Movimentos da região afirmam que acampamento estava sendo alvo de mandado de reintegração de posse.
Lilian Campelo Brasil de Fato | Belém (PA)
Informações preliminares dão conta que ainda há 14 pessoas feridas durante ação policial
Marcelo Casal Jr. / Agência Brasil
Nove homens e uma mulher foram mortos em um acampamento na fazenda
Santa Lúcia, localizada no município de Pau D’Arco, a cerca de 60 km da
cidade de Redenção, sudeste do Pará, nesta quarta-feira (24). As mortes
ocorreram em função de uma ação das Polícias Civil e Militar
De acordo com Andreia Silvério, advogada da Comissão Pastoral da Terra (CPT), em Marabá (PA), as informações ainda são poucas, mas ela aponta que a ação policial contra os trabalhadores rurias ocorreu durante um processo de reintegração de posse da fazenda.
De acordo com Andreia Silvério, advogada da Comissão Pastoral da Terra (CPT), em Marabá (PA), as informações ainda são poucas, mas ela aponta que a ação policial contra os trabalhadores rurias ocorreu durante um processo de reintegração de posse da fazenda.
"Nós só sabemos que a circunstância foi a de uma reintegração de
posse, a qual, ao contrário das orientações do Tribunal de Justiça e da
Ouvidoria Agrária Nacional, que dizem que quem deve cumprir as
reintegrações de posse é o comando da PM [Polícia Militar] – do batalhão
especial, que fica em Belém –, o juiz determinou que a polícia local
cumprisse a ordem".
De acordo com o integrante da Liga dos Camponeses Pobres
(LCP-PA) Paulo Oliveira, entre os mortos está a presidenta da Associação
dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Pau D’Arco, além de outras
14 pessoas que foram baleadas. Ele destaca ainda que a fazenda Santa
Lúcia foi grilada e pertence à família Babinsk.
"São terras públicas que eles [Babinsk] grilaram. As famílias
entraram e foram despejadas de forma violenta, e tentaram retornar
agora, mas tinha um mandado de despejo e aconteceu esse episódio",
afirma.
Integrantes da CPT estão se dirigindo até a cidade onde aconteceram as mortes para acompanhar o caso.
Outra versão
Em nota, a Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social
(Segup) afirmou que a ação policial não se tratava de uma reintegração
de posse e sim do "cumprimento de 16 mandados judiciais (prisão
preventiva, temporária e buscas e apreensões)".
Ainda segundo o texto, policiais do Comando de Missões Especiais da
Polícia Militar e policiais civis de Belém estão se dirigindo para
Redenção. A Corregedoria das Polícias Civil e Militar também estão
à caminho de Redenção "para intensificar as investigações e reforçar a
segurança".
A Segup afirma que ainda serão divulgados os nomes das vítimas. Os
corpos serão analisados pelos Centro de Perícias Renato Chaves, que
"está auxiliando na identificação dos corpos e encaminhamento para os
procedimentos de necrópsia para posterior liberação aos familiares".
Massacre no campo
O ano de 2017 tem sido de massacre no campo brasileiro. Antes da
chacina desta quarta-feira (24), a CPT já havia mapeado 26 assassinatos
decorrentes de conflitos. Em 2016 a violência no campo já bateu recorde:
forma 61 assassinatos, 22% no comparativo com o ano anterior e o maior
número desde 2003, quando foram registrados 73 homicídios.
Ainda de acordo com os dados da CPT, no ano anterior foram
registradas seis mortes no Pará. Com o massacre de Pau D’arco, o número
de mortes no estado chega a 17.
Edição: Vivian Fernandes
Disponível em: https://www.brasildefato.com.br/2017/05/24/dez-camponeses-sao-assassinados-no-para-presidenta-do-sindicato-e-uma-das-vitimas/
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