Mulheres e meninas representam 71% dos escravos. Uma a cada quatro vítimas da escravidão moderna é criança.
Trabalhadores em situação de escravidão
resgatados no Pará
A recente revelação da venda de migrantes africanos na Líbia
não é um caso isolado: mais de 40 milhões de pessoas no mundo, incluindo
um quarto de crianças, vivem atualmente em regime de escravidão, segundo um estudo conduzido em 2016.
A noção de escravidão moderna engloba o trabalho forçado,
que afeta 25 milhões de pessoas, e o casamento forçado (15 milhões). Mas
esses números são, sem dúvidas, subestimados, ressaltam a Organização
Mundial do Trabalho (OIT), a Organização Internacional para as Migrações
(OIM) e o grupo de defesa dos direitos humanos Walk free Foundation que
realizaram o estudo em conjunto.
Trabalho forçado
Cerca de 25 milhões de pessoas são trabalhadores forçados,
principalmente em casas particulares (um quarto), mas também em
fábricas, em construções, nos campos.
estudo cita o exemplo de 600 pescadores retidos em barcos em
águas indonésias durante muitos anos. Mais da metade desses escravos
ficam detidos em razão de dívidas. Mas também podem ser ligados a seus
algozes porque são viciados, mal pagos, abusados fisicamente ou
simplesmente porque estão muito longe de casa para fugir.
Entre os trabalhadores forçados, cerca de 5 milhões de
pessoas são forçadas a se prostituir e um pouco mais de 4 milhões são
vítimas de trabalho imposto pelo país (trabalho obrigatório na prisão,
abuso de recrutamento...)
Mulheres e meninas
Mulheres e meninas representam 71% dos escravos, o que
representa quase 29 milhões de pessoas. Uma a cada quatro vítimas da
escravidão moderna é criança, cerca de 10 milhões de indivíduos.
Cerca de 15,4 milhões de pessoas são casadas contra sua
vontade. Mais de um terço são menores de 18 anos e, nesses casos, são
quase todas mulheres. Esta forma de escravidão é especialmente
prevalente na África e na Ásia.
Além disso, as mulheres representam 99% das vítimas do trabalho forçado na prostituição.
Ásia
Cerca de 62% dos casos de "escravidão moderna" foram
revelados na Ásia e no Pacífico. Esta região é a primeira em número de
vítimas, seja por exploração sexual (73%) ou casamentos forçados (55%).
Mas é na África que os casamentos forçados são mais
frequentes, 4,8 para cada 1.000 pessoas, ou seja duas vezes mais que a
frequência mundial (2,1 por 1.000).
Os migrantes
"Vários estudos estabeleceram claramente ligações entre
migrações e o tráfico de seres humanos", ressalta este estudo, que evoca
as rotas percorridas pelos migrantes.
Três-quartos dos migrantes entrevistados em 2017 na rota
entre a Líbia e a Europa, pela Organização Internacional para as
Migrações (OIM), disseram que foram vítimas de abusos compatíveis com
tráfico humano.
"Os clandestinos, suscetíveis de serem vítimas de agressões,
extorsões, abusos sexuais, podem, no início do percurso, decidir
voluntariamente se colocam suas vidas nas mãos de traficantes", aponta o
estudo da OIT.
© Agence France-Presse
Disponível em: https://www.cartacapital.com.br/diversidade/existem-mais-de-40-milhoes-de-escravos-no-mundo
Nenhum comentário:
Postar um comentário