Juiz aceita a acusação contra ex-deputado por ação controlada que o flagrou carregando uma valise com propina da JBS.
O "homem da mala" não teve a mesma sorte que o presidente
Considerado por Michel Temer como homem de sua "estrita confiança" em diálogo com Joesley Batista, o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures
não teve a mesma sorte que o presidente em relação à denúncia
apresentada pelo ex-procurador-geral Rodrigo Janot sobre o escândalo da
mala com 500 mil reais em propina da JBS.
Nesta segunda-feira 11, o
juiz Jaime Travassos Sarinho, da 10ª Vara Federal em Brasília, aceitou a
denúncia contra o ex-assessor de Temer por corrupção passiva. Após a
Câmara barrar, por 263 votos a 227, o prosseguimento da acusação contra o
presidente, o Supremo Tribunal Federal remeteu os autos para a primeira
instância, onde seguirá a ação contra Loures. Ex-parlamentar, o "homem
da mala" não ocupa mais cargo com foro privilegiado.
Em
sua decisão, o magistrado concluiu que a peça descreve fatos que, "em
tese, são criminosos" e está amparada em "elementos de convicção".
Sarinho argumenta que há ainda "substrato probatório mínino" para a
aceitação da denúncia.
Nas 60 páginas da denúncia por corrupção passiva que apresentou ao STF contra Temer, Janot
buscou conectar dois conjuntos de fatos para provar a culpa do
presidente. O primeiro envolvia a negociação da propina semanal feita
entre representantes do grupo J&F, de Joesley Batista, e Rocha Loures.
O
segundo conjunto compõe o estreito relacionamento entre o presidente e
seu ex-assessor. Para Janot, havia evidências de que, ao pedir e receber
propina, Rocha Loures estava atuando em nome de Temer.
A
principal prova contra Loures na denúncia é a mala com 500 mil reais de
propina que ele recebeu de Ricardo Saud, diretor de Relações
Institucionais do grupo J&F, em um encontro entre os dois em 28 de
abril deste ano, em São Paulo. Os dois se reuniram inicialmente no
Shopping Center Vila Olímpia, na zona oeste da cidade, e depois foram
para uma pizzaria na rua Pamplona, nos Jardins, zona sul.
Todo
o encontro foi acompanhado, fotografado e filmado pela Polícia Federal
em uma "ação controlada" autorizada pela Justiça. Há registro em vídeo
de Rocha Loures correndo com a mala de dinheiro em direção a um táxi que
o aguardava nas proximidades da pizzaria. Tanto a ação da PF quanto o
depoimento do motorista de táxi confirmam que Rocha Loures entrou no
restaurante sem bagagem e saiu de lá com a mala.
Na segunda parte da denúncia, Janot buscou relacionar a propina recebida por Rocha Loures a Temer por meio de diversos pontos.
Segundo
a denúncia original, o ex-assessor foi o responsável pelo agendamento
do encontro entre Joesley Batista e Temer em 7 de março. Seis dias
depois, um encontro entre o empresário e Rocha Loures confirmou, segundo
Janot, que o então deputado seria o novo ponto de contato entre Temer e
Batista.
Outro
ponto destacado pelo ex-PGR é uma conversa entre Rocha Loures e o
presidente em exercício do Cade, na qual o ex-deputado fala abertamente
sobre uma fatia de 5% do negócio. No diálogo, ele cita o presidente.
Disponível em: https://www.cartacapital.com.br/politica/ao-contrario-de-temer-rocha-loures-vira-reu-por-mala-de-500-mil
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