Grupos de extrema-direita divulgam nas redes foto falsa do que seria a estudante Maria Eduarda portando um fuzil para justificar seu assassinato dentro da escola. Família da menina reagiu indignada. Dois PM's estão presos preventivamente.
A menina Maria Eduarda [esq] e a foto falsa [dir] divulgada por fascistas nas redes sociais
Grupos de extrema-direita estão
divulgando nas redes sociais uma foto que seria da menina Maria Eduarda,
13, morta após ser alvejada dentro da escola em que estudava, no Rio de
Janeiro.
Na foto falsa, uma outra menina — supostamente
ligada ao tráfico de drogas — aparece segurando um fuzil. Os
responsáveis por disseminar a imagem inverídica pretendem justificar a
ação dos policiais acusados de matar Maria Eduarda.
Após a circulação da imagem, a família de Maria
Eduarda se manifestou no Facebook para desmentir o que está sendo
contado na internet. Uma prima desabafa e pede respeito.
“A foto de uma menina negra, junto a um áudio,
dizendo “olha o que a garota baleada dentro da escola está portando. Um
fuzil” a foto não tem nada a ver com a Duda. Por favor respeitem, todos
nós da família estamos sofrendo. Minha prima não merece isso! Basta de
tanta violência e desrespeito!”, escreveu.
Agentes da Divisão de Homicídios, que apuram o
homicídio da menina, asseguram que a jovem da foto não é Maria Eduarda.
Em pesquisas na web, é possível encontrar o mesmo arquivo que está sendo
compartilhado agora em publicações antigas. Em uma delas, num blog, a
postagem foi feita há dois anos.
Laudo
Dois tiros na base do crânio foram a causa da morte da estudante Maria Eduarda, de acordo com o laudo da necrópsia.
De acordo com o documento, o corpo da menina tinha
duas perfurações na base do crânio e dois ferimentos na região dos
glúteos. Um deles é típico de saída de projétil, conforme aponta o
laudo.
Ainda segundo o resultado apresentado pelos peritos, a causa da morte foram os tiros que atravessaram a cabeça da jovem.
Quatro fragmentos de chumbo foram retirados da
cabeça da estudante e enviados para a perícia. As quatro partes formam o
núcleo do projétil.
Porém, as balas que atingiram a cabeça de Maria
Eduarda não foram enviados para a perícia porque não foram localizadas.
Por fim, um pedaço que reveste o chumbo foi localizado na nádega da
jovem.
O material encontrado foi enviado nesta
segunda-feira (3) para o Instituto de Criminalística Carlos Éboli. Todas
as balas, de acordo com o laudo da autópsia, entraram pelo lado direito
do corpo.
O ex-diretor do Instituto de Criminalística Carlos
Éboli e perito criminal, Mario Bonfatti, afirmou que os fragmentos
encontrados são a entender que a bala era de um fuzil.
“Nós temos três fragmentos: um maior amarelo e
alguns pequenos fragmentos de chumbo, provavelmente, que estiveram no
interior deste maior. Este maior da para quase afirmar que partiu de um
fuzil. Existe ali alguns vestígios de raiamento que pode até identificar
de que arma partiu, desde que se tenha um padrão”, disse Bonfatti.
Seis ferimentos
O delegado titular da Divisão de Homicídios (DH) da
Polícia Civil, Fábio Cardoso, afirmou que o laudo do exame de necropsia
apontou seis ferimentos no corpo da estudante.
Segundo Cardoso, a menina foi atingida por tiros de
cima para baixo, na altura das nádegas, e também de baixo para cima, na
coluna cervical. Como ela estava em uma aula de Educação Física,
poderia estar em movimento e por isso os tiros a atingiram nesses dois
pontos.
Reconstituição
O delegado que a polícia fará uma reprodução
simulada do caso, que deve ser realizada em até 30 dias, de acordo com o
andamento das investigações, já que é necessário ter o máximo de
informações colhidas em depoimentos e nos laudos periciais.
“A melhor forma de apurar isso, além do confronto
balístico, é a reprodução simulada para saber quem atirou na
adolescente”, disse.
Em entrevista à TV Globo, o delegado voltou a afirmar que os tiros que mataram a jovem não partiram de um fuzil modelo AK-47, que não pertence ao arsenal da polícia.
Inquérito
Do lado de fora do colégio de Maria Eduarda, dois
homens já baleados e caídos ao chão foram executados pelo cabo Fábio de
Barros Dias e o sargento David Gomes Centeno, lotados no 41º BPM, que
estão presos preventivamente no Batalhão Especial Prisional (BEP), em
Niterói.
Os dois policiais são investigados ainda em mais 16
inquéritos. Um deles apura a morte de outra adolescente, atingida
dentro de casa, na mesma área. O nome dela também era Maria Eduarda.
A cena de execução foi flagrada em um vídeo que
circula nas redes sociais. A Corregedoria da Polícia Militar abriu um
Inquérito Policial Militar (IPM) para investigar a conduta dos dois PMs.
com informações da mídia local
Disponível em: http://www.pragmatismopolitico.com.br/2017/04/foto-falsa-de-maria-eduarda-para-justificar-assassinato.html
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