidade, afirmando-se como uma figura de uma modéstia e uma humildade quase ostensivas. Desde o momento em que o cardeal Jorge Bergoglio
se tornou Papa em 2013, os seus gestos prenderam a atenção do mundo: o
novo Papa guiou um Fiat, transportou as próprias malas e pagou a conta
em hotéis; sobre os homossexuais, perguntou: “Quem sou eu para julgar?”,
e lavou os pés de refugiadas muçulmanas.
Dentro da Igreja, porém, Francisco tem desencadeado uma reacção feroz por parte dos mais conservadores,
que temem que este novo espírito divida a Igreja ou até que a destrua.
Este Verão, um proeminente clérigo inglês disse-me: “Mal podemos esperar
que ele morra. É impublicável o que dizemos dele em privado. Sempre que
dois padres se encontram, falam sobre o quão horrível Bergoglio é… ele é
como Calígula: se tivesse um cavalo, fazia dele cardeal.” Claro que
após dez minutos de repetidas críticas, acrescentou: “Não pode publicar
nada disto, senão serei despedido.”
Esta mistura de ódio e temor é frequente entre os adversários do Papa. Francisco,
o primeiro Papa não europeu dos tempos modernos e o primeiro Papa
jesuíta da História, foi eleito como um outsider dos poderes instituídos
do Vaticano e era esperado que fizesse inimigos. Mas
ninguém previu que fizesse assim tantos. Desde a sua rápida renúncia à
pompa do Vaticano, que marcou desde logo a diferença na relação com os
mais de três mil empregados civis do Vaticano, ao seu apoio aos migrantes, às suas críticas ao capitalismo global e, acima de tudo, à sua intenção de reexaminar as posições da Igreja
relativamente ao sexo, o Papa tem vindo a escandalizar os reacionários e
os conservadores. A julgar pelos números das votações do último encontro mundial de bispos, quase um quarto do Colégio dos Cardeais — o mais alto organismo da organização clerical — está convencido de que o Papa se está a aproximar da heresia.
A questão crítica prende-se com a sua visão sobre o divórcio. Num corte com séculos, senão milénios, de doutrina católica, o Papa Francisco
tem tentado encorajar os padres católicos a darem a comunhão a alguns
casais divorciados ou casados em segundas núpcias e a famílias cujos
pais não são casados. Os seus inimigos estão a tentar forçá-lo a
abandonar essa ideia. Como ele se tem mantido firme e mostrado uma
sóbria perseverança face ao crescente descontentamento, começam agora a
preparar-se para a guerra. No ano passado, um cardeal, com o apoio de
alguns colegas já aposentados, levantou a possibilidade de uma
declaração formal de heresia — a rejeição intencional de uma doutrina
estabelecida da Igreja, pecado punível com a excomunhão. Em Setembro, 62
católicos descontentes, nos quais se incluem um bispo já retirado e um
antigo diretor do Banco do Vaticano, publicaram uma carta aberta em que
apontam a Francisco sete acusações específicas de ensinamentos heréticos.
62 católicos descontentes, nos quais se incluem um bispo e um antigo
diretor do Banco do Vaticano, publicaram uma carta aberta em que apontam
a Francisco sete acusações específicas de ensinamentos heréticos
Acusar um Papa em funções de heresia é o equivalente católico à opção nuclear. A doutrina afirma que o Papa
não pode estar errado quando se pronuncia sobre questões centrais da
fé; portanto, se está errado, não pode ser Papa. Por outro lado, se este
Papa está certo, todos os seus antecessores têm de ter estado errados.
A discussão está particularmente envenenada porque assenta quase na totalidade em bases teóricas. Na prática, em quase todo o mundo, os casais que se divorciam e voltam a casar têm acesso à comunhão. O Papa Francisco não está a propor numa revolução, apenas o reconhecimento institucional de um sistema que já existe e que pode até ser essencial para a sobrevivência da Igreja. Se as regras fossem aplicadas à letra, nenhuma pessoa cujo casamento tivesse falhado poderia voltar a ter relações sexuais. Essa não é uma boa maneira de assegurar a existência de gerações futuras de católicos.
A discussão está particularmente envenenada porque assenta quase na totalidade em bases teóricas. Na prática, em quase todo o mundo, os casais que se divorciam e voltam a casar têm acesso à comunhão. O Papa Francisco não está a propor numa revolução, apenas o reconhecimento institucional de um sistema que já existe e que pode até ser essencial para a sobrevivência da Igreja. Se as regras fossem aplicadas à letra, nenhuma pessoa cujo casamento tivesse falhado poderia voltar a ter relações sexuais. Essa não é uma boa maneira de assegurar a existência de gerações futuras de católicos.
