Ladislau Dowbor, um conhecido economista, professor
da matéria na PUC -SP com vasta experiência internacional, nos oferece
aqui uma leitura diferente da crise brasileira, distanciada daquela
veiculada pelos meios de comunicação corporativos, que criaram uma
imagem distorcida de nossa realidade, com fins escusos, que articulados
com elites econômicas dominantes, auferem grandes lucros com a atual
situação político-econômica. Sua leitura é crítica e abre esperança para
o Brasil, desde que deixe de ser refém desse bloco predador e faça as
reformas políticas, econômicas, tributárias e outras. A leitura desta
entrevista nos abre uma outra janela, mesnos sinistra, diria, promissora
para a saída da crise e a retomada do bem-estar para a maioria da
população, agora ameaçado. Vale seguir o seu blog mensal, no qual refere
os principais estudos nacionais e internacionais sobre a situação da
economia, da ecologia e da política: http://www.dowbor.org
A seguir a entrevista que concedeu em São Paulo, logo depois de uma
rodada de debates sobre o futuro do Brasil entre os integrantes do
chamado Fórum Brasil 21, que tem por objetivo definir
uma agenda política comum para as forças progressistas do país. A
seguir, os principais trechos da entrevista que concedeu à jornalista
Maria Inês Nassif. Lboff
Um acumulado de impasses
O Brasil hoje vive vários impasses. Um deles tem dimensão
internacional e sofre o impacto de movimentos especulativos, sobretudo
no mercado de commodities. Nos últimos 12 meses, o minério de ferro, por
exemplo, que tem um grande peso na pauta de exportações brasileiras,
perdeu 40% do seu valor; a soja, a laranja e outras commodities
encolheram entre 20% e 30%. São cifras bastante significativas. No plano
interno, o país vive um limite estrutural. O Brasil conquistou um
conjunto de avanços, em particular nos governos de Lula e no primeiro
governo de Dilma, mas os processos de expansão das políticas sociais
chegaram a um limite, a partir do qual são necessárias mudanças
estruturais.
As eternamente adiadas reformas de base não são mais adiáveis.
A resistência das elites e a crise política
Nesta tensão, a resistência das elites mostra-se extremamente forte. É
por isso que a crise que se gera é essencialmente política. Não há base
para falar numa crise de enormes proporções, ou que o país está
quebrado, ou ainda que vai quebrar. Isso não faz o mínimo sentido. Podem
até ocorrer ajustes que levem a uma racionalização de gastos do
governo, mas isto não anula simplesmente a realidade de que o país está
num ciclo de avanços absolutamente impressionante.
Socialmente, o Brasil mudou a sua cara. Entre 1991 e 2010, o
brasileiro, que vivia até 65 anos, passou a viver 74 anos; em 2012, já
vive 75 anos; ou seja, estamos falando de um país onde os brasileiros
vivem 10 anos a mais. A mortalidade baixou de 30 por mil para 15 por
mil. Isso resulta de uma convergência de mudanças: essas pessoas
passaram a ter uma casa mais decente, a comer, são benefi ciários da
expansão do serviço básico de saúde, o SUS, etc. São fatores que
convergem para uma expansão do tempo de vida e para a redução da
mortalidade infantil e, convenhamos, dividir pela metade a mortalidade
infantil é um gigantesco avanço. Além disso, temos um conjunto de
outros números já conhecidos: a criação de 20 milhões de empregos
formais e 40 milhões de pessoas que saíram da miséria.
Segundo dados do Atlas das Regiões Metropolitanas elaborado
conjuntamente pelo PNUD, Ipea e Fundação João Pinheiro, houve uma
redução drástica da pobreza em todas essas regiões e um aumento dos
Indicadores de Desenvolvimento Básico (IDB). Mais recentemente foram
divulgados os Indicadores de Progresso Social, o IPS, que acompanha 54
indicadores que são o PIB, e coloca o Brasil no 42º lugar entre 130
países, puxado para baixo essencialmente pelo problema da segurança, que
é o ponto crítico e está diretamente ligado ao problema da
desigualdade.
