Alunas apontam machismo e depreciação do corpo feminino no nome e brasão de dois dos times inscritos no evento, organizado pelo CA de Direito de uma instituição de Fortaleza.
Um torneio de futebol organizado pelo Centro Acadêmico do curso de Direito do Centro Universitário 7 de Setembro, na manhã do último sábado foi alvo de protesto na manhã desta segunda-feira, 10. Alunos de diversos cursos repudiaram o machismo e a depreciação do corpo feminino expresso por dois dos times inscritos na chamada Copa Tabosão.
Uma
das equipes intitulada "habeas pernas" além do nome conter um
trocadilho sugestivo, utilizou como brazão a imagem de uma mulher com as
pernas abertas. Outro time chamado "Atecubanos", lido de trás para
frente mostra expressões ofensivas e machistas às mulheres.
Em depoimento feito por uma das alunas
no Facebook, ela afirma que ao perceber os trocadilhos e ofensas, as
alunas resolveram se manifestar e contestar os responsáveis, "nós
respondemos. Dissemos que não gostamos. Fizemos barulho. Não nos
calamos. Se não poderíamos nos calar como estudantes, como mulheres é
que isso não poderia ocorrer mesmo. A resposta foi só uma ratificação do
desrespeito pelo qual já tínhamos passado: disseram que nós estávamos
exagerando, tempestade em copo d'água, era uma brincadeira. Até
mulheres, porque sim, a maior vitória do opressor é ter o oprimido do
seu lado, nos mandaram procurar o que fazer, nos preocuparmos com a
violência real. Nós fomos desrespeitadas", o post ganhou repercussão e
muitos alunos também mostraram revolta com o acontecimento.A
vice-presidente do CA de Comunicação Social, Karol Saldanha, afirma que a
"manifestação é necessária e o ato de hoje é uma resposta ao ato de
machismo desses alunos e da objetivação da mulher. Mostramos que nós
alunos não podemos deixar que esses atos de desrespeito se perpetuem
dentro do ambiente acadêmico", afirma.
O
presidente do CA de Direito, Alysson Castro, afirmou que os
organizadores receberam os nomes dos times e que não perceberam o
trocadilho. Acrescentou que a única atitude que poderia ser tomada na
hora era cobrir o brasão e os nomes das equipes. Em nota, os
organizadores afirmaram que "não corrobora com qualquer prática machista
e que repreenderá, dentro dos limites do razoável, atitudes que causem
constrangimento indevido a qualquer grupo social", a nota foi divulgada
no perfil oficial do Centro Acadêmico Agerson Tabosa no Facebook. Em
nota divulgada pelo Centro Universitário 7 de Setembro, a instituição
afirma que irá tomar as providências acadêmicas previstas em seu
regimento interno e que valoriza a manifestação dos alunos. Apesar da
nota divulgada nas redes sociais e em seu site oficial, a diretoria da
instituição se recusou a falar com o O POVO Online sobre o assunto.
Redação O POVO Online
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