Mas, para os seus detratores, as reformas cautelosas de Francisco põem em causa a crença de que as verdades da Igreja são intemporais. Porque se não são, perguntam os conservadores, então qual o seu valor? A batalha sobre o divórcio
e os novos casamentos põe em confronto duas ideias profundamente
opostas sobre o papel da Igreja. A insígnia do Papa são duas chaves
cruzadas, que representam as que Jesus terá supostamente dado a S.
Pedro, e que simbolizam os poderes de unir e separar, ou seja, proclamar
o que é pecado e o que é permitido. Mas qual dos poderes é hoje mais
importante e mais urgente?
A hipótese de um cisma
A crise atual é a mais séria desde que as reformas liberais dos anos
1960 fizeram com que um grupo dissidente de conservadores da “linha
dura” abandonasse a Igreja (o seu líder, o arcebispo francês Marcel Lefebvre,
viria mais tarde a ser excomungado). Nos últimos anos, escritores
conservadores têm repetidamente levantado a hipótese de um cisma. Em
2015, o jornalista americano Ross Douthat,
um convertido ao catolicismo, escreveu um artigo para a revista
Atlantic intitulado “Irá o Papa Francisco destruir a Igreja?”; num blog
na Spectator, o tradicionalista inglês Damian Thompson
afirmou peremptoriamente que “o Papa Francisco está em guerra com o
Vaticano. Se sair vencedor, a Igreja poderá desmoronar-se”. Segundo um
arcebispo do Cazaquistão, as posições do Papa relativamente ao divórcio e
à homossexualidade permitiram que o “fumo de Satã” envolvesse a Igreja.
A Igreja Católica passou grande parte do último século a lutar contra a revolução sexual,
tal como havia lutado antes contra as revoluções democráticas do século
XIX, e essa luta levou-a a ter de defender uma doutrina insustentável,
pela qual toda a contracepção artificial é proibida, bem como qualquer
relação sexual fora de um casamento eterno. Como o Papa Francisco
reconhece, não é assim que as pessoas agem normalmente. E o clero
também o sabe, mas é esperado que finja que não. Ou seja, a doutrina
oficial não pode ser questionada, mas também não pode ser cumprida. Um
dos lados terá de ceder e, quando tal acontecer, a explosão resultante
poderá fraturar a Igreja.
“O Papa Francisco está em guerra com o Vaticano. Se sair vencedor, a Igreja poderá desmoronar-se” — Damian Thompson
Não deixa de ser curioso que os frequentes choques e ódios
dentro da Igreja — resultantes das posições sobre as alterações
climáticas, as migrações ou o capitalismo — tenham chegado a um ponto de
não retorno numa enorme batalha sobre as implicações de uma única nota
de rodapé de um texto intitulado “A Alegria do Amor” (ou, no original
latim, Amoris Laetitia). A exortação, escrita por Francisco,
é um sumário do debate corrente sobre a questão do divórcio e numa nota
de rodapé o autor faz aparentemente uma leve afirmação de que os casais
divorciados e que voltem a casar poderão eventualmente receber a
comunhão.
Com mais de mil milhões de fiéis, a Igreja Católica é
a maior organização global que o mundo alguma vez viu, e muitos dos
seus seguidores são divorciados ou pais solteiros. Para realizar o seu
trabalho por todo o mundo, a Igreja depende de trabalho
voluntário, ou seja, se os comuns fiéis deixarem de acreditar no que
estão a fazer, todo o sistema colapsa. Francisco sabe disso. Se não for capaz de conciliar teoria e prática, a Igreja pode assistir a uma debandada. Os seus oponentes também defendem que a Igreja
enfrenta uma crise, mas a sua solução é a contrária. Para eles, a
distância ente teoria e prática é exatamente o que dá valor e sentido à Igreja. Se tudo o que a Igreja tiver para oferecer for algo de que as pessoas não sentem necessidade de procurar, dizem os que se opõem a Francisco, então irá seguramente colapsar.
Liberais e conservadores: uma definição falaciosa
Ninguém previu este confronto quando Francisco foi eleito em 2013. Uma das razões da sua escolha foi precisamente o objetivo de solucionar a rígida burocracia do Vaticano, tarefa há muito adiada. O cardeal Bergoglio, de Buenos Aires, foi eleito como um relativo outsider, o que à partida facilitaria a eliminação de algumas das forças de bloqueio comuns ao âmago da Igreja. Mas essa missão entrou rapidamente em rota de colisão com uma fratura ainda mais acrimoniosa dentro da Igreja,
que é geralmente descrita como a batalha entre os “liberais”, como
Francisco, e os “conservadores”, dos quais fazem parte os seus
adversários. Contudo, essa é uma definição equívoca e falaciosa.
