quarta-feira, 17 de maio de 2017

POR QUE É TÃO RELEVANTE A DESACREDITAÇÃO DE LULA?

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A máquina nazista desenvolveu poderosas estratégias de controle de massas, uma das quais consistia em repetir indefinidamente uma mentira até que, por um mecanismo de saturação mental, as pessoas passassem a acreditar nela. Foi assim que Hitler e seus asseclas conseguiram apoio público para o insano genocídio de um povo. Eles conseguiram tornar o irracional em algo visto por quase todos como racional e justo.
Os proprietários dos Meios de Comunicação Social (MCS) no Brasil, segundo avaliação da própria revista Forbes, estão entre as pessoas mais ricas do mundo. Eles não representam as elites. Eles a constituem. Ao lado dos especuladores e dos donos das megaconstrutoras, das montadoras de automóveis, como também dos controladores das novas tecnologias, fazem parte do seletivo e aristocrático poder econômico que controla monopólios e oligopólios em todo o mundo. A mesma capacidade têm de controlar governos nacionais e locais, especialmente aqueles situados na periferia da aldeia global. Ditam regras, políticas econômicas, concessões sociais e, o que verdadeiramente mais lhes interessa: manipulam o consumo e, por assim dizer, o próprio mercado de capitais.
Para manter o seu total controle dos mercados locais e global, tais elites necessitam dos Estados Nacionais, que funcionam como seus gerentes de fábrica, assegurando, assim, seus interesses insaciáveis, bem como as garantias da perpetuação de seu poder despótico sobre o bolso e a mente do cidadão comum.
O que acontece quando, por qualquer motivo, um destes governantes incomoda as elites?
A resposta é sempre a mesma. Ele é alvo de uma campanha orquestrada pelos MCS a fim de desacreditá-lo. Isso ocorreu inúmeras vezes na história da América Latina (vejam os casos de Jean-Bertrand Aristide, no Haiti, e do monsenhor Fernando Lugo, que presidiu o Paraguai) e, especialmente, no Brasil: Jango, Getúlio, Juscelino, Dilma e muitos outros também se tornaram problemas que precisavam terminantemente ser resolvidos.
Com Lula a situação era um pouco mais delicada, pois o metalúrgico conseguiu se tornar não apenas uma liderança nacional de enorme carisma, mas, verdadeiramente, a única liderança que, efetivamente, consegue se comunicar com boa parte da nação. Mesmo quem não gosta dele não pode negar sua tremenda influência sobre setores organizados ou não da sociedade. Ele fala, a milhares de quilômetros, com um cidadão comum e consegue ser entendido por ele. Ninguém mais neste país tem este desejado poder.
É importante mencionar que Lula não é nenhum santo e que, para conseguir alçar-se ao cargo em que se manteve por oito anos, necessitou promover uma rotunda aliança com estas mesmas elites.
Efetivamente, nunca tivemos um governo socialista no Brasil nem mesmo com o PT. De todo modo, o lulismo sempre foi muito perigoso para as elites, pois elas não o controlam por completo. Lula, assim como Getúlio, se tornou forte demais. Necessita, portanto, ser apagado, ou, dito de uma maneira moderna, há que ser desacreditado.
Chega a ser ridículo querer provar que um homem que esteve à frente de uma nação por quase uma década seja acusado pela compra ilícita de um sítio e de um apartamento. Sérgio Cabral mostrou até que ponto se pode enriquecer quando se é verdadeiramente corrupto: uma vida luxuosa com diamantes, viagens internacionais, inúmeros imóveis e muitos outros bens que fazem o “patrimônio” atribuído a Lula parecer uma piada.
O pecado de Lula foi outro: a sua tentativa de composição com a mesma elite que hoje quer o seu sangue e que quer apagá-lo da cena política nacional e mundial. Ele deveria ter utilizado seu carisma e sua autoridade, que emanava diretamente do povo, para promover as mudanças necessárias na vida política brasileira. Ao contrário disso, afastou-se dos movimentos sociais e cultivou "amizades" com pessoas como Marcelo Odebrecth, Michel Temer e muitos outros membros da corte de vampiros.
Durante os últimos vinte anos revistas como VEJA, ISTOÉ e tantas outras têm estampado seu rosto nas capas semanais, sempre com manchetes negativas, acusações diversas e toda sorte de tentativa de destruição de sua personalidade coletiva. O Jornal Nacional, a vedete da mais importante empresa de manipulação de mentes já fabricada em solo brasileiro, tornou-se um veículo especializado em disseminar a desconfiança e o ódio contra o ex-presidente. Seu nome é pronunciado à exaustão no noticiário televisivo e os adjetivos a ele associados estão sempre ligados à corrupção, ineficiência e outros negativismos afins.
Nem a fuga de assinantes das revistas e nem de telespectadores dos jornais foi capaz de conter esta insana cruzada.
No final das contas não importará tanto se o ex-presidente for considerado culpado ou inocente, desde que se impeça de qualquer jeito o seu retorno à cadeira presidencial.
Quando toda esta saga terminar, de que valerão alguns minutos de redenção após décadas de ataque atômico? Quem aí não se lembra do famigerado pedido de desculpas da Rede Globo, feito em alguns segundos pelo âncora do Jornal Passional, sobre o apoio irrestrito da vênus platinada aos vinte anos da ditadura militar?



Israel Brandão, Ph.D

Disponível em:  https://www.facebook.com/israelrb/posts/10210765773874636

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