Por Neto Lucon
Flávia Diana Paranaguá é uma das modelos trans que aparecem segurando a placa da campanha “Nome Social Eu Uso – Respeite o uso do nome social para travestis, mulheres transexuais e homens trans”, no Rio de Janeiro no último ano. A ação foi motivada depois que ela, de 21 anos, passou por transfobia em um atendimento médico.
Infelizmente um episódio ainda corriqueiro na vida de várias pessoas trans. “Eu morava na Zona Oeste do Rio e este dia passei mal. Procurei a UPA mais próxima para ser atendida e, desde o início do atendimento foi negado o respeito a minha identidade de gênero”, afirma ela ao NLUCON.
Segundo Flávia, a recepcionista se recursou a incluir seu nome social porque “não havia campo” e o “sistema estava desatualizado”. “Pedi que ela falasse com a assistente social da unidade se poderia ao menos colocar o nome social entre parênteses para que no decorrer do atendimento os demais profissionais tivessem ciência da minha identidade e nome social. Ela confirmou a informação e disse que colocaria o nome social entre parênteses”.
Mas nada mudou. Ainda na sala de espera, Flávia foi chamada pelo nome de registro. E ao entrar na sala de atendimento, já foi sendo tratada por “senhor” e pelo nome de registro pelo médico. “Informei a ele que eu sou uma mulher trans, que meu nome social estava ao lado do de registro, entre parênteses e pedi para que me tratasse por aquele nome, por pronomes femininos, respeitando assim minha identidade de gênero”.
VOU TE TRATAR PELO QUE ESTÁ NO DOCUMENTO
Para quem acha que o problema estava resolvido, engana-se. “Ele se recusou fortemente. Disse que me trataria de acordo com as informações contidas no meu documento”. A jovem pediu que ele chamasse a assistente social, que ao chegar na sala teria repetido que o sistema estava desatualizado e deu razão ao médico sobre respeitar a documentação.
Flávia Diana Paranaguá é uma das modelos trans que aparecem segurando a placa da campanha “Nome Social Eu Uso – Respeite o uso do nome social para travestis, mulheres transexuais e homens trans”, no Rio de Janeiro no último ano. A ação foi motivada depois que ela, de 21 anos, passou por transfobia em um atendimento médico.
Infelizmente um episódio ainda corriqueiro na vida de várias pessoas trans. “Eu morava na Zona Oeste do Rio e este dia passei mal. Procurei a UPA mais próxima para ser atendida e, desde o início do atendimento foi negado o respeito a minha identidade de gênero”, afirma ela ao NLUCON.
Segundo Flávia, a recepcionista se recursou a incluir seu nome social porque “não havia campo” e o “sistema estava desatualizado”. “Pedi que ela falasse com a assistente social da unidade se poderia ao menos colocar o nome social entre parênteses para que no decorrer do atendimento os demais profissionais tivessem ciência da minha identidade e nome social. Ela confirmou a informação e disse que colocaria o nome social entre parênteses”.
Mas nada mudou. Ainda na sala de espera, Flávia foi chamada pelo nome de registro. E ao entrar na sala de atendimento, já foi sendo tratada por “senhor” e pelo nome de registro pelo médico. “Informei a ele que eu sou uma mulher trans, que meu nome social estava ao lado do de registro, entre parênteses e pedi para que me tratasse por aquele nome, por pronomes femininos, respeitando assim minha identidade de gênero”.
VOU TE TRATAR PELO QUE ESTÁ NO DOCUMENTO
Para quem acha que o problema estava resolvido, engana-se. “Ele se recusou fortemente. Disse que me trataria de acordo com as informações contidas no meu documento”. A jovem pediu que ele chamasse a assistente social, que ao chegar na sala teria repetido que o sistema estava desatualizado e deu razão ao médico sobre respeitar a documentação.