A disputa central põe em confronto os católicos que acreditam que a Igreja
deve liderar a agenda do mundo e os que, por outro lado, defendem que
são as circunstâncias mundiais que devem definir as posições da Igreja.
Essas são, porém, as posições idealistas: no mundo real, qualquer
católico será uma mistura dessas duas orientações, tendo, na maior parte
dos casos, a predominância de uma delas.
Francisco é um puro exemplo de um católico
extrovertido, ou “virado para fora”, especialmente se comparado com os
seus antecessores imediatos. Os seus oponentes são os introvertidos.
Para muitos, a primeira coisa que os atraiu na Igreja foi exatamente a
sua distância relativamente às preocupações mundanas. Um número
surpreendente dos mais proeminentes introvertidos são protestantes
americanos convertidos, alguns impulsionados pela superficialidade dos
recursos intelectuais com que foram educados, mas muito mais por um
sentimento de que o enfraquecimento do protestantismo liberal se deve
precisamente ao facto de ter deixado de ser uma alternativa à sociedade
que o rodeia. Querem mistério e fervor, não senso comum estéril e
sabedoria convencional. Nenhuma religião pode florescer sem tal impulso.
O Segundo Concílio, ou Vaticano II, renunciou ao anti-semitismo, abraçou
a democracia, proclamou direitos humanos universais e aboliu a missa em
latim
Mas também nenhuma religião global se pode contrapor totalmente ao
mundo em que se encontra inserida. No início dos anos 1960, um encontro
que durou três anos entre bispos de todos os quadrantes da Igreja, que
ficou conhecido como o Segundo Concílio do Vaticano, ou Vaticano II, “abriu as janelas para o mundo”, nas palavras do Papa João XXIII, que o convocou, mas que morreu antes da sua conclusão.
O concílio renunciou ao anti-semitismo, abraçou a democracia,
proclamou direitos humanos universais e aboliu, em larga escala, a missa em latim. Esta última medida, em particular, chocou os introvertidos. O escritor Evelyn Waugh,
por exemplo, recusou-se a partir desse momento a participar numa missa
em inglês. Para homens como ele, os rituais solenes de um serviço
religioso realizado por um padre de costas para a congregação, falando
inteiramente em latim e encarando Deus no altar, eram o próprio coração
da Igreja — uma janela para a eternidade reencenada a cada
representação. O ritual tinha uma posição central na Igreja, de uma
forma ou de outra, desde a sua fundação.
Simbolicamente, a mudança provocada pela nova liturgia — a troca do
padre introvertido que encarava Deus no altar pela figura extrovertida
virada para a congregação — foi imensa. Alguns conservadores ainda hoje
não se reconciliaram com a reorientação, entre os quais, o cardeal
guineense Robert Sarah, que tem sido apontado pelos introvertidos como possível sucessor de Francisco, e o cardeal americano Raymond Burke, que tem emergido como o mais veemente opositor público de Francisco. Nas palavras da jornalista católica inglesa Margaret Hebblethwaite, uma fervorosa apoiante do Papa Francisco, a crise atual é nada menos que “o regresso do Vaticano II”.
“Devemos ser inclusivos e acolher tudo o que é humano”, afirmou Sarah
num encontro no Vaticano no ano passado, numa condenação das propostas
de Francisco, “mas o que vem do inimigo não pode nem deve ser
assimilado. Não podemos seguir Cristo e Belial! As
ideologias ocidentais da homossexualidade e do aborto e o extremismo
islâmico representam nos dias de hoje o que o nazismo, o fascismo e o
comunismo representaram no século XX”.
Ressurgimento pentecostal
Nos anos imediatamente a seguir ao concílio, freiras deitaram fora os
seus hábitos, padres descobriram as mulheres (mais de cem mil deixaram o
sacerdócio para se casarem) e teólogos livraram-se das correntes da
ortodoxia introvertida. Após 150 anos de resistência e de rejeição do
mundo exterior, a Igreja deu por si completamente
envolvida por esse mundo, até ao ponto em que os introvertidos temeram
que o edifício estivesse em risco de se desmoronar.
A afluência às igrejas caiu a pique no mundo ocidental, tal como aconteceu noutras denominações. Nos Estados Unidos, 55% dos católicos iam regularmente à missa em 1965; em 2000, esse número era de apenas 22% [em Portugal, segundo dados do Vaticano,
em 2015, existiam 9,183 milhões de católicos numa população de 10,34
milhões de pessoas, correspondendo a uma percentagem de 88,7%, mais
quatro décimas do que em 2010]. Em 1965, foram batizados um milhão e
trezentos mil bebés nos EUA; em 2016, apenas 670 mil.
Se esta tendência é ou não fruto de uma relação causa/efeito, é algo que
continua a ser ferozmente discutido. Os introvertidos põem a culpa no
abandono das verdades universais e das práticas tradicionais; os
extrovertidos acham que as mudanças na Igreja não foram suficientes ou suficientemente rápidas.