O sistema financeiro emperra a locomotiva
Escrevi um documento chamado Bancos: o peso morto da economia
brasileira, em que eu descrevo como os juros internos da economia
esterilizam as ações de política econômica social. O Rubens Ricupero e o
Bresser Pereira, que foram ministros da Fazenda e entendem disso,
aprovaram as minhas anotações. O capitalismo financeiro impõe severas
limitações ao momento seguinte desses avanços sociais, ao avanço do
Brasil em direção ao futuro. Está em curso um processo de globalização
financeira mundial que torna difícil ao país adotar políticas
macroeconômicas independentes e as reformas financeiras que são
necessárias. Quando se cobra nos crediários mais de 100% de juros, a
intermediação financeira está se apropriando da metade da capacidade
produtiva da população. O imenso esforço que o Brasil fez de
redistribuição e de inclusão no mercado de dezenas de milhões de
pessoas, os bancos, os comerciantes com crediários, as administradoras
de cartões de crédito capturaram. As instituições de crédito sugaram a
capacidade de compra da população, e dessa forma esterilizaram a
dinamização da economia pelo lado da demanda. Os juros para pessoas
jurídicas são absolutamente escorchantes, o que trava também a economia
pelo lado do investimento. Os empresários já tendem a investir pouco
quando a economia está travada. Quando, ainda por cima, adquirir
equipamentos e financiar empresas custa de 40% a 50% de juros, então
esqueça de novos investimentos.
Veja o poder político que esses grupos têm para obrigar o governo
americano, o Banco Central Europeu, Bruxelas, a encontrar trilhões de
dólares em poucos meses, quando os recursos são escassos para resolver o
problema da destruição ou da pobreza.
A financeirização não é abstrata. Grupos financeiros controlam os
conselhos de administração das mais diversas empresas e ditam as
políticas das corporações.
A urgente reforma financeira
Sem dúvida, são urgentes as reformas política e tributária, mas é igualmente central uma reforma financeira em profundidade.
O componente rentista da crise é parte de minha análise. Na minha
avaliação, o fator central dessas limitações ao futuro é que não temos
mecanismos de canalização adequada dos recursos do país. O Brasil tem
uma renda per capita de US$ 11 mil e isso é um nível de renda de um
país rico. O nosso país também domina tecnologias e tem instituições.
Não existem razões plausíveis para a economia não funcionar. Contudo, a
generalização da inclusão social e a redução dos desequilíbrios internos
esbarram em razões estruturais.
O Brasil andou para frente nas últimas duas décadas
No Atlas Brasil 2013 de Indicadores de Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH), se compararmos os índices de 1991 e 2010, observamos
avanços espantosos. Em 1991 nós tínhamos 85% dos municípios do Brasil
que tinham um IDH muito baixo, inferior a 0,50. Em 2010 apenas 32
municípios estavam nessa situação, ou seja, 0,6%. Essa é uma mudança
extremamente profunda e estrutural. O Brasil começou a se transformar,
na fase anterior ao governo Lula, com a aprovação da Constituição de
1988, que criou regras do jogo democrático que permitiram o início dos
avanços.
Foi um avanço também a ruptura com a inflação. Afinal, numa hiperinflação não se consegue fazer administração do setor público.
Tudo isso viabiliza uma série de avanços significativos na década de
1990. A partir do governo Lula isso se sistematiza, e os avanços se
tornam extremamente poderosos.
Mundo em explosão
Nós estamos num ano crítico em termos mundiais. Chegamos a limites
críticos de destruição do planeta. Em 40 anos, destruímos 52% da vida
vertebrada do planeta. O relatório da WWF é dramático: nós estamos
esterilizando solo e liquidando a cobertura florestal.
Além desses problemas na área ambiental, persistem também um conjunto
deles na área da desigualdade. O relatório da Oxfam sobre a
desigualdade é devastador. Nós temos 85 famílias que têm mais patrimônio
acumulado do que a metade mais pobre da população, ou seja, 13,5
milhões de pessoas. Se você junta o ambiental e o social, conclui-se que
o mundo está explodindo.
Coffee Party
O Tea Party paralisa os Estados Unidos. Estes mesmos grupos estão
querendo um Coffee Party no Brasil. Partem do mesmo fundamentalismo, do
mesmo discurso radical conservador sem propostas. O que eles querem,
afinal? Aumentar a desigualdade?
O capitalismo financeiro impõe severas limitações ao momento
seguinte dos avanços sociais, ao avanço do Brasil em direção ao futuro.
