Há pouco coloquei para dormir o meu bebê de 1 ano de idade. Ele
rapidamente pegou no sono. Não sabe ainda, e suponho que por anos não
irá entender, mas minutos antes de fechar os olhos, fontes na Casa
Branca revelaram que o presidente Donald Trump pretende tirar os EUA do acordo climático de Paris.
O homem que provavelmente vai preencher a primeira imagem que meu filho
terá de um líder escolheu uma versão voraz, confusa e gananciosa do
presente em detrimento do futuro do planeta que ele (o meu filho), seus
amigos e os filhos deles herdarão.
O comentário é de Nathan Schneider, publicado na revista America. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
Não há mais sentido em citar os números apresentados pelos cientistas ou em reproduzir gráficos, citar Laudato Si’, encíclica do Papa Francisco que Trump recebeu das mãos do próprio autor a apenas uma semana atrás. O debate acabou, e há muito deixou de ser um debate real. Mesmo o ex-executivo da ExxonMobil, hoje secretário de Estado, Rex Tillerson, tornou-se a última esperança de que o presidente venha a optar em permanecer dentro do acordo climático. O acordo de Paris não era suficiente, mas foi o único passo com o qual praticamente todos os países sobre a terra puderam concordar como sendo um início de um futuro promissor. Ele representava a esperança quase impossível de que o consenso global pode ser real para uma espécie que, por outro lado, abraça a sua própria fragmentação suicida.
“Suicida”, na verdade, não é a palavra certa. Meu filho não está escolhendo o planeta que irá receber. Os nascituros certamente não estão escolhendo-o. Tampouco a ampla maioria dos viventes, dos seres humanos adultos. A carcaça carnuda de Trump estará pobre e decomposta no momento em que o clima verdadeiramente se tornar um caos. Estamos diante de uma guerra – a guerra de uma geração contra os que a seguem, e somos levados, com relutância, para dentro da batalha contra os nossos descendentes por um déspota determinado a ignorar o clamor dos cientistas, cidadãos e mesmo de seus assessores tingidos de petróleo.
Não gosto da perspectiva de guerra. Sou daqueles católicos com sérias reservas sobre o ensinamento da “guerra justa”, de nossa Igreja – sobre se uma guerra pode ser justa em algum momento. O nosso Deus é o Príncipe da Paz, não carrega armas. Porém não precisamos afirmar a justiça de uma guerra para reconhecer que ela já está acontecendo. O Catecismo da Igreja Católica define um ato de guerra com mais rigor, penso eu, do que admitem muitos dos defensores da bandeira da guerra justa. Ele diz: “que o prejuízo causado pelo agressor à nação ou comunidade de nações seja duradouro, grave e certo”. Isto não é pouca coisa, mas o Sr. Trump está indo muito além. E é aqui onde nos fazemos oposição.
Quando um dano assim está a caminho, não podemos ficar parados ou buscar refúgio. “As ações deliberadamente contrárias ao direito dos povos e aos seus princípios universais, bem como as ordens que comandam tais ações, são crimes”, continua o Catecismo. “É-se moralmente obrigado a resistir às ordens para praticar um genocídio”.
A ordem foi dada agora: devemos proceder com a destruição do planeta, em nome de alguma grandeza imaginada do passado, para preservar os privilégios do país mais privilegiado sobre a Terra. Devemos rejeitar a coordenação, a cooperação, a restrição e o consenso. Devemos negar aos nossos filhos, nascidos e nascituros, o presente planetário que recebemos, dos nossos pais e do nosso Deus.
Certa vez, na Cisjordânia, participei de uma marcha, um protesto palestino contra os soldados israelenses envolvidos em mais um roubo de terra. Na dianteira da marcha estavam crianças, carregando uma bandeira e conduzindo os cânticos: “A Palestina será livre!” Perguntei a uma mãe por que as crianças iam à frente. Seria seguro? Aqueles soldados carregam armas, e são conhecidos por atirar contra os manifestantes. Segundo ela, as crianças vão primeiro porque é a uma luta pelo futuro delas, mais do que qualquer outro. Elas não podem ignorar. Têm de aprender. É a vida delas.
Eu queria que as coisas não fossem assim, e sei que esta mãe queria o mesmo, muito mais do que eu, mas é isso o que ocupação quer dizer. Este é o significado de estar em guerra.
Quando o meu filho se acordar – de sua soneca hoje, ou em poucos anos desta sua inocência abençoada dos assuntos do mundo –, espero que a guerra tenha terminado sem nenhum disparo. Espero que ela possa ser vencida sem violência, deixando para trás histórias que o ajudarão a crescer com orgulho de seu povo. Espero que possamos amar os inimigos, como Deus nos pede. Mas a guerra não pode ser vencida sem que a olhamos como de fato é, e por aquilo que ela exige de nós neste momento: os adultos, os que já nasceram.
