Vinte anos depois de sua morte, o gesto da princesa britânica continua
sendo um marco na história do combate ao estigma contra soropositivos.
Há vinte anos, nessa data, a princesa Diana era vítima de um acidente
automobilístico causado por paparazzi. Os numerosos escândalos que
protagonizou durante sua vida aos poucos vão perdendo a importância,
enquanto o uso humanitário que ela fez de sua fama
ganha cada vez mais destaque. Dentre as causas que a princesa Diana
abraçou durante a vida estava o combate ao preconceito contra
soropositivos, atitude de grande bravura numa época em que a epidemia da
Aids estava em seu auge.
Na década de 1980, os temores acerca do HIV e da Aids estavam em seu
ponto mais alto. Chamada de “epidemia gay” por grande parte da imprensa,
pouco se sabia sobre sua forma de transmissão ou como prevenir a
infecção, e a expectativa de vida de pacientes soropositivos era de
poucos meses.
Muitos acreditavam que a doença poderia ser transmitida por qualquer
tipo de contato físico, atitude que condenava os portadores de HIV ao
isolamento.
Em abril de 1987 a princesa de Gales inaugurou a primeira clínica do
Reino Unido dedicada exclusivamente ao tratamento do HIV e da Aids.
Durante os dias que precederam o evento, a imprensa inflamava a questão:
será que Diana usaria luvas para se proteger dos pacientes?
A questão já parecia resolvida quando ela chegou sem usar luvas.
Estranhamente, no entanto, ela encontrou com todos os leitos da clínica
vazios: os pacientes estavam se escondendo, pois não apreciavam a
maneira como a mídia tratava sua doença e queriam manter-se anônimos.
Finalmente, um deles concordou em encontrar-se com a princesa Diana.
“Acho que nem foi tão difícil convencê-lo, pois ele já estava bem
próximo da morte”, lembra-se o enfermeiro John O’Reilly, que trabalhava
na clínica, em depoimento ao canal britânico BBC. As câmeras capturaram o encontro entre a princesa e o paciente, que só permitiu ser fotografado de costas. A princesa declarou:
“O HIV não faz com que seja um risco encontrar pessoas. Pode-se apertar
suas mãos e abraçá-las, e eles precisam muito de um abraço.”
Nos anos seguintes, Diana marcou presença em eventos ligados a essa
causa. Ian Green, CEO da fundação Terence Higgins, dedicada à luta
contra o HIV, lembra-se: “Ela foi a primeira pessoa importante que
estava disposta a apertar as mãos e tocar pessoas com HIV, algo que era
considerado arriscado na época. Esse gesto público desafiou a noção de
que o HIV era transmitido pelo toque. A princesa Diana utilizou seu
status para ajudar ao máximo as pessoas que viviam com HIV e nossa
instituição beneficiente. Às vezes ela aparecia em nossas clínicas sem o
acompanhamento da imprensa, apenas para passar algum tempo com as
pessoas que estavam doentes.”
Today it's 20 years since Prince Diana's death. We're remembering &
celebrating all she did to tackle the stigma that surrounds HIV #Diana20
Hoje, a família real britânica continua dedicando-se à diminuição dos preconceitos. O príncipe Harry, por exemplo, realiza ações para incentivar que as pessoas façam teste de HIV.
Ele declarou à BBC: “Se você não quer fazer o teste nem por
preocupar-se consigo mesmo nem por preocupar-se com as pessoas queridas
que você pode vir a infectar… Talvez isso seja algo egoísta de se dizer,
mas se você respeita o trabalho da minha mãe, faça o teste em
consideração a ela. Já fazem vinte anos que ela morreu, e há trinta anos
ela estava em um hospital, fazendo algo que ninguém havia feito antes.
Se ela ainda estivesse viva hoje, provavelmente ela faria o teste todos
os meses, só para reforçar essa ideia.”
During very dark times Diana led the way showing compassion, changing perceptions & supporting the fight against HIV\AIDS #Diana20
O trabalho da princesa Diana também persiste com o Diana Award, que
homenageia pessoas que lutam pelo fim do estigma que ainda está
associado ao HIV.
Disponível em: http://ladobi.uol.com.br/2017/08/princesa-diana-hiv/
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