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quinta-feira, 19 de abril de 2018
NO ABRIL INDÍGENA, TRÊS LÍDERES FALAM DE RESISTÊNCIA
Sônia Guajajara, Raoni, o líder Kaipó e David Kopenawa falam sobre os desafios da questão indígena no Brasil.
O mais famoso deles talvez seja Raoni, o líder
Kaiapó com seu impressionante adorno no lábio inferior – o labret –,
sinal de compromisso do guerreiro com a terra em que nasceu. Discursando
em sua língua nativa, apesar do português aprendido com os irmãos
Villas-Bôas, há 40 anos empreende uma cruzada pelos direitos, não apenas
de seu povo, mas de todos os parentes – como os indígenas se referem
aos que pertencem a outras etnias. Desde 1989, quando deixou o Brasil
pela primeira vez para um tour em 17 países com o apoio de Sting, o
vocalista do Police, não parou de correr o mundo em defesa da floresta
amazônica, do Xingu, dos indígenas brasileiros.
“Eu quero deixar um recado para todos vocês que são brancos, e eu
quero que vocês ouçam minha palavra. Eu não aceito barragem nos rios que
moramos e não aceito extração de minérios em nossas terras”, diz o
ancião (ele tem por volta de 85 anos) no depoimento gravado para a Pública
e traduzido por seu neto e herdeiro, Beptuk, pouco antes de embarcar
para última Convenção sobre a Mudança do Clima da ONU, na Alemanha.
Raoni, o líder Kaiapó: "Eu não aceito barragem nos rios que moramos"
Igualmente conhecido internacionalmente é o xamã Davi Kopenawa, o líder
dos Yanomâmi, um dos povos indígenas mais numerosos, com uma população
de 25 mil pessoas que vivem no Brasil (entre Roraima e Amazonas) e mais
15 mil na Venezuela. Nessa entrevista para a Pública,
ele relembra as ameaças sofridas pelo povo, entre elas a invasão de 40
mil garimpeiros em 1986, autorizada pelo então presidente da Funai
Romero Jucá ao seu território. Foi também em uma cruzada internacional,
em companhia de outras lideranças como o próprio Raoni, que os Yanomâmi
conseguiram finalmente demarcar sua terra e deter o genocídio de seu
povo. “Agora tá pior, muito pior pra nós, presidente Temer, ele não é
honesto”, diz na entrevista gravada em Brasília, depois de uma palestra
para estudantes indígenas da UnB.
"Temer não é honesto", diz David Kopenawa,
liderança yanomami
https://www.youtube.com/watch?v=F06NAxZxebY
A esperança está na resistência, concordam os líderes, que veem com
entusiasmo o despontar de uma nova líder, pela primeira vez uma mulher,
que une contemporaneidade à defesa da cultura tradicional. “Hoje o índio
não está só no mato, hoje nós ocupamos todos os espaços da sociedade”,
resume em entrevista Sônia Guajajara, pré-candidata à vice-presidência
da República pelo PSOL.
"Hoje o índio não está só no mato", diz Sônia Guajajara
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