Assistente sugeriu que médico a tratasse apenas por paciente, mesmo assim ele a chamava por "senhor" |
Flávia afirmou que existem decretos que
obrigam funcionários da rede pública a respeitar o nome social e a
identidade de gênero de travestis e transexuais. Ele disse: “Desconheço
isso, não sei tudo e como desconheço não posso fazer nada”. A assistente
social sugeriu que ele a tratasse por “paciente” e todos concordaram.
“Eu ficava cada vez mais debilitada e ele continuou me tratando por “senhor”, por pronomes masculinos e pelo meu nome de registro”, conta ela, que foi encaminhada para à sala de medicação onde tomou soro.
Ainda na sala, o médico entrou com dois papeis em mãos com o decreto de âmbito federal, marcou um artigo e disse que não era obrigado. “Jogou os papeis no meu colo e disse para eu ler, me informar e conhecer a lei antes de usá-la. E se retirou”. Ela afirma que se sentiu humilhada, inferior, desrespeitada e desvalorizada
DENUNCIA E CAMPANHA
Flávia desabafou pelo Facebook e denunciou o ocorrido no Rio Sem Homofobia. “Entraram em contato comigo da CEDS (Coordenadoria Especial da Diversidade Sexual), através de um amigo do grupo arco-íris. E fizemos a denúncia, abrindo um processo administrativo contra o médico e a assistente social. A CEDS fez uma denúncia na UPA e entrou em contato com a direção”.
Foi após o secretário municipal tomar conhecimento do caso que em conjunto com a CEDS criaram a campanha. Ela diz que o mais importante é que a campanha ajude que isso não aconteça com mais ninguém e que os profissionais tenham conhecimento da obrigatoriedade de respeitar o nome social e a identidade de de gênero de travestis, mulheres transexuais e homens trans. “E que nós não tenhamos medo de procurar unidades de saúde e sermos constrangidas e desrespeitadas”.
“Eu ficava cada vez mais debilitada e ele continuou me tratando por “senhor”, por pronomes masculinos e pelo meu nome de registro”, conta ela, que foi encaminhada para à sala de medicação onde tomou soro.
Ainda na sala, o médico entrou com dois papeis em mãos com o decreto de âmbito federal, marcou um artigo e disse que não era obrigado. “Jogou os papeis no meu colo e disse para eu ler, me informar e conhecer a lei antes de usá-la. E se retirou”. Ela afirma que se sentiu humilhada, inferior, desrespeitada e desvalorizada
DENUNCIA E CAMPANHA
Flávia desabafou pelo Facebook e denunciou o ocorrido no Rio Sem Homofobia. “Entraram em contato comigo da CEDS (Coordenadoria Especial da Diversidade Sexual), através de um amigo do grupo arco-íris. E fizemos a denúncia, abrindo um processo administrativo contra o médico e a assistente social. A CEDS fez uma denúncia na UPA e entrou em contato com a direção”.
Foi após o secretário municipal tomar conhecimento do caso que em conjunto com a CEDS criaram a campanha. Ela diz que o mais importante é que a campanha ajude que isso não aconteça com mais ninguém e que os profissionais tenham conhecimento da obrigatoriedade de respeitar o nome social e a identidade de de gênero de travestis, mulheres transexuais e homens trans. “E que nós não tenhamos medo de procurar unidades de saúde e sermos constrangidas e desrespeitadas”.
A jovem diz que muitas acabam passando pela transfobia por não ter ciência dos seus direitos. “E isso impede que pessoas como o médico e a assistente social que fizeram aquilo achem que vão ficar impunes”. Felizmente, após o episódio ela não sofreu outros constrangimentos transfóbicos.
O processo que moveu ainda está em andamento. “Não devemos deixar de lutar pelos nossos direitos”, finaliza. Na campanha, reforça algo que seria tão simples a ser respeitado na vida de qualquer mulher se não fosse o preconceito: "Prazer, meu nome é Flávia". O prazer é meu, Flávia. Pena que nestas condições de transfobia.
Disponível em: http://www.nlucon.com/2017/03/medico-se-negou-respeitar-minha.html
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