Francisco em visita a uma comunidade de pobres da América Latina na periferia de Roma, em 2016
O Papa Francisco oficializou a iniciativa que havia anunciado no
encerramento do Ano Santo da Misericórdia, em novembro último, e marcou
para 19 de novembro a celebração do primeiro Dia Mundial dos Pobres. Ele
acontecerá todos os anos no 23º Domingo do Tempo Comum, no Ano
Litúrgico católico. A mensagem sobre a data foi divulgada
propositadamente hoje, dia de Santo Antônio, um homem de vida pobre
entre os pobres. Nela, o Papa acusou de maneira enfática “a riqueza
descarada que se acumula nas mãos de poucos privilegiados,
frequentemente acompanhada pela ilegalidade e a exploração ofensiva da
dignidade humana”. Diante desta injustiça, escreveu Francisco “não se
pode permanecer inerte e, menos ainda, resignado”.
No texto, cuja íntegra você pode ler aqui
ou logo abaixo, o Papa lembra que a opção pela partilha radical está na
origem do cristianismo: “a vida dos discípulos de Jesus se devia
exprimir numa fraternidade e numa solidariedade tais, que correspondesse
ao ensinamento principal do Mestre que tinha proclamado os pobres
bem-aventurados e herdeiros do Reino dos céus (cf. Mt 5, 3).”
Francisco escolheu dois textos do Novo Testamento para indicar 1) que
aos cristãos a partilha dos meios de produção (a terra, na ocasião) e
das riquezas (bens e dinheiro) é condição sine qua non para o seguimento de Jesus e 2) que os ricos são causa de sofrimento dos pobres:
“’Vendiam terras e outros bens e distribuíam o dinheiro por todos, de
acordo com as necessidades de cada um’ (At 2, 45). Esta frase mostra,
com clareza, como estava viva nos primeiros cristãos tal preocupação.”
“Tiago, usando expressões fortes e incisivas na sua Carta: ‘Ouvi,
meus amados irmãos: porventura não escolheu Deus os pobres segundo o
mundo para serem ricos na fé e herdeiros do Reino que prometeu aos que O
amam? Mas vós desonrais o pobre. Porventura não são os ricos que vos
oprimem e vos arrastam aos tribunais? (…) De que aproveita, irmãos, que
alguém diga que tem fé, se não tiver obras de fé? Acaso essa fé poderá
salvá-lo? Se um irmão ou uma irmã estiverem nus e precisarem de alimento
quotidiano, e um de vós lhes disser: ‘Ide em paz, tratai de vos aquecer
e matar a fome’, mas não lhes dais o que é necessário ao corpo, de que
lhes aproveitará? Assim também a fé: se ela não tiver obras, está
completamente morta» (Tia 2, 5-6.14-17).
Um aspecto relevante no texto de Francisco é convocação à superação
das noções tradicionais de benemerência e filantropia que enxergam os
pobres como objeto de supostas boas ações de supostas pessoas de bem. Escreve o Papa:
“Não pensemos nos pobres apenas como destinatários duma boa obra de
voluntariado, que se pratica uma vez por semana, ou, menos ainda, de
gestos improvisados de boa vontade para pôr a consciência em paz. Estas
experiências, embora válidas e úteis a fim de sensibilizar para as
necessidades de tantos irmãos e para as injustiças que frequentemente
são a sua causa, deveriam abrir a um verdadeiro encontro com os pobres e
dar lugar a uma partilha que se torne estilo de vida.”
Ao fim de sua carta, Francisco vincula a compreensão do Evangelho à
relação com os pobres: “Que este novo Dia Mundial se torne, pois, um
forte apelo à nossa consciência crente, para ficarmos cada vez mais
convictos de que partilhar com os pobres permite-nos compreender o
Evangelho na sua verdade mais profunda. Os pobres não são um problema:
são um recurso de que lançar mão para acolher e viver a essência do
Evangelho.”
