Ela afirma que, sem confinamento das mulheres à reprodução, não haveria
capital; italiana escreveu livro sobre corpo e acumulação primitiva.
A luta de classes passa pelo corpo - e, principalmente, pelo da mulher. É
o que afirma a historiadora italiana Silvia Federici, em entrevista a Opera Mundi. "O corpo da mulher é a última fronteira de conquista do capital", diz.
"Uma divisão entre produção para o mercado que se converte em trabalho
assalariado, isso sobretudo para os homens, e a reprodução da vida, da
força de trabalho, que é um trabalho não assalariado, muito
desvalorizado, muito naturalizado e são cada vez mais as mulheres que
ficam concentradas nesse trabalho", diz Federici, autora do livro
"Calibã e a Bruxa - Mulheres, Corpo e Acumulação Primitiva".
A historiadora ainda destaca o controle do Estado sobre o corpo da
mulher, afirmando que "o corpo da mulher se converte em uma máquina de
produção de trabalhadores. Assim que se instituem tantas leis e práticas
para penalizar o aborto, para criminalizar todas as tentativas que
fazem as mulheres para controlar seus corpos".
Silvia Federici afirma que sem confinamento das mulheres à reprodução, não haveria capital
A italiana também aponta para a desvalorização do trabalho doméstico,
que muitas vezes é tido como "menos criativo" que a "construção de uma
cadeira ou uma casa". Federici propõe que se resignifique esse trabalho:
"Como se pode dizer que produzir a vida das novas gerações, educar,
conversar, é menos criativo do que construir uma casa, um carro, uma
cadeira, um brinquedo? Por isso é importante para mim resignificar esse
trabalho. Creio que deve ser parte da luta."
Federici também enxerga o papel das mulheres como "servas" dos homens e
culpa o capitalismo por isso. "Minha tese é de que o desenvolvimento do
capitalismo transformou as mulheres em servas dos homens", afirma.
Confira entrevista completa:
Corpo da mulher é a última fronteira de conquista do capital', diz Silvia Federici
https://www.youtube.com/watch?v=XyG8wGXXTeE
Disponível em: http://operamundi.uol.com.br/conteudo/geral/48536/corpo+da+mulher+e+ultima+fronteira+de+conquista+do+capital+diz+historiadora+italiana
+silvia+federici.shtml
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