Período quaresmal é tempo para uma consciência ainda maior da vivência da nossa fé, no gesto concreto da esmola, oração e jejum.
Por Geovane Saraiva*
A vivência do batismo, para nós cristãos da Igreja Católica, faz-nos
participantes do sacrifício pascal do Cristo Jesus. Também somos
convencidos de que não devemos prescindir da condição de filhos de Deus e
irmãos uns dos outros, no contentamento de pertença à grande família do
Filho Amado do Pai. Guardemos, na mente e no coração, o tempo da
“Quaresma” com sua força simbólica extraordinária, envolvidos pelo que
existe de mais santo e sagrado, sempre a nos favorecer algo na caminhada
de povo de Deus. Expressa, na verdade, um tempo santo e abençoado
(dias, noites e anos), em que Deus se revela e se manifesta em toda a
sua plenitude, querendo uma única coisa dos cristãos: a vida de fé
abraçada no batismo.
Tempo para uma consciência ainda maior da vivência da nossa fé, no
gesto concreto da esmola, oração e jejum. Que seja um caminho com a
marca da esperança e da salvação, dádiva do céu que nos é oferecida,
agora e por toda a vida. A glória humana e os reinos da terra estão
léguas e léguas distantes do projeto de Jesus. Para nos convencermos
ainda mais, urge beber da água da fonte redentora: a Quaresma de 2017.
Só no indizível mistério do Filho de Deus, que foi tentado pelo diabo no
deserto, mas superou o mal e o egoísmo com todos os seus frutos, é que
bebemos no poço inesgotável, o Livro Sagrado: “Jesus foi conduzido pelo
Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo. Jesus jejuou durante
quarenta dias e quarenta noites e, depois disso, teve fome” (cf. Mt 4,
1-2).
Temos como desafio o espírito da Quaresma, na intimidade com Jesus de
Nazaré, sem esquecer nosso olhar para o mundo contraditório no qual
estamos inseridos, a perceber a presença misteriosa de Deus, com graças
especiais, na vida e no mundo dos seres humanos. Deus nos convida a
contemplar sua face terna e misericordiosa, ao mesmo tempo em que nos
convida a entrarmos na lógica de, com o Filho, prosseguirmos nossa
caminhada para Deus. Não podemos perder de vista sua entrega obediente
ao Pai, no enorme desejo de vivenciá-la, e só mesmo com sua afável
bondade é que podemos percorrer o caminho favorável, o kairós, ou o dia da salvação (cf. 2 Cor 6, 2).
Que o espírito da Quaresma penetre no mais íntimo do nosso ser,
certos de que as tentações de Jesus resumem toda a luta da pessoa humana
contra os poderes do demônio. O Filho Amado andou de lugar em lugar, de
aldeia em aldeia, fazendo o bem a todos no seu peregrinar, na mais
absoluta certeza de que Deus, Nosso Senhor, neste tempo, quer de nós a
graça da conversão do coração. De nossa parte, respondamos, não só com
súplicas e louvores, mas, sobretudo, com um coração grande, aberto e
solidário, livres de preconceitos, intransigências e intolerâncias.
Assim seja!
Quaresma: Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto para ser tentado pelo diabo. (Divulgação)
*Geovani Saraiva é pároco de Santo Afonso, Jornalista,
Registro, 0003721/CE , Vice-Presidente da Previdência Sacerdotal,
integra a Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza -
geovanesaraiva@gmail.com.
Disponível em: http://domtotal.com/noticia/1129247/2017/03/quaresma-tempo-favoravel/
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