Ao saber que ia ser preso, Eduardo Cunha telefonou para o alto escalão do governo Temer pedindo ajuda. “Estão atrás de mim. Eu vou ser preso, eu vou ser preso”, repetia, impaciente. Amigo pessoal do ex-deputado garante que o jogo está apenas começando e “a terceira temporada começa em breve”
Ao saber que seria preso nesta
quarta-feira (19) pela Polícia Federal, Eduardo Cunha telefonou para o
alto escalão do governo Temer pedindo ajuda. “Eu vou ser preso, eu vou
ser preso. Estão atrás de mim”, repetia, impaciente. As informações
foram divulgadas pela coluna Painel, da Folha de S.Paulo.
Ao determinar a prisão de Eduardo Cunha, o juiz
Sérgio Moro recomendou que o político não fosse algemado em nenhuma
hipótese, com a exceção apenas na hipótese de risco concreto aos
policiais federais.
O magistrado também não permitiu que o ato fosse
filmado ou fotografado, nem mesmo durante o deslocamento até Curitiba,
como aconteceu com outros acusados.
“Não deve ser utilizada algema, salvo se, na
ocasião, evidenciado risco concreto e imediato à autoridade policial.
Consigne-se que, tanto quanto possível, não se deve permitir a filmagem
ou a fotografia do preso durante a efetivação da prisão e deslocamento
do preso”, afirmou Moro.
Chegada a Curitiba
Na quarta-feira, o avião da PF que trouxe Cunha
pousou no aeroporto Afonso Pena, na região metropolitana de Curitiba,
por volta de 16h40 e ele chegou à sede da PF às 17h15. Fotógrafos
conseguiram registrar algumas imagens, mas o ex-deputado não estava
algemado, conforme determinou o juiz.
Eduardo Cunha chegou abatido à carceragem da PF.
Foi logo trancado. Fará companhia a Antonio Palocci. Apenas uma cela
separa os dois presos da Lava Jato.
Apreensão no governo
Houve muita apreensão no governo desde a confirmação da prisão de Eduardo Cunha. O presidente Michel Temer voltou às pressas do Japão,
onde cumpria agenda oficial em Tóquio. Temer ordenou ainda aos
interlocutores do governo que não fizessem comentários públicos sobre o
episódio.
Internamente, porém, assessores presidenciais
admitiam que a prisão de Eduardo Cunha gera um clima de incerteza porque
ele é considerado um político “incontrolável” e sempre se mostrou
disposto a qualquer coisa para tentar salvar a própria pele.
Nos últimos dias Cunha já vinha enviando recados
para o governo atirando em Moreira Franco, secretário-executivo do
Programa de Parcerias do Investimento e um dos mais próximos amigos do
presidente.
O problema, reconhecem governistas, é que se
Eduardo Cunha resolver abrir sua caixa preta, ele vai envolver outros
nomes do PMDB e ligados ao presidente. Podendo revelar, inclusive,
episódios relacionados a Temer, já que os dois sempre foram muito
próximos.
Além do receio de que uma eventual delação atinja
nomes próximos a Temer, inclusive o próprio presidente, governistas
temem que ela acabe prejudicando as votações de interesse do Planalto na
Câmara dos Deputados.
Um peemedebista amigo de Eduardo Cunha que almoçava
enquanto soube da prisão do ex-deputado garantiu que o jogo está apenas
começando. “A terceira temporada começa em breve. A primeira foi a
queda de Dilma, a segunda, a do próprio Cunha. O capítulo final da
trilogia teria o título ‘Michel Temer'”, afirmou.
VÍDEOS:
Cunha faz exame no IML
https://www.youtube.com/watch?v=e2gSPlqCiE8
Eduardo Cunha é preso na Operação Lava Jato em Brasília (EXCLUSIVO)
https://www.youtube.com/watch?v=-srsST9VScM
Disponível em: http://www.pragmatismopolitico.com.br/2016/10/o-telefonema-desesperado-de-eduardo-cunha-antes-de-ser-preso.html
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