sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

DEUS NÃO FICA NAS APARÊNCIAS, MAS VÊ O CORAÇÃO.



Na igreja nós somos tantas vezes escravos das aparências, escravos das coisas que aparecem e nos deixamos levar por essas coisas: “Mas isso parece…”. Mas o Senhor sabe a verdade. As vezes nos perguntamos por que Deus escolheu esta pessoa e não aquela? Porque aquela e não eu? O Senhor não escolhe ninguém, os deixa passar, quem renuncia a si mesmo, segue Jesus na sua cruz (Lc 9,23; Mt 8,34; Mt 16,24). Deus, felizmente, não usa os nossos critérios, não tem os nossos valores. Ele “não faz acepção de pessoas, mas em qualquer povo, lhe são agradáveis aqueles que praticam a justiça” (At 10,34).
Todos fomos escolhidos pelo Senhor para estar no seu povo, para ser santos, e ele nos deu condições para a santidade, para a justiça, para o amor; fomos consagrados pelo Senhor neste caminho da santidade que é justiça e amor: “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão dadas por acréscimo” (Mt 6,33). E o caminho da justiça do Reino, o caminho da santidade, está na prática, não da letra da lei, mas do espírito da lei proposto nas orientações fundamentais para a vida, e que Jesus sintetiza nas bem-aventuranças de Mateus 5. É um projeto que abrange a vida toda, envolvendo as relações com os bens, com as pessoas, conosco mesmos e com Deus. Não é uma questão de moral, de moralismo, de moralistas, os quais Jesus definia como hipócritas (Cf. Mt 23) e contra os moralistas, Jesus Cristo exigia o radicalismo (Cf., Mt 5,27-28) e Ele repreende os “que coam o mosquito, mas deixam passar o camelo” (Mt 23,24) e abomina os hipócritas que “fecham o Reino dos céus diante dos homens!


Vocês mesmos não entram, nem deixam entrar aqueles que gostariam de fazê-lo. Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas! Vocês devoram as casas das viúvas e, para disfarçar, fazem longas orações. Por isso serão castigados mais severamente. Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas, porque percorrem terra e mar para fazer um convertido e, quando conseguem, vocês o tornam duas vezes mais filho do inferno do que vocês” (Mt 23, 13-15); e entre estes repreendidos são os religiosos profissionais que valorizam mais o ouro do templo do que o Senhor Deus nas pessoas (Cf. Mt 23,19), mais o altar do que a oferta viva do coração humano, das intenções que são colocadas sobre o altar (Cf. Mt 23,20); mais a imagem artistica e devocional, boa em si, mas nunca suficiente, pois o verdadeiro templo do Espírito Santo é o coração humano (1Cor 6,36) e a verdadeira adoração a Deus é aquela que pratica a caridade e a justiça (Cf. Mt 25,34ss) e não os calices dourados, as vestes sacras, nas quais se gastam fortunas quanto a nosso redor há santos pobres carentes, ou as cruzes nos peito e os anéis dos prelados que não mais simbolizam nada, mas apenas alimentam a vaidade de quem as usa. 
“No caminho cristão, no caminho que o Senhor nos convidou a percorrer, não há nenhum Santo sem passado, tampouco um pecador sem futuro”, diz o Papa Francisco, e seria bom que não nos esquecêssemos disso, sobretudo nós, os líderes religiosos que damos tanta importância às aparências, pois "O Senhor não vê como o homem: o homem vê a aparência, mas o Senhor vê o coração" (1Sm 16,7) ...


PadreAntonio Piber
Padre Antônio Piber
Eremitério Franciscano Domus Mariae

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