Mauro Lopes
A íntegra da mensagem do Papa para o Primeiro Dia Mundial dos Pobres
«Não amemos com palavras, mas com obras»
1. «Meus filhinhos, não amemos com palavras nem com a boca, mas com
obras e com verdade» (1 Jo 3, 18). Estas palavras do apóstolo João
exprimem um imperativo de que nenhum cristão pode prescindir. A
importância do mandamento de Jesus, transmitido pelo «discípulo amado»
até aos nossos dias, aparece ainda mais acentuada ao contrapor as
palavras vazias, que frequentemente se encontram na nossa boca, às obras
concretas, as únicas capazes de medir verdadeiramente o que valemos. O
amor não admite álibis: quem pretende amar como Jesus amou, deve assumir
o seu exemplo, sobretudo quando somos chamados a amar os pobres. Aliás,
é bem conhecida a forma de amar do Filho de Deus, e João recorda-a com
clareza. Assenta sobre duas colunas mestras: o primeiro a amar foi Deus
(cf. 1 Jo 4, 10.19); e amou dando-Se totalmente, incluindo a própria
vida (cf. 1 Jo 3, 16).
Um amor assim não pode ficar sem resposta. Apesar de ser dado de
maneira unilateral, isto é, sem pedir nada em troca, ele abrasa de tal
forma o coração, que toda e qualquer pessoa se sente levada a
retribuí-lo não obstante as suas limitações e pecados. Isto é possível,
se a graça de Deus, a sua caridade misericordiosa, for acolhida no nosso
coração a pontos de mover a nossa vontade e os nossos afetos para o
amor ao próprio Deus e ao próximo. Deste modo a misericórdia, que brota
por assim dizer do coração da Trindade, pode chegar a pôr em movimento a
nossa vida e gerar compaixão e obras de misericórdia em prol dos irmãos
e irmãs que se encontram em necessidade.
2. «Quando um pobre invoca o Senhor, Ele atende-o» (Sal 34/33, 7). A
Igreja compreendeu, desde sempre, a importância de tal invocação.
Possuímos um grande testemunho já nas primeiras páginas do Atos dos
Apóstolos, quando Pedro pede para se escolher sete homens «cheios do
Espírito e de sabedoria» (6, 3), que assumam o serviço de assistência
aos pobres. Este é, sem dúvida, um dos primeiros sinais com que a
comunidade cristã se apresentou no palco do mundo: o serviço aos mais
pobres. Tudo isto foi possível, por ela ter compreendido que a vida dos
discípulos de Jesus se devia exprimir numa fraternidade e numa
solidariedade tais, que correspondesse ao ensinamento principal do
Mestre que tinha proclamado os pobres bem-aventurados e herdeiros do
Reino dos céus (cf. Mt 5, 3).
«Vendiam terras e outros bens e distribuíam o dinheiro por todos, de
acordo com as necessidades de cada um» (At 2, 45). Esta frase mostra,
com clareza, como estava viva nos primeiros cristãos tal preocupação. O
evangelista Lucas – o autor sagrado que deu mais espaço à misericórdia
do que qualquer outro – não está a fazer retórica, quando descreve a
prática da partilha na primeira comunidade. Antes pelo contrário, com a
sua narração, pretende falar aos fiéis de todas as gerações (e, por
conseguinte, também à nossa), procurando sustentá-los no seu testemunho e
incentivá-los à ação concreta a favor dos mais necessitados. E o mesmo
ensinamento é dado, com igual convicção, pelo apóstolo Tiago, usando
expressões fortes e incisivas na sua Carta: «Ouvi, meus amados irmãos:
porventura não escolheu Deus os pobres segundo o mundo para serem ricos
na fé e herdeiros do Reino que prometeu aos que O amam? Mas vós
desonrais o pobre. Porventura não são os ricos que vos oprimem e vos
arrastam aos tribunais? (…) De que aproveita, irmãos, que alguém diga
que tem fé, se não tiver obras de fé? Acaso essa fé poderá salvá-lo? Se
um irmão ou uma irmã estiverem nus e precisarem de alimento quotidiano, e
um de vós lhes disser: “Ide em paz, tratai de vos aquecer e matar a
fome”, mas não lhes dais o que é necessário ao corpo, de que lhes
aproveitará? Assim também a fé: se ela não tiver obras, está
completamente morta» (2, 5-6.14-17).
