Crianças e adolescentes devem ser incluídas como agentes ativos nas
soluções para os problemas relacionados à segurança pública. É o que
defende a pesquisadora Karina Lira, da ONG Visão Mundial e uma das
coordenadoras da pesquisa "O que pensam as crianças? Uma consulta sobre a
violência a partir da percepção de crianças e adolescentes". O estudo,
realizado pela ONG entre 2015 e 2016 em parceria com o Instituto
Igarapé, foi apresentado hoje em Fortaleza em uma audiência pública
promovida pela Comissão de Infância e Adolescência da Assembleia
Legislativa do Estado do Ceará (ALCE) a partir de requerimento do
mandato É Tempo de Resistência, do deputado estadual Renato Roseno
(PSol).
“Eles (crianças e adolescentes) são parte dessa solução, precisam ser
sujeitos ativos no combate à violência, precisam ser parte da tomada de
decisões que envolve a vida deles”, defendeu Karina. Segundo a
pesquisadora, há no Brasil uma subnotificação da violência
intrafamiliar, bem como aquela cometida nas escolas e nas comunidades, o
que aponta para a necessidade de fortalecimento da rede de atendimento à
crianças e adolescentes.
Durante a realização da pesquisa, foram entrevistadas mais de 1400
crianças e adolescentes em oito estados do país. Entre outros dados
dramáticos, o estudo revelou que seis em cada 10 entrevistados disseram
que já foram agredidos fisicamente quando fizeram algo errado em casa;
25% já presenciaram pessoas que se agridem dentro de casa e 40% convivem
com violências verbais em suas residências. “É preciso pensar uma
contracultura da violência: uma cultura de cuidado”, afirmou Karina.
Estiveram na mesa de de discussões, além de Karina, Dra. Luiza
Lafitte, da rede estadual da 1ª infância; Rui Aguiar, do Fundo das
Nações Unidas para a Infância (UNICEF); Mara Carneiro, do Fórum de
entidades de defesa dos direitos das crianças e adolescentes (Fórum
DCA); Dra. Shirley Braga, da Secretaria de Assistência Social de
Horizonte; Reginaldo Cavalcante Domingos, Secretário de Educação de
Horizonte; Rosa Almeida, presidente da Associação para o Desenvolvimento
dos Municípios do Ceará; e Dra. Érica Araújo, representante da
Secretaria municipal de desenvolvimento social (SETRA). A audiência foi
presidida pelo deputado Renato Roseno. Representantes de diversas organizações da sociedade civil e de conselhos tutelares também estiveram presentes.
Disponível em: http://www.renatoroseno.com.br/noticias/Karina-Lira-pesquisa-visao-mundial-audiencia-publica
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