segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

ENTREGA DO PRÉ-SAL A ESTRANGEIROS PODE SER AINDA MAIOR SE POPULAÇÃO NÃO PROTESTAR

Alerta é feito por analista político do DIAP, órgão de assessoria parlamentar dos sindicatos brasileiros. Segundo Antônio Augusto de Queiroz, sem pressão popular, o projeto de José Serra, aprovado no Senado, pode ficar ainda mais "radical" na Câmara - traduzindo: entreguismo completo do nosso patrimônio e até da soberania nacional. Leia reportagem publicada na Rede Brasil Atual e, também, o artigo: "Após pré-sal, direita já quer privatizar Petrobras" e "Janio de Freitas: Brasil voltou ao início da década de 50".

Risco da Câmara suplantar o Senado, desfazer marco regulatório e entregar tudo ao setor privado



Risco da Câmara suplantar o Senado, desfazer marco regulatório e entregar tudo ao setor privado





Da Redação




Sem pressão popular, projeto de Serra pode ficar ainda mais 'radical' na Câmara (na Rede Brasil Atual)

Se não houver pressão popular, forte mobilização e pressão da sociedade civil, existe o risco de o país ver a Câmara dos Deputados aprovar não o PLS 131/2015, do senador José Serra (PSDB-SP), mas um outro texto que de fato entrega o pré-sal e demole completamente o regime de partilha previsto na Lei 12.351/2010. Isso porque está em tramitação na Câmara o projeto de lei 6726/2013, de autoria do deputado Mendonça Filho (DEM-PE), muito mais radical, que é apoiado pelo presidente da casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Os defensores da proposta do deputado do DEM, incluindo Cunha, consideram tímido o projeto aprovado no Senado. O alerta é de Antônio Augusto de Queiroz, analista político e diretor de Documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap).

Do ponto de vista legislativo, o projeto de Serra poderia ser emendado com o mesmo conteúdo do PL de Mendonça. Mesmo desconsiderando esse pior dos mundos representado pelo projeto 6726, a conjuntura política e a maneira como se deu a votação do texto no Senado projetam um cenário preocupante, que pode tornar a aprovação do texto de Serra na Câmara irreversível. Se a proposta for aprovada pelos deputados sem modificações, vai à sanção.

Se o PLS 131 for emendado pelos deputados, terá de voltar ao Senado, que pode aceitar ou não as mudanças. Em qualquer das duas hipóteses, o Senado dará a palavra final e enviará o texto à sanção.

O texto de Serra, ajustado por um acordo com o governo para a votação, que levou ao substitutivo do senador Romero Jucá (PMDB-RR), revoga a participação obrigatória da Petrobras no modelo de exploração de partilha, assim como a condicionante de participação da estatal de no mínimo 30% da exploração e produção, previstas na Lei n° 12.351/2010. Ambas as revogações, segundo a justificação de Serra, "atendem aos interesses nacionais e, portanto, devem ser adotadas pelo governo", segundo sua justificativa.


Mendonça Filho: projeto para desmontar o regime de partilha e retomar o sistema de concessão

Mendonça Filho: projeto para desmontar o regime de partilha e retomar o sistema de concessão  


























Já o projeto de Mendonça Filho vai mais longe. Ele "retoma o regime de concessão para a exploração e produção de petróleo e gás natural", de acordo com o artigo primeiro do PL 6276. "Esse PL é drástico. Desfaz todo o marco regulatório do pré-sal, entrega tudo ao setor privado. Ele revê e desmonta o regime de partilha", diz Queiroz.


O problema, na atual conjuntura, não é nem mais o fato de o governo estar fraco. "O problema é que o governo está a favor (do PLS 131/2015). Se o governo está a favor, todos os ventos são contra. O mercado está a favor, e o parlamento pode aprovar até coisa mais grave. Tudo está rumando a favor. Quem estaria contra?", questiona o analista.

Para reverter na Câmara, portanto, só com mobilização e pressão sobre os parlamentares. Inclusive porque há mobilização na Câmara para se aprovar a toque de caixa o regime de urgência. "Se for aprovado o requerimento de urgência, que exige maioria absoluta (metade mais um), fica muito difícil. Se tem maioria para o requerimento, terá para o mérito", avalia o analista do Diap.

A proposta de Mendonça Filho pode até não ser incorporada pela proposta de José Serra, mas pode facilitar ainda mais a aprovação definitiva desse projeto, como as armas atômicas na guerra fria, que na maioria das vezes tinham o caráter de dissuasão.