3. Contudo, houve momentos em que os cristãos não escutaram
profundamente este apelo, deixando-se contagiar pela mentalidade
mundana. Mas o Espírito Santo não deixou de os chamar a manterem o olhar
fixo no essencial. Com efeito, fez surgir homens e mulheres que, de
vários modos, ofereceram a sua vida ao serviço dos pobres. Nestes dois
mil anos, quantas páginas de história foram escritas por cristãos que,
com toda a simplicidade e humildade, serviram os seus irmãos mais
pobres, animados por uma generosa fantasia da caridade!
Dentre todos, destaca-se o exemplo de Francisco de Assis, que foi
seguido por tantos outros homens e mulheres santos, ao longo dos
séculos. Não se contentou com abraçar e dar esmola aos leprosos, mas
decidiu ir a Gúbio para estar junto com eles. Ele mesmo identificou
neste encontro a viragem da sua conversão: «Quando estava nos meus
pecados, parecia-me deveras insuportável ver os leprosos. E o próprio
Senhor levou-me para o meio deles e usei de misericórdia para com eles.
E, ao afastar-me deles, aquilo que antes me parecia amargo converteu-se
para mim em doçura da alma e do corpo» (Test 1-3: FF 110). Este
testemunho mostra a força transformadora da caridade e o estilo de vida
dos cristãos.
Não pensemos nos pobres apenas como destinatários duma boa obra de
voluntariado, que se pratica uma vez por semana, ou, menos ainda, de
gestos improvisados de boa vontade para pôr a consciência em paz. Estas
experiências, embora válidas e úteis a fim de sensibilizar para as
necessidades de tantos irmãos e para as injustiças que frequentemente
são a sua causa, deveriam abrir a um verdadeiro encontro com os pobres e
dar lugar a uma partilha que se torne estilo de vida. Na verdade, a
oração, o caminho do discipulado e a conversão encontram, na caridade
que se torna partilha, a prova da sua autenticidade evangélica. E deste
modo de viver derivam alegria e serenidade de espírito, porque se toca
palpavelmente a carne de Cristo. Se realmente queremos encontrar Cristo,
é preciso que toquemos o seu corpo no corpo chagado dos pobres, como
resposta à comunhão sacramental recebida na Eucaristia. O Corpo de
Cristo, repartido na sagrada liturgia, deixa-se encontrar pela caridade
partilhada no rosto e na pessoa dos irmãos e irmãs mais frágeis.
Continuam a ressoar de grande atualidade estas palavras do santo bispo
Crisóstomo: «Queres honrar o corpo de Cristo? Não permitas que seja
desprezado nos seus membros, isto é, nos pobres que não têm que vestir,
nem O honres aqui no tempo com vestes de seda, enquanto lá fora O
abandonas ao frio e à nudez» (Hom. in Matthaeum, 50, 3: PG 58).
Portanto somos chamados a estender a mão aos pobres, a encontrá-los,
fixá-los nos olhos, abraçá-los, para lhes fazer sentir o calor do amor
que rompe o círculo da solidão. A sua mão estendida para nós é também um
convite a sairmos das nossas certezas e comodidades e a reconhecermos o
valor que a pobreza encerra em si mesma.
4. Não esqueçamos que, para os discípulos de Cristo, a pobreza é,
antes de tudo, uma vocação a seguir Jesus pobre. É um caminhar atrás
d’Ele e com Ele: um caminho que conduz à bem-aventurança do Reino dos
céus (cf. Mt 5, 3; Lc 6, 20). Pobreza significa um coração humilde, que
sabe acolher a sua condição de criatura limitada e pecadora, vencendo a
tentação de omnipotência que cria em nós a ilusão de ser imortal. A
pobreza é uma atitude do coração que impede de conceber como objetivo de
vida e condição para a felicidade o dinheiro, a carreira e o luxo.
Mais, é a pobreza que cria as condições para assumir livremente as
responsabilidades pessoais e sociais, não obstante as próprias
limitações, confiando na proximidade de Deus e vivendo apoiados pela sua
graça. Assim entendida, a pobreza é o metro que permite avaliar o uso
correto dos bens materiais e também viver de modo não egoísta nem
possessivo os laços e os afetos (cf. Catecismo da Igreja Católica, n.