Em 1966, um comité papal de 69 membros, no qual se incluíam sete
cardeais e 13 médicos, bem como laicos e até algumas mulheres, votou
esmagadoramente a favor do levantamento da proibição do uso de
contracepção artificial, mas o Papa Paulo VI revogou a
votação em 1968. Não podia admitir que os seus predecessores estivessem
errados e os protestantes certos. Para uma inteira geração de católicos,
esta disputa passou a simbolizar a resistência da Igreja à mudança. Nos países em desenvolvimento, a Igreja Católica
foi em grande parte ultrapassada por um ressurgimento pentecostal, que
oferecia tanto a encenação como estatuto para os laicos e para as
mulheres.
“A Igreja pode ser uma barafunda, mas o importante é que o centro seja
sólido e tudo pode ser reconstruído a partir do centro" — Ross Douthat,
jornalista católico
Os introvertidos tiveram a sua vingança aquando da eleição do Papa (agora Santo Papa) João Paulo II,
em 1978. A sua Igreja polaca era caracterizada pela oposição ao mundo
exterior e aos seus líderes desde que os nazis e os comunistas dividiram
o país em 1939. João Paulo II era um homem
impressionante, dotado de uma tremenda energia e força de vontade. Era
também profundamente conservador em questões de moralidade sexual e,
enquanto cardeal, tinha apresentado a justificação intelectual para a
proibição do controlo de natalidade. Desde o momento da sua eleição que
começou a moldar a Igreja à sua imagem. Mesmo que não
conseguisse imprimir-lhe o seu dinamismo e vontade, parecia que iria
conseguir purgá-la da extroversão e uma vez mais estancar as correntes
do mundo secular.
Ross Douthat, jornalista católico, foi das poucas
pessoas do lado dos introvertidos a disponibilizarem-se a falar
abertamente sobre o conflito atual. Na sua juventude foi um dos
convertidos atraídos para a Igreja de João Paulo II.
Afirma hoje que “a Igreja pode ser uma barafunda, mas o importante é
que o centro seja sólido e tudo pode ser reconstruído a partir do
centro. Ser católico é ter a garantia da continuidade no centro e com
isso a esperança do restabelecimento da ordem católica”.
João Paulo II teve o cuidado de nunca repudiar as palavras do Vaticano II,
mas fez o possível para as esvaziar do seu espírito extrovertido.
Começou por impor uma disciplina férrea ao clero e aos teólogos. Tentou
também tornar o mais difícil possível a renúncia dos padres para poderem
casar. A sua aliada nesse objetivo foi a Congregação para a Doutrina da
Fé, ou CDF, antes conhecida como o Santo Ofício. Institucionalmente, a CDF é a mais introvertida de todos os “ministérios” do Vaticano
(ou “dicastérios”, como são conhecidos desde o tempo do Império Romano;
é um detalhe que sugere o peso da inércia e da experiência
institucional — se o nome era bom para Constantino, porquê mudá-lo?).
Para a CDF, é axiomático que o papel da Igreja é
ensinar o mundo, não aprender com ele. Tem uma longa tradição de punir
teólogos que discordam: houve casos de proibição de publicações e de
despedimentos de universidades.
Ainda no início do pontificado de João Paulo II, a CDF publicou Donum Veritatis
(“O Dom da Verdade”), documento que explica que todos os católicos
devem praticar a “submissão da vontade e do intelecto” aos ensinamentos
do Papa, mesmo que não sejam infalíveis; e que os
teólogos, mesmo que possam estar em desacordo e manifestá-lo aos seus
superiores, nunca o devem fazer em público. Estas palavras foram usadas
como ameaça, às vezes até como arma, contra qualquer pessoa suspeita de
dissidência liberal. Francisco, contudo, virou estes
poderes contra os que tinham sido os seus maiores defensores. Os padres,
os bispos e até os cardeais estão ao serviço do Papa e podem ser demitidos a qualquer momento. Sob Francisco, os conservadores aprenderam essa lição: pelo menos três teólogos foram demitidos da CDF. Os jesuítas exigem disciplina.
Cardeal Burke & Steve Bannon
Em 2013, pouco tempo após a sua eleição e quando estava ainda num
estado de quase universal aclamação pela ousadia e simplicidade dos seus
gestos — tinha-se mudado para um par de singelos quartos no Vaticano, por oposição aos sumptuosos apartamentos do Estado usado pelos seus antecessores —, Francisco expurgou uma pequena ordem religiosa que se devotava à prática da missa tridentina, dita em latim.
Os Frades Franciscanos da Imaculada, grupo com cerca
de 600 membros, homens e mulheres, já tinham sido colocados sob
investigação por uma comissão em Junho de 2012, no papado de Bento XVI.
