Com 42 anos, Dandara dos Santos era conhecida no bairro onde morava, o Conjunto Ceará, pelo bom humor e prestatividade. Assassinada brutalmente em fevereiro, deixou lembranças alegres em quem a conhecia.
Francisca Ferreira de Vasconcelos, 75, mostra fotos 3x4 da filha Dandara. A família mora no Conjunto Ceará.
Quando subiu na moto que a levaria ao local onde o vídeo de seu
espancamento foi feito, Dandara dos Santos deu tchau e sorriu para quem
estava ao redor. Era 15 de fevereiro último. Naquela rua, no Conjunto
Ceará, ela cresceu, fez amigos, distribuiu favores, cuidou da mãe,
dançou... Dandara era querida e alegre. Até quem nem a conhecia direito
sabia da fama de educada e brincalhona.
“Ela confiava nas
pessoas. Nunca achou que alguém era capaz de fazer isso. Mesmo já tendo
ouvido falar de outros casos de agressão a homossexuais”, conta Marcela
Mota, 30, que, com outros amigos, foi à casa da família da Dandara
ontem para saber se precisavam de alguma coisa. As lembranças
compartilhadas na calçada foram de uma pessoa que adorava dançar, não
sabia dizer não a ninguém, adorava crianças.
ELA CONFIAVA NAS PESSOAS, NUNCA ACHOU QUE ALGUÉM ERA CAPAZ DE FAZER
ISSO. MESMO JÁ TENDO OUVIDO FALAR DE OUTROS CASOS DE AGRESSÃO"
Marcela Mota, 30, amiga da Dandara
“No dia em que ela morreu, a vi no supermercado comprando pão. Ela ia
todas as manhãs, ajudando um senhor ali debaixo”, apontou uma vizinha,
que não quis se identificar. A rotina, na rua de calçamento, era de
beber café e fumar cigarro. Dentro de casa, o canto dela era uma rede em
frente à televisão de imagem ruim.
Família
Dandara tinha 42 anos. De acordo com familiares e amigos, viu-se mulher aos 18 e nunca mais deixou de vestir o que queria: a blusinha, o short curto, a calcinha. E sempre foi vítima da transfobia (discriminação a travestis, transexuais e transgêneros). “Ele foi muito humilhado nessa vida. Eu sabia só de ver a carinha. Jogava verde pra saber o que tinha acontecido e ele sempre caía”, lembrou Francisca Ferreira de Vasconcelos, 75, mãe de Dandara. Para ela, a filha ainda se chamava Clenilson, nome com o qual foi registrada ao nascer.
Dandara foi para São Paulo por volta dos 25 anos e lá morou por uma década. Voltou a Fortaleza e descobriu ter HIV. Bebia, fumava, mas a família não tem conhecimento se usava drogas, ou pelo menos nunca apareceu em casa sob seus efeitos. “Ele tinha muita amizade e ganhava muitas roupas. Vivia de vender o que ganhava”, citou a mãe. O sonho era de montar um salão de beleza e comprar um carro.
Dona Francisca disse que os amigos pagaram o caixão, o ônibus que levou as pessoas ao cemitério e as fotos que ficaram em cima do caixão, que não pôde ficar aberto. “Pra mim, vingança é só Deus. Se Ele achar que a pessoa merece, Ele se vinga por ele e por mim”. E diz, sobre o vídeo que ganhou o mundo: “quando as pessoas viram ele daquele jeito, ele já estava em paz”.
Saiba mais
Na próxima sexta-feira, 10, haverá ato público na Praça Luiza Távora, na Aldeota.
A concentração será às 9 horas e o ato exigirá a criação de políticas públicas voltadas para a população LGBT no Ceará.
Hoje, uma reunião entre a Secretaria da Segurança e a Coordenadoria Especial de Políticas Públicas para LGBTs deverá desenvolver um plano de proteção para as minorias.
Família
Dandara tinha 42 anos. De acordo com familiares e amigos, viu-se mulher aos 18 e nunca mais deixou de vestir o que queria: a blusinha, o short curto, a calcinha. E sempre foi vítima da transfobia (discriminação a travestis, transexuais e transgêneros). “Ele foi muito humilhado nessa vida. Eu sabia só de ver a carinha. Jogava verde pra saber o que tinha acontecido e ele sempre caía”, lembrou Francisca Ferreira de Vasconcelos, 75, mãe de Dandara. Para ela, a filha ainda se chamava Clenilson, nome com o qual foi registrada ao nascer.
Dandara foi para São Paulo por volta dos 25 anos e lá morou por uma década. Voltou a Fortaleza e descobriu ter HIV. Bebia, fumava, mas a família não tem conhecimento se usava drogas, ou pelo menos nunca apareceu em casa sob seus efeitos. “Ele tinha muita amizade e ganhava muitas roupas. Vivia de vender o que ganhava”, citou a mãe. O sonho era de montar um salão de beleza e comprar um carro.
Dona Francisca disse que os amigos pagaram o caixão, o ônibus que levou as pessoas ao cemitério e as fotos que ficaram em cima do caixão, que não pôde ficar aberto. “Pra mim, vingança é só Deus. Se Ele achar que a pessoa merece, Ele se vinga por ele e por mim”. E diz, sobre o vídeo que ganhou o mundo: “quando as pessoas viram ele daquele jeito, ele já estava em paz”.
Saiba mais
Na próxima sexta-feira, 10, haverá ato público na Praça Luiza Távora, na Aldeota.
A concentração será às 9 horas e o ato exigirá a criação de políticas públicas voltadas para a população LGBT no Ceará.
Hoje, uma reunião entre a Secretaria da Segurança e a Coordenadoria Especial de Políticas Públicas para LGBTs deverá desenvolver um plano de proteção para as minorias.
SARA OLIVEIRA
Disponível em: http://www.opovo.com.br/jornal/cotidiano/2017/03/dandara-dos-santos-a-travesti-prestativa-alegre-e-cheia-de-amigos.html
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