Com 256 eleitos, legenda conquistou apenas uma capital. Desempenho no Nordeste, em particular na Bahia, também foi decepcionante.
O PT elegeu 256 prefeitos em 2016, 60% a menos
do que em 2012
Como era esperado, o PT
perdeu o comando de grande número de municípios nas eleições de 2016.
Ao eleger 256 prefeitos no primeiro turno, o partido comandará no máximo
263 cidades a partir de 2017, caso vença nos sete municípios em que
ainda participa da disputa, feito improvável na atual conjuntura.
É uma queda de 60% em comparação a 2012, quando o Partido dos Trabalhadores
foi bem-sucedido em 638 candidaturas. Os despojos dividiram-se por uma
miríade de siglas, sobretudo do campo conservador. Entre os principais
partidos, o PSDB, o PSD, o PDT e o PCdoB tiveram um resultado superior
ao das eleições passadas (veja o gráfico abaixo).
A diminuição no número de eleitos foi amplificada por derrotas que
simbolizaram o isolamento político e a dificuldade de articulação do
partido, com destaque para a frustrada campanha de Fernando Haddad em São Paulo, onde João Dória, do PSDB, acabou eleito com 53% dos votos.
Marcus Alexandre, único petista eleito no primeiro turno nas
capitais, foi escolhido para mais um mandato em Rio Branco, no Acre, e
recebeu 54% dos votos. No Recife, João Paulo segue na disputa com o
atual prefeito Geraldo Julio, do PSB, que por pouco não foi eleito já
neste domingo.
Em 2012, o PT havia eleito quatro prefeitos nas capitais: além da
capital paulista, a legenda conquistou os municípios de Rio Branco,
Goiânia e João Pessoa.
No Nordeste, o PT também perdeu espaço. Em 2012, a legenda conquistou
187 prefeituras na região. Neste ano, foram 116 até o momento. Na
Bahia, governada pelo partido desde 2007 e um de seus redutos eleitorais
mais relevantes, o PT caiu de 92 para 40 prefeituras.
Enfraquecido pela debandada de candidatos e de prefeitos eleitos e
pelo queda na participação em coligações, a diminuição no controle dos
municípios era esperada antes mesmo da abertura das urnas. Um em cada
cinco prefeitos eleitos pelo partido em 2012 pediu desfiliação ou foi
expulso e quase um quarto dos candidatos do partido concorreu sem apoio
de outros partidos.
Prioridade da legenda, a campanha de Haddad demorou a decolar. O
petista surgia em quarto lugar nas pesquisas durante boa parte da
campanha. Terminou em segundo, à frente de Celso Russomanno (PRB) e Marta Suplicy (PMDB), com 16,7% dos votos. Sua votação foi pouco superior à soma de brancos e nulos no município, que chegou a 16,6%.
Na Região Sul, o partido elegeu 69 prefeitos. Raul Pont despontava
com chances de ir ao segundo turno em Porto Alegre, mas acabou ficando
em terceiro lugar, com 16% dos votos.
Assim como no Rio de Janeiro e São Paulo, o voto do campo
progressista na capital gaúcha dividiu-se entre a candidatura do petista
e a de Luciana Genro, do PSOL, que terminou em quinto lugar com 12%.
Nas três capitais, o único candidato de esquerda ainda vivo na disputa é
Marcelo Freixo, do PSOL.
Os resultados nos municípios paulistas também foram negativos. A
legenda elegeu apenas oito prefeitos. No máximo chegará a 10: disputa o
segundo turno em Mauá, representada por Donisete Braga, e em Santo
André, com Carlos Grana.
Em São Bernardo do Campo, berço político do partido e do
ex-presidente Lula, o petista Tarciso Secoli, candidato à sucessão de
Luis Marinho, ficou em terceiro lugar, com 22,5% dos votos. Disputarão o
segundo turno Orlando Morando, do PSDB, e Alex Manente, do PPS. Antes
das eleições, quase metade dos prefeitos eleitos no estado de São Paulo
havia deixado o partido.
De acordo com o cientista político Cláudio Couto, professor
da FGV-SP, o PT precisa passar por um processo profundo de autocrítica, o
que não fez nos anos recentes. "Tem gente no partido, como o
ex-governador Tarso Genro, do Rio Grande do Sul, que puxa essa
discussão, mas a legenda está nas mãos de um conjunto de lideranças
muito resistente a isso", afirma. "Alguém consegue imaginar o Rui Falcão
liderando um processo de autocrítica do PT?".
Couto observa que o segundo mandato do governo Dilma terminou de
forma dramática, não apenas pelo desfecho do impeachment, mas também
pelo fracasso na condução da política econômica e pela perda de base no
Congresso. O maior problema para a imagem do PT, no entanto, diz
respeito aos desvios éticos de integrantes do partido, que nunca foram
objeto de sincero reconhecimento.
"Sabemos que as instituições de investigação não são tão equânimes,
mas o fato de não se investigar os outros não significa que não havia
problemas também no caso do PT".
Disponível em: http://www.cartacapital.com.br/politica/em-4-anos-pt-perde-60-das-prefeituras
Nenhum comentário:
Postar um comentário