Um estudante relatou nas redes sociais ter sido vítima de seis homens vestidos de preto que desferiram golpes e ofensas homofóbicas e racistas contra ele, nesta quinta-feira (18).
Após relatos de agressões de um grupo que se identifica como skinhead contra pessoas LGBT no Bairro Benfica, em Fortaleza, nesta quinta-feira (18), o Fórum Cearense LGBT e a Rede Nacional de Advogadas e Advogados Populares (Renap) está formalizando denúncia contra os agressores, que será enviada ao Ministério Público e entidades de Segurança Pública para investigação dos crimes.
Agressão
A jornalista Tamara Lopes estava em um bar na Avenida Treze de Maio
nesta quinta-feira (18) e viu as agressões. Ela conta que o grupo
caminhava pelo bairro encarando de forma “intimidadora” o público do
bar.
“A gente avistou um grupo, apenas uma mulher entre eles, todos vestidos
de preto. Todos os homens tinham em comum a cabeça raspada e eram
fortes, musculosos. Eles passaram encarando a gente, foi muito estranho
porque era muita gente uniformizada e encarando as pessoas no bar.
Depois de um tempo a gente viu três pessoas correndo na rua”, conta a
jornalista.
Entre as pessoas que Tamara viu correndo estaria o jovem que relatou
agressão contra ele nas redes sociais. “Vimos um amontoado desses homens
chutando alguém”, afirma Tamara.
A agressão ocorreu nas proximidades da Praça da Gentilândia, em frente a
um posto de gasolina, segundo a jornalista. “Foi tenso porque aconteceu
isso e depois eles saíram como se nada tivesse acontecido, como se o
que eles fizeram fosse a coisa mais normal do mundo”, comenta Tamara.
De acordo com ela, a cena foi “amedrontadora”. “Ainda tô muito nervosa
com isso, a gente vive numa bolha e pensa que essas coisas não acontecem
perto da gente, mas acontecem e foi uma situação muito tensa. Foi
difícil assistir aquilo e pensar que poderia ter sido eu ou qualquer um
que estava por lá.”
Ari Areia, membro do Fórum Cearense LGBT ‒ organização que reúne
diversos sujeitos políticos e coletivos da sociedade civil pelos
direitos LGBT ‒ confirma o recebimento da denúncia.
'Permanecer na rua'
Renap e Fórum estão reunindo provas contra o grupo de skinheads, e todo
o material vai ser enviado ao Ministério Público e às entidades de
Segurança Pública. “Há uma série de entidades em movimento apoiando e se
somando nessa luta por segurança pública e política de direitos humanos
na cidade”, afirma Luanna Marley, advogada e membro da Renap.
Diante do episódio, Ari Areia defende que as autoridades apresentem uma
resposta para preservar a tranquilidade das pessoas e a sociedade civil
se articule para continuar garantindo o direito de estar na rua. “A
gente não pode entrar nesse jogo. Temos que permanecer na rua com nossas
cores, nossos beijos, para que eles recuem.”
O ativista espera o comprometimento das autoridades com o caso. "Se não
coibir agora, vai gerar uma situação de tensão complicada. Precisamos
saber quem são eles e responsabilizar essas pessoas porque o que estão
fazendo é crime e apologia a crimes.”
Nas redes sociais, integrantes do grupo skinhead compartilham mensagens
de cunho nacionalista e cartazes com negação a símbolos da consciência
negra, do comunismo, do anarquismo, e às drogas.
A advogada Luanna Marley acredita que esses grupos ganharam força nos
últimos tempos por conta de um cenário de 'conservadorismo que vem
avançando'. “Isso impacta a sociedade e acaba fortalecendo grupos como
esse que promovem violência, e venham a mostrar a cara, agredir pessoas
sem nenhuma explicação, motivados especificamente pelo ódio,
intolerância e sede de extermínio do outro”, acrescenta.
Disponível em: https://g1.globo.com/ce/ceara/noticia/forum-e-advogados-preparam-denuncia-contra-skinheads-que-atacaram-estudante-em-fortaleza.ghtml
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