O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), cinicamente
afirmou que a proposta de reforma trabalhista
enviada pelo governo golpista de Michel Temer ao Congresso é "tímida" e
deve ser aprofundada pelos parlamentares.
As disputas entre o Legislativo e o Executivo seguem o curso de cada
um dos ajustes contra a população trabalhadora. O conflito parece se dar
a respeito de quem consegue aplicar o golpe mais duro em cada área,
certamente com vistas às eleições de 2018, e anteriormente a isso, a
posicionamentos de brigas de poder nos bastidores entre os partidos que
foram a base do golpe institucional.
Maia, do DEM, atacou duas frentes. Criticou os escassos aspectos
progressistas da CLT como "antiquados", mas não aceitou a "timidez" das
reformas draconianas apresentadas por Temer, que se resumem a
destruí-la.
Acariciando o ego da patronal de norte a sul, Maia, ao criticar a
legislação trabalhista vigente que segundo ele, "gerou desemprego e
insegurança para os empregadores", também disse que os juízes do
Trabalho vêm tomando decisões "irresponsáveis".
Segundo o presidente da Câmara, tais decisões "quebraram", por
exemplo, "o sistema de hotel, bar e restaurantes no Rio de Janeiro" e,
em sua opinião, a Justiça do Trabalho "não deveria nem existir".
"Vamos votar a modernização das leis trabalhistas propostas pelo
governo e achamos que a proposta do governo é tímida, apesar de o
governo tentar nos convencer a votar o texto que veio do governo, eu
acho que não, acho que precisamos avançar. Acho que há um consenso da
sociedade que esse processo de proteção [do trabalhador] gerou
desemprego, gerou insegurança e dificuldades pros empregos brasileiros.
Acho que precisamos ter a coragem de dizer isso", defendeu Maia.
"O excesso de regras no mercado de trabalho não gerou nada no
Brasil e os juízes tomando decisões das mais irresponsáveis, quebraram o
sistema de hotel, bar e restaurantes no Rio de Janeiro. O setor de
serviço e de alimentação quebrou pela irresponsabilidade da Justiça do
Trabalho no Rio de Janeiro. [...] Foi quebrando todo mundo pela
irresponsabilidade da Justiça brasileira, da Justiça do Trabalho, que
não deveria nem existir", complementou.
Diga-se de passagem que não se sabe a que "Justiça do Trabalho" inimiga dos patrões o cínico presidente da Câmara se refere. Basta dizer que o presidente do TST (Tribunal Superior do Trabalho) é ninguém menos que o obscurantista Ives Gandra Martins, um inimigo jurado dos direitos da classe trabalhadora e defensor público da terceirização generalizada do trabalho.
O próprio STF, através dos ministros Luís Roberto Barroso e Gilmar Mendes, apressaram o que puderam da reforma trabalhista na Justiça,
antes que pudesse chegar no Congresso, adiantando precedentes que
impedem diversas categorias do serviço público a fazerem greve.
Tanto assim, que Temer chegou a dizer publicamente que “provavelmente
não precisaria enviar a reforma trabalhista ao Congresso, e evitar o
desgaste dos deputados”, já que o STF estava “na prática implementando a
reforma da CLT. Este plano do governo golpista, inspirado na reforma trabalhista alemã,
prevê a flexibilização de todos os direitos trabalhistas, a
terceirização universal, contratos de trabalho por produtividade,
“mini-jobs” (contratos precários de meio-período) e a extensão da
jornada de trabalho para 12h.
Ao final da declaração, durante entrevista em Brasília, o presidente
da Câmara disse ainda que Temer "não vai gostar" das eventuais
alterações que os deputados fizerem no projeto original de reforma
trabalhista. "Mas a Câmara precisa dar um passo além naquilo que está
colocado no texto do governo", concluiu.
Estas disputas não podem trazer nada de vantajoso aos trabalhadores.
Cada agente de poder busca mostrar melhor serviço à patronal brasileira e
estrangeira, inventando lendas e mitos os mais espantosos sobre um
suposto "privilégio indevido" dos trabalhadores brasileiros. Uma mentira
desavergonhada, desmentida até mesmo pelos organismos mundiais do
imperialismo.
Além de 13 milhões de trabalhadores amargarem a situação da
terceirização e da rotatividade do trabalho no Brasil - situação
construída pelos governos do PT e aprofundada por Temer - pesquisas mostram que o salário médio dos brasileiros se tornou menor que os da China:
de 2005 a 2016, o salário médio de um trabalhador industrial chinês
montou 3,6 dólares a hora, enquanto o salário brasileiro, nas mesmas
condições, é de 2,7 dólares a hora. Os salários chineses são maiores do
que os de todos os países da América Latina, exceto o Chile.
Os únicos privilegiados são os próprios congressistas e juízes, que
recebem fortunas e inúmeras mordomias para viverem e legislarem para os
capitalistas. De fato, o Congresso brasileiro é um dos mais caros do
mundo, e nosso judiciário é o mais rico da terra: consome 1,3% do PIB nacional. Tudo para votar ajustes contra nós trabalhadores e jovens.
Somente os métodos da luta de classes dos trabalhadores, unificando
suas fileiras numa frente única contra os ataques dos três poderes dessa
república dos capitalistas, em unidade com a juventude, poderá
organizar a resistência contra os ataques de Temer. A marcha de mulheres
neste #8M, que em São Paulo unificou os professores da rede municipal e
estadual apesar do impedimento das burocracias sindicais, mostrou que
há revolta suficiente e desejo de batalhar em comum. É preciso seguir
exigindo que a CUT e a CTB cessem sua paralisia e convoquem uma um plano
de luta permanente e unificado, em base a assembléias democráticas nos
locais de trabalho. Esta experiência de autoorganização para o combate
ajuda os trabalhadores e o povo a verem a necessidade de superar esta
democracia dos ricos, lutando por um governo dos trabalhadores que rompa
com o capitalismo.
Disponível em: http://esquerdadiario.com.br/O-odio-de-Rodrigo-Maia-contra-os-trabalhadores-direitos-trabalhistas-atrapalham-os-patroes
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