O caminho é olhar para dentro
Se entendermos as transformações que ocorrem interna e externamente
estamos numa crise planetária e numa volatilidade extrema, inclusive
dos preços das commodities , o caminho que temos de trilhar torna-se
claríssimo. O Brasil é um país muito grande, de mais de 200 milhões de
habitantes, e tem tranquilamente 100 milhões de pessoas que precisam
melhorar a situação de vida. Nós temos, portanto, como crescer na
fronteira interna. E quando a área externa é extremamente insegura, nada
como reforçar a base interna de desenvolvimento. Isso implica manter e
aprofundar as políticas de inclusão e de distribuição de renda, mas
garantindo que isso ocorra simultaneamente às transformações
significativas no sistema financeiro.
Um futuro em suspenso
O caminho para frente é o aprofundamento da luta contra a
desigualdade por meio da inclusão produtiva, da expansão dos programas
sociais e coisas do gênero. A oposição que devemos fazer nesse momento
não é contra a presidente Dilma (Rousseff), mas para que ela avance
muito mais e retome os processos que tinham sido anunciados.
Uma crise para travar o ciclo
A imbricação entre a situação internacional e a situação econômica
interna com o seu respectivo embasamento político trava as reformas
estruturais que são indispensáveis à continuidade do processo.
É um ciclo travado, mas não acho que a direita tem qualquer coisa
coerente a propor. Não está conseguindo propor nada de coerente nem nos
Estados Unidos, nem na França, nem na Grã-Bretanha, nem em lugar nenhum.
Por todo lado está surgindo um Podemos, ou um Syriza (partido grego de
esquerda). Os Estados Unidos estão paralisados em termos de capacidade
de governo.
Capital financeiro contaminou a produção
O capital financeiro tornou-se hegemônico de uma maneira que
desconhecíamos até 2011. Naquele ano, foi divulgado o relatório do
primeiro estudo mundial sobre o sistema corporativo internacional,
produzido pelo Instituto Federal Suíço de Pesquisa Tecnológica (ETH),
que corresponde ao MIT da Europa e tem 31 prêmios Nobel de Tecnologia, a
começar por Albert Einstein. Uma fonte absolutamente inatacável.
Segundo o estudo, 737 grupos do planeta controlam 80% do valor das
empresas transnacionais. Destes, 147 grupos, dos quais 45 são bancos,
controlam 40% do sistema mundial. A financeirização, portanto, não é
abstrata, um mecanismo diluído ou misterioso. Esses grupos financeiros
controlam os conselhos de administração das mais diversas empresas e
ditam as políticas das corporações. Como são grupos financeiros que têm
participações acionárias poderosas em empresas produtivas,
eles dizem a essas empresas o que fazer: Nós queremos uma
rentabilidade de tanto, senão tiramos o nosso capital e quebramos a
empresa. Se uma empresa decide adotar uma política ambiental mais
sustentável, ou qualquer outra coisa que pode afetar a rentabilidade da
empresa, esquece.
Centenas de exemplos de fraudes das mais variadas corporações
internacionais, como as cometidas por empresas farmacêuticas, de
agrotóxicos ou os próprios bancos, têm o objetivo central de gerar
lucros. Essa estrutura mundial de poder foi suficientemente forte para,
na crise de 2008, levar trilhões de dólares de governos para socorrer os
bancos que haviam se excedido nos processos especulativos e estavam
desequilibrados. Um socorro para os grupos financeiros que criaram a
crise.
A contaminação da Justiça
O poder das corporações está estampado na votação, pelo Supremo, da
ação de inconstitucionalidade do financiamento empre-sarial de campanha.
As corporações não votam nem devem ter interesses políticos próprios. É
legítimo a Federação de Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) ser
um instrumento de participação política das corporações. Mas uma
corporação comprar um mandato para um deputado ou senador,
financiando-o, certamente isso não é certo. Seis juízes do Supremo, e
portanto a maioria, já votaram pela inconstitucionalidade do
financiamento empresarial e um único, Gilmar Mendes, ligado a interesses
evidentes, pede vistas antes das eleições. Esta única pessoa
transformou radicalmente o perfil do Congresso que foi eleito em
seguida, pois se tivesse sido proibido o financiamento empresarial antes
das eleições, os candidatos não poderiam ter mantido o vínculo com as
corporações empresariais. Isso também é uma medida do grau de
aprisionamento da política pelo Judiciário, pelas corporações e pela
mídia, e coloca como objetivo central das forças progressistas resgatar o
processo democrático da órbita do poder econômico.
