quarta-feira, 4 de maio de 2016

APONTAMENTOS PARA O MÊS DE MAIO: O CULTO DA VIRGEM MARIA



“Ao chegar à plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher” (Gl 4,4). O culto mariano se fundamenta na admirável decisão divina de vincular para sempre, como recorda o apóstolo Paulo, a identidade humana do Filho de Deus a uma mulher, Maria de Nazaré.
O mistério da maternidade divina e da cooperação de Maria na obra redentora suscita nos crentes de todos os tempos uma atitude de adoração para o Salvador e de louvor para a mulher que o gerou no tempo, cooperando assim com a redenção.
Outro motivo de amor e gratidão à santíssima Virgem é sua maternidade universal. Ao elegê-la como Mãe da humanidade inteira, o Pai celestial quis revelar a dimensão, por assim dizer, materna de sua divina ternura e de sua solicitude pelos homens e mulheres de todas as épocas. 
No Calvário, Jesus, com as palavras: “Aí tens teu filho” e “Aí tens tua mãe” (Jo 19,26-27), dava já antecipadamente a Maria a todos os que receberiam a boa nova da salvação, e punha assim as premissas de seu afeto filial para ela. Seguindo são João, os cristãos prolongariam com o culto o amor de Cristo a sua Mãe, acolhendo-a em sua própria vida. 
Os textos evangélicos atestam a presença do culto mariano já desde os inícios da Igreja.
Os dois primeiros capítulos do evangelho de são Lucas parecem recolher a atenção particular que tinham para com a Mãe de Jesus os judeu-cristãos, que manifestavam seu apreço por ela e conservavam ciosamente suas lembranças. Nos relatos da infância podemos captar as expressões iniciais e as motivações do culto mariano, sintetizadas nas exclamações de santa Isabel: “Bendita es tu entre as mulheres (...). Feliz a que acreditou que se cumpririam as coisas que te foram ditas de parte do Senhor!” (Lc 1,42.45).
Sinais de uma veneração já difundida na primeira comunidade cristã se acham presentes no cântico do Magnificat: “Desde agora me felicitarão todas as gerações” (Lc 1,48). Ao colocar nos lábios de Maria essa expressão, os cristãos lhe reconheciam uma grandeza única, que seria e é proclamada até o fim do mundo.
Além dos testemunhos evangélicos, as primeiras fórmulas de fé e uma passagem de santo Ignácio de Antioquia atestam a particular admiração das primeiras comunidades pela virgindade de Maria, intimamente vinculada ao mistério da Encarnação.
O evangelho de são João, assinalando a presença de Maria ao inicio e ao final da vida pública de seu Filho, dá a entender que os primeiros cristãos e cristãs tinham clara consciência do papel que Maria desempenha na obra da Redenção com plena dependência de amor de Cristo.
Ao sublinhar o caráter particular do culto mariano, afirmamos com a Igreja: “Maria, exaltada pela graça de Deus, depois de seu Filho, acima de todos os anjos e homens, como a santa Mãe de Deus, que participou nos mistérios de Cristo, é honrada com razão pela Igreja com um culto especial” (Lumen gentium, 66). 
A oração mariana do século III “Sub tuum praesidium”: Sob tua proteção, mostra que essa peculiaridade aparece desde o inicio, de fato, desde os tempos mais antigos, se venera a santíssima Virgem com o título de Mãe de Deus, sob cuja proteção se acolhem os e as fiéis suplicantes em todos seus perigos e necessidades. 
Podemos dizer que o culto mariano se desenvolveu até nossos dias com admirável continuidade, alternando períodos florescentes com períodos críticos, os quais, sem dúvida, tiveram com freqüência o mérito de promover ainda mais sua renovação. 
Atualmente o culto mariano parece destinado a desenvolver-se em harmonia com a aprofundamento do mistério da Igreja, com o diálogo e experiência ecumênicos e em diálogo com as culturas contemporâneas, para arraigar-se cada vez mais na fé e na vida do povo de Deus peregrino na terra.



Padre Antônio Piber
EREMITÉRIO FRANCISCANO DOMUS MARIAE

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