2545).
Assumamos, pois, o exemplo de São Francisco, testemunha da pobreza
genuína. Ele, precisamente por ter os olhos fixos em Cristo, soube
reconhecê-Lo e servi-Lo nos pobres. Por conseguinte, se desejamos dar o
nosso contributo eficaz para a mudança da história, gerando verdadeiro
desenvolvimento, é necessário escutar o grito dos pobres e
comprometermo-nos a erguê-los do seu estado de marginalização. Ao mesmo
tempo recordo, aos pobres que vivem nas nossas cidades e nas nossas
comunidades, para não perderem o sentido da pobreza evangélica que
trazem impresso na sua vida.
5. Sabemos a grande dificuldade que há, no mundo contemporâneo, para
se poder identificar claramente a pobreza. E todavia esta interpela-nos
todos os dias com os seus inúmeros rostos vincados pelo sofrimento, a
marginalização, a opressão, a violência, as torturas e a prisão, pela
guerra, a privação da liberdade e da dignidade, pela ignorância e o
analfabetismo, pela emergência sanitária e a falta de trabalho, pelo
tráfico de pessoas e a escravidão, pelo exílio e a miséria, pela
migração forçada. A pobreza tem o rosto de mulheres, homens e crianças
explorados para vis interesses, espezinhados pelas lógicas perversas do
poder e do dinheiro. Como é impiedoso e nunca completo o elenco que se é
constrangido a elaborar à vista da pobreza, fruto da injustiça social,
da miséria moral, da avidez de poucos e da indiferença generalizada!
Infelizmente, nos nossos dias, enquanto sobressai cada vez mais a
riqueza descarada que se acumula nas mãos de poucos privilegiados,
frequentemente acompanhada pela ilegalidade e a exploração ofensiva da
dignidade humana, causa escândalo a extensão da pobreza a grandes
sectores da sociedade no mundo inteiro. Perante este cenário, não se
pode permanecer inerte e, menos ainda, resignado. À pobreza que inibe o
espírito de iniciativa de tantos jovens, impedindo-os de encontrar um
trabalho, à pobreza que anestesia o sentido de responsabilidade,
induzindo a preferir a abdicação e a busca de favoritismos, à pobreza
que envenena os poços da participação e restringe os espaços do
profissionalismo, humilhando assim o mérito de quem trabalha e produz: a
tudo isso é preciso responder com uma nova visão da vida e da
sociedade.
Todos estes pobres – como gostava de dizer o Beato Paulo VI –
pertencem à Igreja por «direito evangélico» (Discurso de abertura na II
Sessão do Concílio Ecuménico Vaticano II, 29/IX/1963) e obrigam à opção
fundamental por eles. Por isso, benditas as mãos que se abrem para
acolher os pobres e socorrê-los: são mãos que levam esperança. Benditas
as mãos que superam toda a barreira de cultura, religião e
nacionalidade, derramando óleo de consolação nas chagas da humanidade.
Benditas as mãos que se abrem sem pedir nada em troca, sem «se» nem
«mas», nem «talvez»: são mãos que fazem descer sobre os irmãos a bênção
de Deus.
6. No termo do Jubileu da Misericórdia, quis oferecer à Igreja o Dia
Mundial dos Pobres, para que as comunidades cristãs se tornem, em todo o
mundo, cada vez mais e melhor sinal concreto da caridade de Cristo
pelos últimos e os mais carenciados. Quero que, aos outros Dias Mundiais
instituídos pelos meus Antecessores e sendo já tradição na vida das
nossas comunidades, se acrescente este, que completa o conjunto de tais
Dias com um elemento requintadamente evangélico, isto é, a predileção de
Jesus pelos pobres.