Crédito a Fernando Henrique, mas em termos
É creditado ao governo Fernando Henrique Cardoso a ruptura com o
processo inflacionário, o que é correto. Mas, segundo o The Economist,
em 1992 o mundo tinha 44 países com hiperinflação, e todos eles
liquidaram esse problema pela razão simples de que não se abriria a eles
a possibilidade de participar do sistema financeiro que se
internacionalizava se não resolvessem seus processos inflacionários. A
globalização financeira, a formação do sistema especulativo, a chamada
financeirização era incompatível com economias que tinham moedas não
conversíveis, que mudavam de valor no decorrer do dia.
A articulação do rentismo com a mídia
O maior jornal econômico do país, por exemplo, em fevereiro publicou
uma matéria que contém um quadro com as projeções de inflação, com o
título: O que os economistas esperam. E são listadas 21 apostas em
índices inflacionários feitas por economistas de instituições. Entre
eles, não tem nenhum Amir Khair, um Luiz Gonzaga Belluzzo, uma Tânia
Bacelar, um Rubens Ricúpero, um Bresser Pereira ou um Márcio Pochmann;
sequer um IBGE ou um DIEESE. Apenas de bancos ou consultorias ligadas ao
mercado financeiro e ambos ganham com a inflação. Esses economistas
geram expectativas inflacionárias que se autocumprem, pois os agentes
econômicos acompanham as expectativas e elevam preventivamente os
preços.
Existe um trabalho de chantagem e contaminação pelo aceno do risco
inflacionário e todos sabem que a inflação é um golpe mortal em
termos políticos. Esse tipo de chantagem segura o governo pelo pescoço. A
inflação virou arma ideológica.
Uma crise civilizatória
Não há mais pobres como antigamente. As pessoas hoje sabem que podem
ter uma saúde decente para os seus filhos, acesso à educação decente e a
outros direitos. Nesse sentido vivemos uma crise civilizatória. Não é
simplesmente uma crise global que o mundo enfrenta. O volume de recursos
apropriados pelos intermediários financeiros seria suficiente para
enfrentar tanto a reconversão tecnológica que o meio ambiente exige, com
os investimentos de inclusão produtiva que a dinâmica social determina.
Isso seria conferir uma outra articulação do sistema financeiro, pois
ele não é só moeda, mas o direito de alocar os recursos onde eles são
necessários. A função da moeda não é a especulação financeira. Essa é a
reconversão que temos pela frente, que une a oposição propositiva que
queremos criar no Brasil. Daqui saíram US$ 20 bilhões para paraísos
fiscais, ou 25% do PIB, dinheiro que daria para financiar Deus e o
mundo.
Rentismo, um obstáculo
O rentismo é um conceito que se vincula ao mercado internacional, que
gerou uma espécie de elite que vive dos juros, não da produção. E isso
tem uma enorme profundidade no país. O San-
tander, por exemplo, que é um grande grupo mundial, tem cerca de 30%
de seus lucros originários do Brasil. Isto é, o mercado financeiro impõe
drenos e também estruturas políticas de poder que tornam muito difícil a
qualquer governo gerar transformações necessárias para romper essa
lógica. De, 2013 a 2014, Dilma tentou reduzir a taxa Selic e os juros de
acesso de pessoas físicas e jurídicas ao crédito, e a reação foi de
pressões políticas muito fortes. E é curioso como as reações se
manifestam. Quando se baixa os juros, nas televisões, nas rádios, nos
jornais, imediatamente se consulta os chamados economistas que dizem, é
inevitável, a inflação vai subir. Em regra, esses economistas são
todos eles de empresas financeiras.
Crise internacional não é impedimento, mas oportunidade
É esse contexto internacional que torna fundamental a adoção de
medidas inclusivas, a expansão do horizonte interno econômico. É vital
nos basearmos nos objetivos internos da nossa economia. Nas condições de
hoje, apoiar o país no sistema internacional é suicídio. Nessa
perspectiva, superdimensionar o problema fiscal pode ser um erro, pois
há ralos muito maiores no sistema financeiro. O país tem que resgatar o
que vaza por sistemas especulativos e para paraísos fiscais e financiar a
inclusão produtiva da maioria da população.
O Brasil não está quebrado, mas sob ataque
O (Luiz Gonzaga) Belluzzo diz que as forças conservadoras estão
criando, politicamente, uma crise e eu concordo. O Brasil não está
quebrado. A origem desta crise não está em uma crise econômica que gera
recessão. É uma crise política criada por uma elite que quer quebrar o
sistema, e em grande parte está conseguindo isso.
