O modelo escolar atual desestimula e poda um público inquieto e com vontade de aprender.
Os jovens de Cocal dos Alves, no Piaui, reforçam a importância da relação de proximidade entre alunos e professores
(Foto: Divulgação)
O que significa “sonhar alguém”? O neologismo, criado pelo jovem
Felipe Lima em seu depoimento ao cineasta Cacau Rhoden, se refere às
expectativas e esperanças que se tem para uma pessoa específica. Sobre
os pais, ele diz: “Acho que nunca me sonharam sendo um psicólogo, nunca
me sonharam sendo professor, nunca me sonharam sendo um médico, não me
sonharam”.
O que sonhamos para nossos jovens e o que eles sonham para si mesmos é a grande questão de Nunca me Sonharam, documentário que estreia em junho nos cinemas e na internet (leia abaixo como baixá-lo gratuitamente).
Os relatos de 70 estudantes, educadores e especialistas constroem um
retrato diverso e emocionante sobre a vida do jovem brasileiro e atacam,
de maneira sorrateira, questões discutidas na reforma do Ensino Médio que está sendo conduzida pelo governo federal.
COMO BAIXAR O FILME DE GRAÇA Entre os dias 1 e 7 de junho, educadores poderão assistir a Nunca me Sonharam gratuitamente na plataforma VideoCamp. Para acessá-la, basta se cadastrar como educador na plataforma. A partir do dia 8, o filme estará disponível para exibições públicas. Basta baixá-lo, organizar uma exibição e enviar uma foto do evento na plataforma. Lá também é possível compartilhar planos de aula sobre o filme e acessar propostas de outros educadores. |
Algumas
conclusões do filme já são conhecidas: o modelo escolar atual
desestimula e poda um público inquieto e com vontade de aprender – mesmo
entre os mais desinteressados, a escola é tida como um lugar de
referência. Ao questionar qual é o modelo ideal para a juventude algumas
respostas : o protagonismo juvenil, a apropriação de conhecimentos que
façam sentidos para os alunos e a possibilidade de aprender de maneiras
que não se restrinjam à transmissão de professor para aluno ganham
destaque.
Mas nos sonhos dos jovens as piores características da
sociedade brasileira também aparecem como empecilhos. Aqui, questões
como a desigualdade gritante e a injusta cultura de meritocracia ganham
rosto e voz. É difícil não se comover com as histórias de alunos que
largaram a escola para trabalhar em empregos precários – um dedica seu
tempo a carrega bujões de gás, outra estudante cuida de bebês e idosos
desde os nove anos de idade – e para lidar com outras dificuldades da
vida – a relação próxima com a violência, os percalços da paternidade e
da maternidade precoce e o abalo causado por situações problemáticas na
família.
As histórias também sinalizam que alguns pontos sobre a
reforma do Ensino Médio precisam de maior atenção. A indecisão dos
jovens, a constante mudança de opinião – típicas da idade – deixam claro
que os itinerários pedagógicos propostos pelo Ministério da Educação
(MEC) não podem servir de amarra para quem mudar de ideia no meio do
caminho e que o foco excessivo no ensino técnico pode ser um sonho pouco
ousado para os jovens.
Sem
cair na crítica pela crítica, o filme ajuda a dar a real dimensão do
problema: mais do que reformar o segmento, é preciso reformar a
sociedade e levar em conta os afetados pelas decisões. “Os nossos
governantes deveriam conhecer a escola, deveriam compreender como faz
escola e, acima de tudo, que não se resolve problemas tão grandes com
uma simples ‘canetada’, com uma simples assinatura”, afirma Samara
Macedo, diretora escolar em Nova Olinda, no Ceará. “Sonhar é uma medida
radical de empatia para se desenhar a política pública”, afirmou em
entrevista coletiva sobre o filme Ricardo Henriques, superintendente
executivo do Instituto Unibanco, que idealizou o a obra.
LEIA MAIS Para onde vai o Ensino Médio?
O
filme retrata uma juventude inquieta, com vontade de participar e que
valoriza a escola e a Educação. Para educadores, a obra pode despertar
provocações interessantes: o que a escola, em cada aula, faz para ser
atraente ao seu público? Como a equipe escolar olha para os alunos? O
quanto cada educador se dedica a compreender as características de uma
fase tão cheia de acontecimentos?
Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/4979/dica-de-filme-o-que-sonhamos-para-nossos-jovens?utm_source=tag_novaescola&utm_medium=facebook&utm_campaign=mat%C3%A9ria&utm_content=link
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