Representantes das empresas foram ouvidos na CPI do Trabalho Escravo da Assembleia Legislativa de São Paulo.
SÃO PAULO - A Comissão Parlamentar de Inquérito do Trabalho
Escravo da Assembleia Legislativa de São Paulo ouviu nesta quarta-feira
representantes da marcas M. Officer e Marisa. De acordo com declarações
de diretores das empresas, alvos de denúncias do Ministério do Trabalho,
as roupas vendidas por ambas eram compradas prontas de fornecedores
terceirizados. Portanto, esses fornecedores seriam os únicos
responsáveis por manter trabalhadores em condições análogas à
escravidão, declararam os representantes da M. Officer e da Marisa.
A diretora da M. Officer, Rosicler Fernandes Gomes, disse
aos parlamentares que a marca, embora seja registrada como uma
confecção, não desenha suas coleções e "jamais visitou quem idealiza as
peças e as entrega prontas, nem após a primeira denúncia de trabalho
escravo em 2013". De acordo com a diretora da M. Officer, empresas
contratadas pela marca para confeccionar suas peças não poderiam ter
repassado o trabalho a outras.
No início do mês de maio, fiscais do Ministério do Trabalho
resgataram seis bolivianos que costuravam peças da marca M. Officer em
condições análogas à escravidão em uma oficina na zona leste da capital
paulista. Segundo o auditor do ministério, Luiz Alexandre Faria, os
trabalhadores eram submetidos a jornadas extenuantes de trabalho em
ambiente insalubre e perigoso.
“O que a equipe encontrou foi uma situação bem chocante”, afirmou o auditor.
O flagrante ocorreu em ação conjunta do Ministério do
Trabalho e Emprego, do Ministério Público do Trabalho (MPT), da
Defensoria Pública da União e do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª
Região.
A Marisa foi envolvida em denúncias de utilizar mão-de-obra
em condições análogas à escravidão em 2007 e depois em 2010. A Marisa
questiona na Justiça a autoridade dos auditores do Ministério do
Trabalho nas fiscalizações e também a constitucionalidade da Lista Suja
do Trabalho Escravo.
“Estamos exercendo nosso direito de defesa”, afirmou Ricardo
José Ribeiro dos Santos, diretor de Expansão, Patrimônio e Relações
Institucionais da Marisa.
“As empresas dizem tomar providências para auditar a própria
cadeia produtiva e afirmam ter responsabilidade social. Mas estão com
um exército de advogados questionando a fiscalização” - disse o
presidente da CPI, deputado Carlos Bezerra Jr.
Disponível em: https://oglobo.globo.com/economia/apos-denuncias-de-trabalho-escravo-officer-marisa-afirmam-que-roupas-vinham-de-terceirizados-12920768
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