Eram acusados de combinar uma cada vez mais extremista política de
direita com a devoção à missa tridentina. (Esta combinação, que surge
frequentemente associada a declarações de ódio ao “liberalismo”, tinha
vindo também a espalhar-se online nos EUA e no Reino Unido, como é exemplo o blog do Daily Telegraph Holy Smoke, editado por Damian Thompson.)
Quando a comissão apresentou as suas descobertas em 2013, a reação de Francisco
chocou os conservadores. Proibiu os frades de usarem a missa tridentina
em público e fechou o seu seminário. Continuaram a poder formar novos
padres, mas não segregados do resto da igreja. Mais, tomou estas
decisões diretamente, sem passar pelo sistema judicial interno do Vaticano, à altura dirigido pelo cardeal Burke. No ano seguinte, Francisco demitiu Burke do seu poderoso cargo no sistema judicial do Vaticano. Nesse momento, ganhou um inimigo implacável.
Burke, um americano robusto dado a vestes bordadas a
renda e, em ocasiões formais, a uma capa de cerimónias escarlate tão
comprida que precisa de ser carregada por pajens, era um dos mais
conspícuos reacionários do Vaticano. Em modos e em
doutrina, representa uma longa tradição de pesos-pesados americanos do
poder do catolicismo de etnia branca. A hierática, patriarcal e
conflituosa igreja da missa tridentina é o seu ideal, e ao qual parecia
que a Igreja estava lentamente a voltar sob o comando de João Paulo II e Bento VXI — até que Francisco começou o seu trabalho.
A combinação de anticomunismo, orgulho étnico e ódio ao feminismo do
cardeal Burke inspirou uma série de proeminentes figuras laicas de
direita nos Estados Unidos
A combinação de anticomunismo, orgulho étnico e ódio ao feminismo do cardeal Burke inspirou uma série de proeminentes figuras laicas de direita nos Estados Unidos, de Pat Buchanan a Bill O’Reilly e a Steve Bannon, como Michael Novak, que têm batalhado incansavelmente a favor das guerras americanas no Médio Oriente e da perspectiva republicana sobre os mercados livres.
Foi o cardeal Burke quem em 2014 convidou Bannon, já na altura a mente por trás do Breitbart News, a dirigir-se a uma conferência no Vaticano via vídeo emitido na Califórnia. O discurso de Bannon foi apocalíptico, incoerente e historicamente excêntrico. Mas não foi inocente o seu chamamento para uma guerra santa: a Segunda Guerra Mundial,
afirmou, foi na realidade “o Ocidente judeu-cristão contra os ateus” e
agora a civilização está “nas etapas iniciais de uma guerra global
contra o fascismo islâmico… um conflito brutal e sangrento… que irá
erradicar completamente tudo o que nos foi legado nos últimos 2000, 2500
anos… se as pessoas nesta sala, as pessoas da Igreja, não… lutarem pelas nossas crenças, contra esta nova barbaridade que está a surgir”.
Tudo nesse discurso é um anátema para Francisco. A sua primeira visita oficial fora de Roma, em 2013, foi à ilha de Lampedusa,
que se tinha tornado o ponto de chegada de dezenas de milhares de
desesperados migrantes vindos do Norte de África. Como ambos os seus
antecessores, opõe-se firmemente às guerras no Médio Oriente, embora o Vaticano tenha apoiado relutantemente a extirpação do califado do Estado Islâmico.
Opõe-se à pena de morte e despreza e condena o capitalismo americano:
depois de marcar o seu apoio aos migrantes e aos homossexuais, a
primeira grande declaração política do seu pontificado foi uma
encíclica, dirigida a toda a Igreja, que condenava ferozmente o funcionamento dos mercados globais.
“Algumas pessoas continuam a defender teorias ‘conta-gotas’
[trickle-down, no original], que assumem que o crescimento econômico,
encorajado por um mercado livre, irá inevitavelmente resultar em maior
justiça e inclusividade pelo mundo. Tal crença, que nunca foi sustentada
pelos factos, exprime uma confiança arrogante e ingênua na bondade dos
que exercem o poder econômico e no funcionamento sacralizado do sistema
econômico prevalente. Entretanto, os excluídos continuam à espera.”
Acima de tudo, Francisco está do lado dos imigrantes
— ou emigrantes, como ele os vê — expulsos de suas casas por um
capitalismo infinitamente voraz e destrutivo, que pôs em marcha mudanças
climáticas catastróficas. Nos Estados Unidos, esta é uma questão racializada e profundamente politizada. Os evangélicos que votaram em Donald Trump e no seu muro são esmagadoramente brancos, tal como as lideranças da Igreja Católica americana. Mas cerca de um terço dos laicos são hispânicos, proporção que está a aumentar. Em Setembro, Bannon afirmou, em entrevista ao 60 Minutes da CBS,
que os bispos americanos eram favoráveis à imigração em massa apenas
porque isso ajuda as suas congregações — embora isso vá mais longe do
que até os bispos mais à direita seriam capazes de dizer publicamente.
