A Netflix tem se mostrado, desde o início de suas
atividades, como uma empresa que aposta na diversidade. Seja ao tratar
de assuntos raciais, de gênero e de sexualidade, em produções originais e
com um acervo de streaming repleto de obras que completam minorias, com representatividade e respeito.
No entanto na última atualização do catálogo para o mês de abril,
vários assinantes do canal ficaram surpresos e decepcionados com a
inserção do filme Pink, do diretor mexicano Paco Del Toro,
que busca demonstrar como a homossexualidade é algo errado e que a
adoção de crianças por um casal de gays ou de lésbicas deveria ser
proibida.
No longa-metragem, que causou a ira de grupos LGBT em seu país de
origem, um menino é adotado por um casal de homens, um que incorpora os
ideais do ‘macho’ e um afeminado. Os dois recebem, com frequência, a
visita de amigos, também afeminados, que são a personificação dos
estereótipos atribuídos a homens gays: escandalosos, de que dão em cima
de todos os homens, de que só pensam em moda e sexo. Indo além, um
desses amigos ainda assedia o filho do casal, reforçando aquela
ultrapassada ideia de que homossexuais são pervertidos, promíscuos e
pedófilos.
A criança começa a ficar confusa com sua própria sexualidade, por
conta do convívio com seus pais e as pessoas que os cercam; como se a
homossexualidade fosse ‘aprendida’ ao longo da vida, até que um dos pais
começa a ler a Bíblia e rejeita o ‘estilo de vida homossexual’,
enquanto o outro é infectado com HIV, pois afinal de contas, esse é o
castigo divino aos gays.
O filme é uma verdadeira depreciação à comunidade LGBT, ao respeito e
à dignidade humana, pois além de não expor a verdade, dissemina uma
ideia retrógrada e preconceituosa. Na própria página do Facebook
da produção fica claro que o objetivo do filme é encorajar a homofobia:
“No princípio da criação, Deus fez o homem e a mulher. Por isso,
deixará o homem como pai e ele se unirá à mulher, e os dois serão apenas
uma carne”.
E para completar, ao final do longa, antes de subirem os créditos,
uma mensagem aterradora surge dizendo que “estudos científicos mostram
que a atração sexual entre pessoa do mesmo sexo é maior em crianças que
vivem com casais gays ou de lésbicas. Em nome do ‘progresso e da
democracia’, está sendo gerada uma sociedade irreconhecível, em que o
matrimônio entre um homem e uma mulher será ‘coisa rara’ no futuro. Tudo
sob a complacência de uma sociedade adormecida e carente de valores com
que parece já não se importar”.
Segundo o diretor de Pink, Paco del Toro, seu objetivo com a produção
é o de ‘proteger as crianças’ e alertar a sociedade. “As crianças não
devem ser troféus para o movimento gay. Os interesses de uma criança
deveriam prevalecer na adoção”, ele disse
em uma entrevista. “É claro que uma criança adotada por gays pode se
tornar homossexual, pois a criança absorve os comportamentos e os
costumes da casa como esponjas”.
No México, um abaixo-assinado foi feito para impedir que o filme
fosse exibido nos cinemas. Por aqui, já há uma petição para que a Netflix tire a obra de seu catálogo. Até o fechamento deste post, ela já conseguiu quase 2000 assinaturas. Clique aqui para assiná-la.
Em tempos de maior visibilidade à comunidade LGBT na mídia, Pink vai
na contramão de tudo o que conquistamos e que buscando para uma
sociedade mais justa e igualitária, e é um tiro no pé da Netflix, que
tanto se diz a favor da diversidade e do respeito.
Assista ao trailer:
PINK Trailer Oficial, Estreno Nacional 04 DE MARZO 2016
https://www.youtube.com/watch?v=7EsZiUGPIxo
Disponível em: http://www.nos2.co/2017/04/peticao-on-line-pede-a-retirada-de-filme-homofobico-do-catalogo-da-netflix/
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