Cacique Raoni e outras lideranças do Xingu vieram no último carro da Imperatriz
Foto: Reprodução/Twitter
Quando o samba-enredo deste ano da Imperatriz Leopoldinense foi
anunciado, setores do agronegócio brasileiro articularam uma onda de
ataques à escola. O senador Ronaldo Caiado (DEM) chegou a propor a
abertura de uma CPI para apurar irregularidades na escola, uma apresentadora de televisão defendeu
que os índios deveriam morrer de malária e ser privados de remédios, o
vice-presidente da Federação de Agricultura do Rio Grande do Sul
(Farsul) classificou o tema escolhido como “ignorância histórica e
mistificação”. O incômodo veio com o samba-enredo “Xingu – O clamor que vem da floresta” e alas que criticavam a expansão do agronegócio sobre território indígena.
No início da madrugada desta segunda-feira (27), a escola, terceira a
desfilar na Marquês de Sapucaí, enfrentou na avenida suas críticas.
Durante a semana, porém, a Imperatriz, que no ano passado homenageou a
vida rural, com um enredo sobre a dupla Zezé Di Camargo e Luciano, mudou
o nome de uma das alas mais polêmicas. Retirou “O agricultor e seus
agrotóxicos” para “O uso indevido de agrotóxicos”. Em nota,
a escola também tentou se explicar dizendo que sempre deu espaço à
“diversidade” e lembrando: “a região do Xingu ainda é alvo de disputas e
constantes conflitos. A produção muitas vezes sem controle, as
derrubadas, as queimadas e outros feitos desenfreados em nome do
progresso e do desenvolvimento afetam de forma drástica o meio ambiente e
comprometem o futuro de gerações vindouras”.
O último carro alegórico trouxe Cacique Raoni e outras 16 lideranças
indígenas em destaque. Pouco depois do desfile, em entrevista à Rede
Globo, traduzida por seu neto, Raoni disse que essa “era a primeira vez
que os brancos lembravam de seus parentes”.
Cacique Raoni é um caiapó dos metuquitire. Sua tribo só veio a ter
contato com o homem branco na metade da década de 1950 e aprendeu
português no contato com os irmãos Villas-Bôas, indigenistas que
dedicaram seus estudos ao Xingu. Nos anos 1970 e 1980, Raoni ficou
conhecido mundialmente por sua defesa da região e da Floresta Amazônica.
Ele passou a frequentar encontros com líderes mundiais, como o rei da
Bélgica, Leopold III, e participou de uma turnê, em 17 países, com o
roqueiro Sting, levando a mensagem do Xingu.
Nas redes sociais, a presença de Raoni e outras lideranças do Xingu, emocionaram:
Felipe Milanez
Pessoas maravilhosas! Raoni e Mega! Chorando de emoção!
IMPERATRIZ LEOPOLDINENSE 2017
DESFILE COMPLETO
https://www.youtube.com/watch?v=udDj8ZPpNas
Disponível em: http://www.sul21.com.br/jornal/com-enredo-que-enfrenta-o-agronegocio-cacique-raoni-e-liderancas-indigenas-emocionam-em-desfile-no-carnaval/
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