Quando Trump anunciou pela primeira vez que iria construir um muro para impedir a entrada de imigrantes, Francisco esteve muito perto de negar que o então candidato pudesse ser cristão. Na visão de Francisco
sobre as ameaças à família, os lavabos transgêneros não são o problema
mais urgente, como alguns ativistas “guerreiros” culturais querem fazer
crer. O que destrói as famílias, escreveu, é um sistema econômico que
força milhões de famílias pobres a separarem-se na sua busca por
trabalho.
Uma “torrente de corrupção”
Além de lidar com os praticantes da velha escola da missa tridentina
em latim, Francisco deu início a uma ampla ofensiva contra a velha
guarda no interior do Vaticano. Cinco dias após a sua eleição em 2013, convocou o cardeal hondurenho Óscar Rodríguez Maradiaga
e comunicou-lhe que iria ser coordenador de um grupo de nove cardeais
espalhados pelo globo cuja missão era limpar a casa. Foram todos
escolhidos pela sua energia e pelo facto de terem estado, no passado, em
conflito com o Vaticano. Foi uma medida popular em todo o lado, menos em Roma.
João Paulo II passou a última década da sua vida cada vez mais incapacitado pela doença de Parkinson,
e a energia que lhe restava não era gasta em querelas burocráticas. A
Cúria, nome por que é conhecida a organização burocrática do Vaticano,
foi ganhando cada vez mais poder, estagnada e corrupta. Muito poucas
medidas foram tomadas contra os bispos que protegeram os clérigos que
abusaram de crianças. O Banco do Vaticano era tristemente célebre pelos serviços que oferecia para lavagem de dinheiro. Os processos de canonização — algo que João Paulo II fez a um ritmo sem precedentes — tinham-se tornado uma fraude extremamente cara: o jornalista italiano Gianluigi Nuzzi estimou que o preço de tabela de uma canonização andaria à volta dos 500 mil euros por auréola. As finanças do próprio Vaticano estavam uma desgraça e até Francisco fez referência a “uma torrente de corrupção” na Cúria.
O estado pútrido da Cúria era bem conhecido, mas nunca discutido em público. Ao fim de nove meses no cargo, Francisco
disse a um grupo de freiras que “na Cúria também há pessoas virtuosas, a
sério, há lá pessoas santas” — de tal maneira assumia que a sua
audiência de freiras ficaria surpreendida por saber disso.
"A visão ‘vaticanocêntrica’ negligencia o mundo à nossa volta. Eu não
partilho dessa visão, e farei tudo o que estiver ao meu alcance para a
mudar" — Papa Francisco
Afirmou que a Cúria “toma conta e cuida dos interesses do Vaticano,
que são, na sua maior parte, interesses temporais. A visão
‘vaticanocêntrica’ negligencia o mundo à nossa volta. Eu não partilho
dessa visão, e farei tudo o que estiver ao meu alcance para a mudar”.
Declarou ainda ao jornal italiano La Repubblica: “Várias vezes os chefes da Igreja foram narcisistas, lisonjeados e empolgados pelos seus cortesãos. A corte é a lepra do papado.”
“O Papa nunca falou bem dos padres”, diz o padre que mal pode esperar
que ele morra. “É um jesuíta anticlerical. Lembro-me bem dessas ideias
nos anos 70. Costumavam dizer: ‘Não me chames padre, chama-me Manuel’ — esse tipo de parvoíces — e nós, o oprimido clero paroquial, sentimos que nos tiraram o chão.”
Em Dezembro de 2015, Francisco fez o seu tradicional discurso de Natal à Cúria e
não poupou nas palavras: acusou-a de arrogância, de “Alzheimer
espiritual”, de “hipocrisia típica dos medíocres e progressivo vazio
espiritual que não pode ser preenchido com diplomas acadêmicos”, bem
como de vão materialismo e gosto pela bisbilhotice e maldizer — não é o
tipo de coisa que se quer ouvir do chefe na festa de Natal da empresa.
Contudo, quatro anos decorridos sobre o início do seu papado, a resistência passiva do Vaticano
parece estar a levar a melhor sobre a energia de Francisco. Em
Fevereiro deste ano, apareceram da noite para o dia, nas ruas de Roma, posters que perguntavam: “Francisco, onde está a tua misericórdia?”, atacando-o pela maneira como tratou o cardeal Burke. Este episódio só pode ter sido obra de elementos descontentes do Vaticano, e é um sinal inequívoco de uma teimosa recusa em entregar poderes ou privilégios aos reformistas.
