José Serra é detestado no PSDB, suportado no governo Temer e se tornou eleitoralmente irrelevante. Tão irrelevante que a última pesquisa CNT sequer o incluiu nas fichas de presidenciáveis. Seu pedido de demissão deve-se aos 4 fatores elencados abaixo.
Joe Biden, ex-vice-presidente dos EUA, em encontro com Michel Temer e José Serra
José Serra é um político à deriva. É detestado no
PSDB, suportado no governo Temer e se tornou eleitoralmente irrelevante.
Tão irrelevante que a última sondagem CNT sequer o incluiu nas fichas
de presidenciáveis.
Seu pedido de demissão deve-se aos seguintes fatores:
1. A irrelevância de sua atuação à frente do Ministério das Relações Exteriores
O insuspeito O Globo relacionou todos os
fatos relevantes da gestão Serra no Ministério das Relações Exteriores
(MRE). Sob o impactante título “As principais passagens de Serra no
MRE”, relacionou os seguintes feitos:
· Defesa do apoio ao governo
· Polêmica com países bolivarianos
· Proximidade com a Argentina
· Passaportes diplomáticos
· E seu grande momento: Homenagem à Chapecoense.
E nada mais havia para se dizer. O cargo, aliás,
comprovou a profunda ignorância de Serra em relação a qualquer tema
contemporâneo. Em uma das áreas mais sensíveis, para a reaproximação com
os Estados Unidos, não logrou nenhum protagonismo. Sua insegurança era
tal que chegou a levar Fernando Henrique Cardoso em um dos primeiros
encontros de confronto do Mercosul, pela incapacidade de desenvolver um
discurso minimamente eficaz.
Na vitrine o MRE, além disso, ficou escancarada sua
baixíssima propensão ao trabalho. Serra é de acordar tarde, dormir
tarde e não tem pique gerencial. Por isso, em cargos executivos acaba
restringindo sua agenda diária a encontros insossos com um ou outro
secretário.
2. Sua irrelevância política
Serra é detestado no PSDB, aturado no PMDB e
descartado no governo Temer. No Palácio, era alvo de piadas e gozações
da troupe de Temer, por impropriedades cometidas, a julgar pelos relatos
do mais assíduo dos comensais, Jorge Bastos Moreno.
Havendo eleições em 2018, o PSDB teria Geraldo Alckmin ou Aécio Neves e Temer—PMDB apostará em Henrique Meirelles.
A volta para o Senado devolve Serra ao seu habitat
natural. Seu maior mérito foi o de sempre ter-se cercado de bons
assessores para as atividades parlamentares.
3. A Lava Jato
Ao longo de sua carreira, Serra sempre amarelou em
momentos graves. Apesar de se dizer defensor de câmbio competitivo,
enquanto Ministro do Planejamento de FHC desapareceu das discussões
públicas. Anos depois, Gustavo Franco confessaria seu espanto com o
baixo nível de informação econômica de Serra.
No governo de São Paulo, as principais crises foram enfrentadas assim:
· Na greve da USP, mandou a Polícia Militar retirar estudantes a cacetada.
· Na greve da Polícia Civil, que cercou o
Palácio Bandeirantes, recuou rapidamente de sua decisão de não receber
grevistas e acabou premiando-os com mais do que as próprias propostas da
categoria.
· Nas enchentes que assolaram o Estado, sumiu.
Não presidiu uma reunião sequer da defesa civil, não veio uma vez sequer
a público comandar os trabalhos do governo. Quando saiu candidato a
presidente, demonstrou não conhecer sequer o conceito de Defesa Civil.
Com as investigações da Lava Jato batendo na sua
porte, o pânico é evidente. Até algum tempo atrás, Serra mantinha em
casa uma coleção de obras de arte capaz de provocar inveja até em ricos
de verdade, como Roberto Civita, dono da Abril. A quebra do sigilo do
fundo de investimento de sua filha Verônica certamente teria um efeito
devastador sobre seu futuro.
No Senado, Serra voltará a ser mais um dentre
muitos – e não um Ministro exposto. E terá tempo para tentar recompor
seus laços com a Polícia Federal e o Ministério Público Federal, que lhe
permitiram, em outros tempos, montar dossiês mortais e ações policiais
contra adversários políticos.
4. A doença
Em praticamente todas as fotos em que aparece, como
chanceler, há a expressão do olhar vazio, da falta de energia,
indicando claramente problemas físicos. Serra alega ter dores na coluna
que o impediriam de efetuar viagens longas. É provável.
Mas padece de outros problemas. Colegas tucanos
apontam para uma depressão continuada. Cenas recentes – dele não sabendo
declinar nomes de países que compõem os BRICs – podem indicar problemas
graves de memória, mas pode ser efeito de medicamentos pesados.
Serra e Temer ao lado de presidente da China
Disponível em: http://www.pragmatismopolitico.com.br/2017/02/os-4-motivos-que-levaram-jose-serra-a-pedir-demissao.html
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