O comentário é de Nathan Schneider, publicado na revista America. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
Não há mais sentido em citar os números apresentados pelos cientistas ou em reproduzir gráficos, citar Laudato Si’, encíclica do Papa Francisco que Trump recebeu das mãos do próprio autor a apenas uma semana atrás. O debate acabou, e há muito deixou de ser um debate real. Mesmo o ex-executivo da ExxonMobil, hoje secretário de Estado, Rex Tillerson, tornou-se a última esperança de que o presidente venha a optar em permanecer dentro do acordo climático. O acordo de Paris não era suficiente, mas foi o único passo com o qual praticamente todos os países sobre a terra puderam concordar como sendo um início de um futuro promissor. Ele representava a esperança quase impossível de que o consenso global pode ser real para uma espécie que, por outro lado, abraça a sua própria fragmentação suicida.
“Suicida”, na verdade, não é a palavra certa. Meu filho não está escolhendo o planeta que irá receber. Os nascituros certamente não estão escolhendo-o. Tampouco a ampla maioria dos viventes, dos seres humanos adultos. A carcaça carnuda de Trump estará pobre e decomposta no momento em que o clima verdadeiramente se tornar um caos. Estamos diante de uma guerra – a guerra de uma geração contra os que a seguem, e somos levados, com relutância, para dentro da batalha contra os nossos descendentes por um déspota determinado a ignorar o clamor dos cientistas, cidadãos e mesmo de seus assessores tingidos de petróleo.
Não gosto da perspectiva de guerra. Sou daqueles católicos com sérias reservas sobre o ensinamento da “guerra justa”, de nossa Igreja – sobre se uma guerra pode ser justa em algum momento. O nosso Deus é o Príncipe da Paz, não carrega armas. Porém não precisamos afirmar a justiça de uma guerra para reconhecer que ela já está acontecendo. O Catecismo da Igreja Católica define um ato de guerra com mais rigor, penso eu, do que admitem muitos dos defensores da bandeira da guerra justa. Ele diz: “que o prejuízo causado pelo agressor à nação ou comunidade de nações seja duradouro, grave e certo”. Isto não é pouca coisa, mas o Sr. Trump está indo muito além. E é aqui onde nos fazemos oposição.
Quando um dano assim está a caminho, não podemos ficar parados ou buscar refúgio. “As ações deliberadamente contrárias ao direito dos povos e aos seus princípios universais, bem como as ordens que comandam tais ações, são crimes”, continua o Catecismo. “É-se moralmente obrigado a resistir às ordens para praticar um genocídio”.
A ordem foi dada agora: devemos proceder com a destruição do planeta, em nome de alguma grandeza imaginada do passado, para preservar os privilégios do país mais privilegiado sobre a Terra. Devemos rejeitar a coordenação, a cooperação, a restrição e o consenso. Devemos negar aos nossos filhos, nascidos e nascituros, o presente planetário que recebemos, dos nossos pais e do nosso Deus.
Certa vez, na Cisjordânia, participei de uma marcha, um protesto palestino contra os soldados israelenses envolvidos em mais um roubo de terra. Na dianteira da marcha estavam crianças, carregando uma bandeira e conduzindo os cânticos: “A Palestina será livre!” Perguntei a uma mãe por que as crianças iam à frente. Seria seguro? Aqueles soldados carregam armas, e são conhecidos por atirar contra os manifestantes. Segundo ela, as crianças vão primeiro porque é a uma luta pelo futuro delas, mais do que qualquer outro. Elas não podem ignorar. Têm de aprender. É a vida delas.
Eu queria que as coisas não fossem assim, e sei que esta mãe queria o mesmo, muito mais do que eu, mas é isso o que ocupação quer dizer. Este é o significado de estar em guerra.
Quando o meu filho se acordar – de sua soneca hoje, ou em poucos anos desta sua inocência abençoada dos assuntos do mundo –, espero que a guerra tenha terminado sem nenhum disparo. Espero que ela possa ser vencida sem violência, deixando para trás histórias que o ajudarão a crescer com orgulho de seu povo. Espero que possamos amar os inimigos, como Deus nos pede. Mas a guerra não pode ser vencida sem que a olhamos como de fato é, e por aquilo que ela exige de nós neste momento: os adultos, os que já nasceram.
Disponível em: http://www.ihu.unisinos.br/568302-a-guerra-de-trump-contra-o-meio-ambiente-e-uma-guerra-contra-os-jovens-e-nascituros
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