Nas passarelas da alta-costura masculina desde 1980, tendência chega aos guarda-roupas dos homens e enfatiza discussão sobre moda sem gênero.
ESTILO: O baiano Leonardo França, em Salvador: “Acho bonito esteticamente”
A primeira saia usada pelo artista baiano Leonardo França, 36
anos, foi emprestada da mulher. Foi depois de ouvir uma entrevista com
Laerte, cartunista que ganhou manchetes ao expor sua preferência por
vestir modelos femininos. França gostou do estilo e da mensagem que
vestir a peça carregava. “Acho bonito esteticamente e, ao usá-la, tento
expandir o entendimento de ser heterossexual experimentando coisas tidas
como femininas, independentemente se vai coincidir com o que se chama
pretensamente ‘de homem’ ou ‘de mulher’”, afirma. Depois das primeiras
experiências com o traje, até então inusitado, decidiu ele mesmo entrar
em uma loja e comprar sua saia, hoje uma peça usual em seu guarda-roupa.
“Uso também para mostrar ao meu filho de três anos que ele pode
utilizar elementos de vários universos.”
Construção social
Como França, outros homens, famosos e anônimos, têm aderido a essa tendência, que surgiu nas passarelas na década de 1980, em desfiles dos estilistas Jean Paul Gaultier, Giorgio Armani e Kenzo, como explica Astrid Façanha, professora de Moda do Centro Universitário Senac, em São Paulo. Na época restrita aos desfiles, hoje, mais de 30 anos depois, a moda tem ocupado ruas e vitrines, principalmente de marcas que surgem com uma proposta “genderless” (sem gênero). “Ainda que seja uma tendência contemporânea, é interessante perceber que em outras culturas e momentos históricos as saias eram peças masculinas”, afirma o estilista e consultor de moda Dudu Bertholini. Como na Grécia Antiga e no Império Romano, na Índia e na Irlanda dos “kilts”. “Então, se olharmos de um ponto de vista objetivo, a roupa não tem gênero. Nada vai dizer que isso ou aquilo é masculino ou feminino. São construções sociais que criamos ao longo da história.”
A moda pegou - Homens estilosos que já aderiram à tendência
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