As avaliações nos bastidores do Congresso Nacional são óbvias. Os parlamentares e bancadas contrários ao projeto de Serra consideravam que no Senado era mais fácil brecar a proposta aprovada esta semana. Mas como o governo capitulou, houve número mais do que suficiente para aprovar a matéria. Como a proposta chega à Câmara aprovada pelo Senado com a chancela do governo, a situação é difícil: "A bancada da Câmara, em matéria de abertura da economia e de temas liberais, tem sido mais ousada, no mau sentido, do que a do Senado. O risco é grande", conclui Queiroz.




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Após pré-sal, direita já quer privatizar Petrobras (no 247)

Poucos dias depois da aprovação, no Senado, do projeto do senador José Serra (PSDB-SP) que determina o fim da participação obrigatória da Petrobras na exploração do pré-sal, o que abre o negócio para empresas estrangeiras, a direita brasileira, empolgada, já quer privatizar a estatal.

Em um artigo publicado na Veja deste fim de semana, o economista e ex-ministro da Fazenda do governo Sarney Maílson da Nóbrega propõe o debate, argumentando que a mudança "beneficiaria os funcionários da empresa e o Brasil".

"Contesto a ideia de que o petróleo é estratégico, brandida pelos que consideram a empresa uma vaca sagrada, intocável", escreveu o economista em sua página no Facebook, na última sexta-feira, em um texto em que adiantava a ideia do artigo. "Na verdade, a Petrobras foi privatizada pelos que a assaltaram com objetivos de manter-se no poder, financiar projetos políticos e enriquecer", disse ele.

Abaixo, a íntegra de seu texto publicado no Facebook:

Meu artigo na Veja que circula neste fim de semana sugere discutir a privatização da Petrobrás. Contesto a ideia de que o petróleo é estratégico, brandida pelos que consideram a empresa uma vaca sagrada, intocável. Essa ideia predominou no mundo na primeira metade do século XX, mas foi seguidamente abandonada diante da globalização, da paz mundial e de novas reflexões sobre o tema. Na verdade, a Petrobras foi privatizada pelos que a assaltaram com objetivos de manter-se no poder, financiar projetos políticos e enriquecer. A Petrobrás, vítma de objetivos megalomaníacos do PT, está superendividada, perdeu prestígio internacional e as condições de participar ativamente da exploração do petróleo. Sua privatização beneficiaria os funcionários da empresa e o Brasil. Não eliminaria as vantagens de determos o petróleo, nem seu uso para gerar royalties e apoiar programas sociais.















Janio de Freitas: Brasil voltou ao início da década de 50

Em artigo publicado na Folha de S.Paulo, o jornalista afirma que o Brasil voltou aos primeiros anos da década de 1950. Ele lembra que "o golpismo, o 'entreguismo' ameaçador e a 'república do Galeão' foram os estigmas daqueles anos", todos presentes na realidade atual.

"O golpismo volta no estilo PSDB; acompanha-o, o 'entreguismo' apontado na retirada de pré-sal da Petrobras, aprovada pelo Senado; e a versão civil da 'república do Galeão', sob o nome insignificante de Lava Jato, evidenciam juntos o estágio em que o Brasil de fato está", detalha o colunista.

"Partes do Judiciário e do Ministério Público agem como se respondessem aos direitos civis (e por tabela a quem os defenda): cala a boca já morreu, quem manda aqui sou eu. E mandam mesmo, pela reiteração e pela indiferença", destaca ainda Janio, em uma crítica à Lava Jato. Ele também ataca o Congresso: "É melhor, e é urgente, que se comece a forçar o Congresso a ser menos infiel às suas finalidades institucionais e mais responsável com suas funções, seja em apoio ou oposição ao governo".

E desfere duras críticas à imprensa: "Crises políticas não se agravam sem imprensa. Crises econômicas expandem-se menos e menos depressa sem imprensa. Hoje em dia a imprensa brasileira pratica uma solidariedade de modos com as deformações no Congresso, no Ministério Público e no Judiciário. Assola-a nova onda de relaxamento dos princípios éticos, para não falar em qualidade jornalística. E cresce a cada dia uma grande dívida de autocrítica, para relembrar as responsabilidades dos jornalistas profissionais. Com medo da internet, a imprensa brasileira foge de si mesma."


Disponível em:  http://www.conexaojornalismo.com.br/colunas/politica/geral/entrega-do-pre-sal-a-estrangeiros-pode-ser-ainda-maior-se-populacao-nao-protestar-74-42841

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