As igrejas do mundo ocidental estão cheias de divorciados
Esta batalha, porém, tem sido ofuscada, assim como todas as outras,
pelos conflitos internos sobre a moralidade sexual. A luta sobre o divórcio e o recasamento centra-se em dois fatos. Primeiro, que a doutrina da Igreja Católica
não mudou em quase 2.000 anos – o casamento é indissolúvel pela vida
toda; isso é muito claro. Assim como o segundo fato: As taxas de pessoas
que se divorciam ou casam novamente entre os católicos são as mesmas do
restante da população, e quando isso acontece, eles não veem nada
imperdoável em suas ações. Portanto, as igrejas do mundo ocidental estão
cheias de casais divorciados e que se casaram novamente que recebem a
comunhão com os outros, mesmo que eles e seus sacerdotes saibam
perfeitamente que isso não é aceitável.
Os ricos e poderosos sempre exploraram as lacunas. Quando querem se
livrar de uma mulher e casar novamente, um bom advogado encontra uma
forma de provar que o primeiro casamento foi um erro, não algo que tenha
entrado no espírito que a Igreja exige, para que seu registro possa ser
limpo – no jargão, anulado. Isto se aplica especialmente para os
conservadores: Steve Bannon conseguiu se divorciar das suas três esposas, mas talvez o exemplo atual mais escandaloso seja o de Newt Gingrich,
que liderou a aquisição republicana do Congresso na década de 90 e
desde então reinventou-se como aliado de Trump. Gingrich terminou com
sua primeira esposa enquanto ela se tratava para um câncer e, ainda
casado com sua segunda esposa, teve um caso de oito anos com Callista Bisek, devota católica, antes de se casar com ela na Igreja. Ela está prestes a assumir o cargo de embaixadora de Donald Trump no Vaticano.
O ensino sobre casar-se novamente após um divórcio não é o único ensino sexual católico que nega a realidade dos leigos, mas é o mais prejudicial. A proibição da contracepção artificial
é ignorada por todos onde quer que seja legal. A hostilidade aos gays é
comprometida pelo fato geralmente conhecido de que uma grande proporção
do sacerdócio no Ocidente é gay, e alguns deles são bem ajustados
celibatários. A rejeição do aborto não é um problema onde o aborto é
legal, e, em todos os casos, não é particular à Igreja Católica. Mas a
recusa em reconhecer segundos casamentos, a menos que o casal prometa
nunca mais fazer sexo, destaca os absurdos de uma casta de homens
celibatários que regulam a vida das mulheres.
Em 2015 e 2016, Francisco convocou duas grandes conferências ou sínodos de bispos
de todo o mundo para discutir tudo isso. Ele sabia que não podia operar
mudanças sem amplo acordo. Ele manteve-se em silêncio e encorajou os
bispos a discutir. Mas logo ficou claro que favoreceu um considerável
afrouxamento da disciplina em torno da comunhão, após
um novo casamento. Como isso é o que se passa na prática de qualquer
forma, é difícil para alguém de fora entender as paixões que desperta.
"O que me preocupa é a teoria", disse o padre inglês que confessou seu ódio por Francisco.
"Na minha paróquia há muitos casais divorciados e recasados, mas muitos
deles, se ouvissem que o primeiro cônjuge havia morrido, correriam para
casar na igreja. Conheço muitos homossexuais que estão
fazendo todo tipo de coisa errada, mas que sabem que não devem fazer.
Somos todos pecadores. Mas temos que manter a integridade intelectual da
fé católica".
Pensando assim, o fato de que o mundo rejeita seu ensino meramente prova o quão correto é. "A Igreja Católica deveria ser contracultural na esteira da revolução sexual", diz Ross Douthat. "A Igreja Católica é o último lugar do mundo ocidental que diz que o divórcio é ruim."
Para Francisco e seus apoiadores, tudo isso é
irrelevante. A Igreja, afirma, deveria ser um hospital ou um posto de
primeiros-socorros. As pessoas que estão divorciadas não precisam que
alguém lhes diga que isso é ruim. Precisam recuperar e reconstruir suas
vidas novamente. A Igreja deve ficar ao seu lado e demonstrar piedade.
No primeiro Sínodo dos Bispos em 2014,
essa ainda era uma opinião minoritária. Um documento liberal estava
preparado, mas foi rejeitado pela maioria. Um ano depois, os
conservadores estavam claramente em minoria, mas uma minoria muito
determinada. O próprio Francisco escreveu um resumo das deliberações de A Alegria do Amor. É um documento longo, reflexivo e cuidadosamente ambíguo. A dinamite é enterrada na nota de rodapé 351 do capítulo oito e teve grande importância nas revoluções subsequentes.