Convido a Igreja inteira e os homens e mulheres de boa vontade a
fixar o olhar, neste dia, em todos aqueles que estendem as suas mãos
invocando ajuda e pedindo a nossa solidariedade. São nossos irmãos e
irmãs, criados e amados pelo único Pai celeste. Este Dia pretende
estimular, em primeiro lugar, os crentes, para que reajam à cultura do
descarte e do desperdício, assumindo a cultura do encontro. Ao mesmo
tempo, o convite é dirigido a todos, independentemente da sua pertença
religiosa, para que se abram à partilha com os pobres em todas as formas
de solidariedade, como sinal concreto de fraternidade. Deus criou o céu
e a terra para todos; foram os homens que, infelizmente, ergueram
fronteiras, muros e recintos, traindo o dom originário destinado à
humanidade sem qualquer exclusão.
7. Desejo que, na semana anterior ao Dia Mundial dos Pobres – que
este ano será no dia 19 de novembro, XXXIII domingo do Tempo Comum –, as
comunidades cristãs se empenhem na criação de muitos momentos de
encontro e amizade, de solidariedade e ajuda concreta. Poderão ainda
convidar os pobres e os voluntários para participarem, juntos, na
Eucaristia deste domingo, de modo que, no domingo seguinte, a celebração
da Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo resulte
ainda mais autêntica. Na verdade, a realeza de Cristo aparece em todo o
seu significado precisamente no Gólgota, quando o Inocente, pregado na
cruz, pobre, nu e privado de tudo, encarna e revela a plenitude do amor
de Deus. O seu completo abandono ao Pai, ao mesmo tempo que exprime a
sua pobreza total, torna evidente a força deste Amor, que O ressuscita
para uma vida nova no dia de Páscoa.
Neste domingo, se viverem no nosso bairro pobres que buscam proteção e
ajuda, aproximemo-nos deles: será um momento propício para encontrar o
Deus que buscamos. Como ensina a Sagrada Escritura (cf. Gn 18, 3-5; Heb
13, 2), acolhamo-los como hóspedes privilegiados à nossa mesa; poderão
ser mestres, que nos ajudam a viver de maneira mais coerente a fé. Com a
sua confiança e a disponibilidade para aceitar ajuda, mostram-nos, de
forma sóbria e muitas vezes feliz, como é decisivo vivermos do essencial
e abandonarmo-nos à providência do Pai.
8. Na base das múltiplas iniciativas concretas que se poderão
realizar neste Dia, esteja sempre a oração. Não esqueçamos que o Pai
Nosso é a oração dos pobres. De facto, o pedido do pão exprime o
abandono a Deus nas necessidades primárias da nossa vida. Tudo o que
Jesus nos ensinou com esta oração exprime e recolhe o grito de quem
sofre pela precariedade da existência e a falta do necessário. Aos
discípulos que Lhe pediam para os ensinar a rezar, Jesus respondeu com
as palavras dos pobres que se dirigem ao único Pai, em quem todos se
reconhecem como irmãos. O Pai Nosso é uma oração que se exprime no
plural: o pão que se pede é «nosso», e isto implica partilha,
comparticipação e responsabilidade comum. Nesta oração, todos
reconhecemos a exigência de superar qualquer forma de egoísmo, para
termos acesso à alegria do acolhimento recíproco.
9. Aos irmãos bispos, aos sacerdotes, aos diáconos – que, por
vocação, têm a missão de apoiar os pobres –, às pessoas consagradas, às
associações, aos movimentos e ao vasto mundo do voluntariado, peço que
se comprometam para que, com este Dia Mundial dos Pobres, se instaure
uma tradição que seja contribuição concreta para a evangelização no
mundo contemporâneo.
Que este novo Dia Mundial se torne, pois, um forte apelo à nossa
consciência crente, para ficarmos cada vez mais convictos de que
partilhar com os pobres permite-nos compreender o Evangelho na sua
verdade mais profunda. Os pobres não são um problema: são um recurso de
que lançar mão para acolher e viver a essência do Evangelho.
Vaticano, Memória de Santo António de Lisboa, 13 de junho de 2017.
Disponível em: http://outraspalavras.net/maurolopes/2017/06/13/papa-oficializa-dia-mundial-dos-pobres-denuncia-da-riqueza-descarada-nas-maos-de-poucos-privilegiados/
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