Lucas 18, 1-8
Os cristãos e as cristãs para os quais Lucas
escreveu seu evangelho não estavam muito acostumados a rezar, quem sabe
por que a maioria deles eram pagãos recém convertidos. Mas hoje não é
diferente, às vezes só nos recordamos de santa Bárbara, quando ouvimos o
troar da tormenta, não é mesmo? O evangelista são Lucas se esforçou por
inculcar-lhes a importância da oração: apresentou-lhes a Isabel, Maria,
os anjos, Zacarias, Simeão, pronunciando as mais diversas formas de
louvor e ação de graças; e, sobretudo, a Jesus retirando-se, sozinho,
para rezar em todos os momentos importantes de sua vida e louvando ao
Pai.
O começo do evangelho deste domingo (Lucas 18,1-8) parece formar parte da mesma tendência: “Naquele tempo, Jesus, para explicar a seus discípulos como tinham que orar sempre sem desanimar, lhes propôs esta parábola”. No entanto, no final nos deparamos com uma grande surpresa. O acento se desloca ao tema da justiça, a uma comunidade angustiada que pede a Deus que a salve. Não se trata de pedir qualquer coisa, ainda que seja boa, nem de louvar ou agradecer. É a oração que se realiza no meio de uma crise muito grave.
Algumas datas do primeiro século nos poderão ajudar a elucidar o texto:
Ano 62: Assassinato de são Tiago. “Irmão do Senhor” e líder da igreja de Jerusalém.
Ano 64: Nero incendeia Roma. Culpa aos cristãos e mais tarde tem uma perseguição na que morrem mártires, entre outros muitos, segundo a tradição, são Pedro e são Paulo.
Ano 66: os judeus se rebelam contra Roma. A comunidade cristã de Jerusalém, discordando da rebelião e da guerra, foge para Pela.
Ano 70: os romanos conquistam Jerusalém o destroem o Templo, os judeu sobreviventes são vendidos como escravos..
Anos 81: sobe ao trono Domiciano, que persegue cruelmente aos cristãos e promulga a seguinte lei: “Que nenhum cristão, uma vez trazido ante um tribunal, fique isento de castigo, a não ser que renuncie a sua religião”.
Neste contexto de angústia e perseguição se explica muito bem que a comunidade grite a Deus dia e noite, e que a parábola prometa que Deus lhe fará justiça frente às injustiças de seus perseguidores.
No entanto, Lucas termina com uma frase desconcertante: “Porém, quando venha o Filho do homem, encontrará esta fé na terra?”, (algumas traduções trazem: “alguma fé sobre a terra?”).
Por que esta referência no momento final da história, que parece fora de lugar? Para compreendê-la convém ler o longo discurso de Jesus que Lucas coloca imediatamente antes da parábola da viúva e o mau juiz (Lc 17,20-37). Algumas passagens desse discurso parecem escritos tendo em conta o ocorrido no ano 79, quando o Vesúvio entrou em erupção arrasando as cidades de Pompéia e Herculano. Muitos cristãos puderam ver este fato como um sinal precursor do fim do mundo e da volta de Jesus. Esse mesmo tema apresenta Lucas no fim da parábola para relacionar a oração em meio das perseguições com a segunda vinda de Jesus.
O tema da volta do Senhor é essencial para entender o evangelho de Lucas, ainda que acentue que ninguém sabe o dia nem a hora, e que é absurdo perder-se em cálculos inúteis.
O importante é que o cristão e a cristã não percam de vista o futuro, a meta final da história, que culminará com a volta de Jesus e o final das perseguições injustas.
Mas o que, e à que, quer nos convidar o Evangelho quando termina desafiando-nos: “Porém, quando venha o Filho do homem, encontrará esta fé na terra?”
Que nossa fé não se limite a uma reza de cinco minutos ou a um comentário (como este,) no face book, mas sim que nos impulsione a clamar por justiça, a Deus, dia e noite.
O começo do evangelho deste domingo (Lucas 18,1-8) parece formar parte da mesma tendência: “Naquele tempo, Jesus, para explicar a seus discípulos como tinham que orar sempre sem desanimar, lhes propôs esta parábola”. No entanto, no final nos deparamos com uma grande surpresa. O acento se desloca ao tema da justiça, a uma comunidade angustiada que pede a Deus que a salve. Não se trata de pedir qualquer coisa, ainda que seja boa, nem de louvar ou agradecer. É a oração que se realiza no meio de uma crise muito grave.
Algumas datas do primeiro século nos poderão ajudar a elucidar o texto:
Ano 62: Assassinato de são Tiago. “Irmão do Senhor” e líder da igreja de Jerusalém.
Ano 64: Nero incendeia Roma. Culpa aos cristãos e mais tarde tem uma perseguição na que morrem mártires, entre outros muitos, segundo a tradição, são Pedro e são Paulo.
Ano 66: os judeus se rebelam contra Roma. A comunidade cristã de Jerusalém, discordando da rebelião e da guerra, foge para Pela.
Ano 70: os romanos conquistam Jerusalém o destroem o Templo, os judeu sobreviventes são vendidos como escravos..
Anos 81: sobe ao trono Domiciano, que persegue cruelmente aos cristãos e promulga a seguinte lei: “Que nenhum cristão, uma vez trazido ante um tribunal, fique isento de castigo, a não ser que renuncie a sua religião”.
Neste contexto de angústia e perseguição se explica muito bem que a comunidade grite a Deus dia e noite, e que a parábola prometa que Deus lhe fará justiça frente às injustiças de seus perseguidores.
No entanto, Lucas termina com uma frase desconcertante: “Porém, quando venha o Filho do homem, encontrará esta fé na terra?”, (algumas traduções trazem: “alguma fé sobre a terra?”).
Por que esta referência no momento final da história, que parece fora de lugar? Para compreendê-la convém ler o longo discurso de Jesus que Lucas coloca imediatamente antes da parábola da viúva e o mau juiz (Lc 17,20-37). Algumas passagens desse discurso parecem escritos tendo em conta o ocorrido no ano 79, quando o Vesúvio entrou em erupção arrasando as cidades de Pompéia e Herculano. Muitos cristãos puderam ver este fato como um sinal precursor do fim do mundo e da volta de Jesus. Esse mesmo tema apresenta Lucas no fim da parábola para relacionar a oração em meio das perseguições com a segunda vinda de Jesus.
O tema da volta do Senhor é essencial para entender o evangelho de Lucas, ainda que acentue que ninguém sabe o dia nem a hora, e que é absurdo perder-se em cálculos inúteis.
O importante é que o cristão e a cristã não percam de vista o futuro, a meta final da história, que culminará com a volta de Jesus e o final das perseguições injustas.
Mas o que, e à que, quer nos convidar o Evangelho quando termina desafiando-nos: “Porém, quando venha o Filho do homem, encontrará esta fé na terra?”
Que nossa fé não se limite a uma reza de cinco minutos ou a um comentário (como este,) no face book, mas sim que nos impulsione a clamar por justiça, a Deus, dia e noite.
Dom Abade Antônio
Mosteiro Domus Mariae
Disponível em: https://www.facebook.com/peantonio.piber/posts/1084323985015857
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