A nota de rodapé faz um adendo a uma passagem que
vale a pena citar tanto pelo que diz como pela forma com que diz. Sua
mensagem é clara: algumas pessoas vivendo segundos casamentos (ou
parcerias civis) "podem viver na graça de Deus, podem amar e podem
também crescer na vida de graça e de caridade, recebendo para isso a
ajuda da Igreja".
Mesmo a nota de rodapé, que diz que esses casais podem receber a comunhão
se confessarem seus pecados, aborda o assunto com cautela: "Em certos
casos, isso pode incluir a ajuda dos sacramentos." Portanto, "quero
lembrar os sacerdotes que o confessionário não pode ser uma câmara de
tortura, mas um encontro com a misericórdia do Senhor." E: "Gostaria
também de salientar que a Eucaristia 'não é um prêmio para a perfeição,
mas um poderoso remédio e alimento para os fracos'."
"Por pensar que tudo é preto ou branco", acrescenta Francisco, "às vezes fechamos o caminho da graça e do crescimento".
É esta pequena passagem que uniu todas as rebeliões contra sua
autoridade. Ninguém consultou os leigos para sabem sua opinião sobre
isso, que em caso algum foi de interesse para o partido introvertido.
Mas entre um quarto e um terço dos bispos resiste passivamente à
mudança, e uma pequena minoria está fazendo isso de forma ativa.
O líder dessa facção é o grande inimigo de Francisco, o Cardeal Burke.
Demitido primeiro do cargo no Tribunal do Vaticano e depois da comissão
de liturgia, ele acabou no conselho de fiscalização dos Cavaleiros de Malta –
um órgão de caridade dirigido pelas velhas aristocracias católicas da
Europa. No outono de 2016, despediu o líder da ordem por supostamente
permitir que freiras distribuíssem preservativos na Birmânia.
Isso é algo que as freiras fazem muito no mundo em desenvolvimento,
para proteger as mulheres vulneráveis. O homem que havia sido demitido
apelou ao Papa.
O resultado foi que Francisco reintegrou o homem que Burke tinha demitido e nomeou outra pessoa para assumir a maioria das funções de Burke. Foi um castigo por suas afirmações completamente falsas de que o Papa estava do seu lado no conflito original.
Enquanto isso, Burke utilizou-se de outras frentes, que chegaram o
mais próximo que conseguiu de acusar o Papa de heresia. Juntamente com
três outros cardeais, dois dos quais já morreram, Burke produziu uma lista de cinco questões destinadas a verificar se Amoris Laetitia
violava o ensino anterior ou não. As questões foram enviadas como uma
carta formal para Francisco, que ignorou. Depois de ser demitido, Burke
divulgou as questões e disse que estava preparado para emitir uma
declaração formal de que o Papa era um herege se ele não as respondesse,
para satisfazê-lo.
Claro, Amoris Laetitia representa uma ruptura com o
ensino anterior. É um exemplo da Igreja ter aprendido com a experiência.
Mas é difícil os conservadores assimilarem: historicamente, estas
explosões de aprendizagem só aconteceram em convulsões, a séculos de
distância. Essa chegou apenas 60 anos após a última explosão de
extroversão, com o Concílio Vaticano II, e somente 16 anos depois de João Paulo II ter reiterado a velha linha dura.
"O que significa um papa contradizer um papa anterior?", pergunta Douthat. "É notável o quão perto Francisco chegou de discutir com seus predecessores imediatos. Foi apenas há 30 anos que João Paulo II previu no Veritatis Splendor uma linha que parece contradizer Amoris Laetitia."
O Papa Francisco está deliberadamente contradizendo
um homem que ele mesmo proclamou santo. Isso dificilmente vai
incomodá-lo. Talvez a mortalidade incomode. Quanto mais Francisco altera
a linha de seus predecessores, mais fácil fica para que um sucessor
reverta a sua. Embora a doutrina católica sofra
alterações, depende de sua força a ilusão de que não. Os pés podem estar
dançando sob a batina, mas o manto pode nunca se mover. No entanto,
isso também significa que mudanças que haviam ocorrido podem ser
revertidas sem qualquer movimento oficial. É assim que João Paulo II atingiu o Vaticano II.
Para garantir que as mudanças de Francisco vão
perdurar, a Igreja tem que aceitá-las. Essa é uma pergunta que não será
respondida em sua vida. Ele tem 80 anos e só tem um pulmão. Seus
adversários podem ser rezando por sua morte, mas ninguém sabe se seu
sucessor tentará contradizê-lo – e dessa questão depende o futuro da Igreja Católica.
Disponível em: http://www.ihu.unisinos.br/575048-a-guerra-contra-o-papa-francisco-2
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