domingo, 19 de julho de 2015

CAI A MÁSCARA E O REINADO DE EDUARDO CUNHA AO SER DENUNCIADO NA LAVA JATO

Por Daniel Moreira   em 19 de julho de 2015

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Recentemente, publiquei aqui sobre a escalada pelas beiradas de Eduardo Cunha ao poder, que poderia culminar com a implantação do parlamentarismo no Brasil e sua ascensão como chefe de Estado, atingindo seu apogeu.
No entanto, seu reinado parece estar chegando ao fim muito antes de seus objetivos estarem próximos de serem atingidos.
Após ter sido acusado por delator da Lava-Jato e serem confirmadas as suspeitas de recebimento de propina, as virtudes que impulsionavam sua ascensão se esvaíram na mesma velocidade em que o governo ‘permitiu’ sua inclusão formal na lista de acusados.
Seu sangue frio e habilidade retórica, que sustentavam seu poder de articulação e manipulação política e conduziam sua infiltração dentro das instituições brasileiras, se esgotaram antes do previsto.
Depois de ter usado manobras ilegais para a aprovação da nova lei de maioridade penal sem nenhum pudor, mesmo tendo sido processado por políticos de diversos partidos, de PSOL a PSDB, passando pelo PT, Cunha se via acima do bem e do mal.
Em paralelo à série de derrotas impostas de governo, seu nome ia sendo investigado dentro da Operação Lava Jato e sua batata ia assando gradativamente.
Até o ponto em que Cunha ameaçou o governo. Se seu nome fosse incluso na lista dos investigados, ele romperia formalmente com o governo, se tornando oposição e permitindo a instalação de CPIs que atrapalhassem a governabilidade.
E assim foi feito. E a investigação da Lava Jato, que teoricamente ocorre com autonomia e imparcialidade total do governo federal, foi acusada por Cunha de ter sido politicamente manipulada pelo governo, de modo a estar selecionando de acordo com interesses próprios os envolvidos que serão investigados, já que Lula e Dilma por enquanto estão excluídos de investigações maiores.
O ato de descreditar a imparcialidade das investigações foi visto como uma clara tentativa de Cunha de desviar de si o foco das atenções por ter sido acusado por receber pelo menos R$5 milhões em propina.
Cunha que até então, mesmo impondo algumas derrotas ao governo e sendo quase oposição na prática, se colocava apenas como politicamente ‘independente’ do governo.
Com as acusações, mesmo pertencendo ao PMDB, que nas palavras de seu próprio presidente, Michel Temer, não só está na base, como é a base governista, Cunha rompeu oficialmente com o governo e passou a ser oposição.
O partido deixou clara que foi uma decisão pessoal e isolada de Cunha e que ela não  corresponde ao momento em que o país está vivendo, muito delicado para ser jogada ainda mais lenha na fogueira.
O ato foi visto como um claro descontrole, até mesmo pelo seu partido e seus aliados mais próximos. É como um irmão que resolve agredir o outro, ao ser dedurado por roubar dinheiro dos pais. Todo o seu bom senso e articulação política se foi pelo ralo com seu destempero.
As críticas à sua postura que já vinham crescendo dentro do PMDB, agora adquiriram tons mais sérios e sua permanência na presidência da Câmara está sendo vista com maus olhos para a manutenção de um ambiente favorável para a superação das dificuldades no momento de crise.
O medo é que o rompimento de Cunha promova o agravamento de uma crise política para uma crise institucional, tendo sido acusado de irresponsável por membros do DEM ao PT. Indiretamente, encorpando os pedidos de PSOL e PSC pelo abandono do cargo.
Como primeiras atitudes como oposição, Cunha iniciou a instalação de duas CPIs que desestabilizarão o governo, a do BNDES e dos fundos de pensão.
Ambas estavam em sétimo e oitavo na lista de prioridades das CPIs a serem implantadas e foram passadas na frente das outras seis por Cunha, em ato que não surpreende após suas famosas manobras inconstitucionais.
Além disso, Cunha deixou claro que o julgamento das contas do governo pelo TCU, não será técnica como deseja Dilma e o governo, mas sim política. Deixando clara sua intenção de incriminar Dilma por suas pedaladas fiscais e impulsionar os pedidos de impeachment.
Ah, alguns pedidos de impeachment também já começaram a ser desarquivados por Cunha. Impeachment que, até alguns dias atrás, para o próprio deputado era injustificado e feria a democracia brasileira.
Enquanto sua imagem de corrupto e explorador da máquina pública surge clara, agora não mais velada pela máscara de eficiência na liderança de votações, Cunha continua a sangrar o país com os vários recursos que  ainda possui.
Ameaças e intimidações de Cunha ao governo e aos delatores parecem ser insuficientes e assim que for incluído na lista de Janot, seu afastamento é um horizonte bem próximo.
O próprio PSDB que poderia ganhar força agora na oposição com uma aliança com Cunha, está hesitante devido a quantidade de munição que o Ministério Público já possui contra o Presidente da Câmara.
Felizmente o parasita está sendo destruído antes de matar o hospedeiro. Mesmo em estado terminal, o Brasil sobreviverá e Cunha será apenas mais um que passará.
Disponível em: http://www.publikador.com/politica/daniel_biomed/2015/07/cai-a-mascara-e-o-reinado-de-eduardo-cunha-ao-ser-denunciado-na-lava-jato/

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