A rigor, essa é a ação que envolve grandes interesses, em particular
interesses internacionais no Pré-Sal e o interesse dos grandes bancos
internacionais que querem manter a mamata da Selic elevada, pois é um
grande negócio aplicar aqui e ganhar 12% de juros, enquanto os Bancos
Centrais da Europa e dos Estados Unidos estão trabalhando com taxas de
juros de 0,5%, quando muito 1%.
A tentativa da Dilma de reduzir a Selic a 7% e de abrir os bancos
oficiais para obrigar a concorrência foi, para esses interesses, um
grito de guerra. Tanto que ela teve que voltar atrás. Mas nós não
podemos continuar a trabalhar para encher o bolso de dinheiro dos
especuladores financeiros. Acho que esse não é apenas o objetivo da
classe trabalhadora, mas dos empresários efetivamente produtivos. Não é
possível desenvolver o país quando todo mundo se vê obrigado a pagar uma
espécie de royalties sobre o dinheiro, aliás um dinheiro que nem é dos
próprios bancos, mas dos nossos depósitos, ou então dinheiro fictício
criado por meio de alavancagem.
Ou avança, ou recua. Não dá mais para ficar onde está
O Brasil vive um impasse e, a partir desse impasse o país avança, e
consolida os ganhos das últimas décadas, ou retrocede, e perde o que
ganhou. Por isso considero importante unificar o debate. E estou
convencido de que há muita gente que quer avançar. Muitas famílias, pela
primeira vez, têm os filhos na universidade, muitas delas apenas agora
conseguem alimentar os seus filhos e todas elas são mobilizáveis. As
mudanças não acabaram porque 200 mil tomaram a Avenida Paulista. Este
país tem base.
Eu acho que o fato de uma parcela desses manifestantes do atraso
pedirem a volta da ditadura mostra o tipo de ausência de uma visão
propositiva da direita. O que eles querem? Sangrar mais os pobres,
aumentar mais a desigualdade, privatizar mais?
A contaminação da política pelo poder econômico
Hoje o país tem um Congresso com uma bancada ruralista, uma bancada
dos bancos, uma bancada das grandes empreiteiras, uma bancada das
grandes montadoras, e você conta nos dedos quem é da bancada cidadã. A
lei aprovada em 1997 que autorizou as corporações a financiarem
campanhas foi um golpe terrível para o processo democrático. Não se pode
qualificar de democracia o que vivemos no Brasil só porque a gente
vota, porque o voto é rigorosamente determinado por uma gigantesca
máquina de financiamento que vai se traduzir no tipo de Congresso que
temos. Isso coloca a questão da reforma política e, em particular, o
financiamento das campanhas, na linha de frente.
Nada para o planeta, tudo para os bancos
A Rio+20 teve uma grande reunião internacional que firmou como um dos
objetivo levantar US$ 30 bilhões para salvar o planeta. Não conseguiu.
Em 2008, em meses, os governos levantaram trilhões de dólares para
salvar o sistema financeiro, se endividaram e passaram a pagar juros
para o próprio sistema financeiro que foi socorrido com esse dinheiro.
Esse movimento dos governos praticamente destruiu o que restava do
legado da social democracia nesses países, do chamado Welfare State, ao
reduzirem os direitos sociais.
(Entrevista publicada originalmente em Engenharia em Revista)
Disponível em: https://leonardoboff.wordpress.com/2016/10/23/a-crise-e-gerada-por-uma-elite-que-quer-quebrar-o-sistemal-dowbor/
Às vésperas do segundo turno das eleições,
o candidato à prefeitura do Rio de Janeiro Marcelo Crivella (PRB) pode
ter o seu nome envolvido nas investigações da Operação Lava Jato. As
informações foram publicadas no jornal O Globo, na edição deste domingo (23).
De
acordo com a publicação, o ex-diretor de Serviços da Petrobras, Renato
Duque, está negociando com o Ministério Público Federal uma delação
premiada que envolve Crivella, o bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus na Operação Lava Jato.
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Delação aponta que, em
2010, campanha do então candidato ao Senado teria contado com ajuda
financeira provinda de dinheiro desviado da PetrobrasFonte: Último Segundo - iG @ http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2016-10-23/crivella-lava-jato.html
Delação aponta que, em
2010, campanha do então candidato ao Senado teria contado com ajuda
financeira provinda de dinheiro desviado da PetrobrasFonte: Último Segundo - iG @ http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2016-10-23/crivella-lava-jato.html
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